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Cabixi, Paraíso das Águas, um lugar em Rondônia que poucos conhecem; artigo do professor e historiador Emmanoel Gomes

Em meus próximos artigos, gostaria de apresentar além dos textos sobre história, algumas localidades da Amazônia e do Estado de Rondônia que a maioria das pessoas desconhecem.

cabixi[dropcap]E[/dropcap]u tenho uma relação muito forte com a cultura, natureza e história da região. Tive a oportunidade de conhecer lugares fantásticos desta parte do Brasil, em minha humilde opinião, realmente vivemos em uma localidade muito especial, com dezenas de atrativos, porém, possuímos de forma muito enraizada a síndrome do colonizado, que é aquele hábito de crer que as coisas boas estão em outros lugares, a melhor comida é o do vizinho e assim vai.

Por algum tempo, tenho defendido, por exemplo, a idéia de que Porto Velho é um local onde a sua musicalidade pulsa em ritmos diferentes, com muita qualidade.

Defendo que a manifestação do Pop e Música Popular Brasileira e Amazônica é executada em quantidade e qualidade que destoam de outras capitais onde o ritmo e música vivem outro contexto.

Através do meu olhar e sentimentos construídos em uma militância que possui mais de vinte anos envolvido com a cultura em Rondônia, gostaria de convidar a todos que gostam da Amazônia a conhecerem nossas riquezas culturais, turísticas, geográficas e, principalmente, as pessoas que habitam os municípios que serão comentados.

Vou começar pelo sul do Estado de Rondônia, Cabixi, a terra vermelha carregada de paz e tranquilidade. Ao chegar a Cabixi é esse o primeiro sentimento que surgiu em mim, sentimento comum também nas pessoas simples e acolhedoras que habitam as margens dos rios da região, os Rios Cabixi, Piolho e Guaporé.

Cabixi é um município pequeno, com menos de dez mil habitantes na zona urbana, está localizado no cone sul do Estado, é vizinho de Pimenteiras, Colorado do Oeste, Cerejeiras, Mato Grosso e a República da Bolívia.

Sua população é marcadamente sulista, o Vanerão, Churrasco, Polenta, Pão cuca e Chimarrão, ditam a cultura e a culinária local.

Em Rondônia, o município faz parte da microrregião VIII, composta por: Colorado do Oeste, Cabixi, Cerejeiras, Pimenteiras do Oeste e Corumbiara.

Cheguei menino na região, em 1978, integrando o movimento migratório que havia sido motivado pela Ditadura Militar 1964-1985.

Tive a oportunidade de conhecê-lo em seu início quando suas florestas estavam completamente intactas, minha mãe, dona Terezinha, minha irmã, a Bethe da Auto Escola, e meu querido cunhado Cláudio, que é o Comandante local da PM, residem lá e me aguardam nos feriados prolongados promovendo recepções que me provocam profunda felicidade, ao me distanciar fica uma saudade imensa.

A emancipação de Cabixi ocorreu em 1988, antes, era distrito de Colorado do Oeste. Sua história começou a ser construída no período colonial, quando os primeiros sertanistas, droguistas e bandeirantes se aventuraram pelos rios: Guaporé, Cabixi, Escondido, Corumbiara e Piolho.

Sendo que o rio Piolho abrigou durante parte do período colonial um dos mais importantes quilombos brasileiros, o quilombo do Piolho que foi liderado por João Piolho e mais tarde, com a sua morte, por sua mulher, Tereza de Benguela, que ficou conhecida como a Rainha negra do Vale do Guaporé.

Uma mulher na direção de um quilombo é algo impressionante.

A localidade foi, também, uma importante produtora de Borracha. Um dos seus fundadores o Chico Soldado, junto a outras famílias tradicionais como a do Benedito, do Charles, entre outras, trabalhavam no fim da década de setenta nos seringais as margens dos rios.

Hoje em dia, a economia está voltada para a pecuária, produção de soja e outros cereais.

Muitos consideram a região como uma das mais promissoras na área do turismo, pois o município é localizado no Vale do Guaporé em um local muito agradável excelente para a prática da pesca.

Quando visito o município, minha primeira parada é na linha oito, no alto da serra, onde encosto o carro para contemplar a paisagem, a mais bela do Estado, a impressão que fica é de estarmos no topo do mundo, a vista alcança dezenas de quilômetros.

Um clima agradável se junta à bela paisagem alcançando uma infinita planície, somente rompida pela serra da Bolívia que é uma manifestação dos Andes, localizada na fronteira com o Brasil.

O município é completamente plano, a exceção é o morro no qual a Companhia de Águas e Esgoto de Rondônia CAERD, construiu a caixa de abastecimento de água. Lá construíram uma espécie de mirante, do alto podemos contemplar todo o município, uma vista onde a simpática cidade se apresenta de forma convidativa, simplória e agradável.

As pessoas são muito atenciosas e receptivas, o clima é realmente bom, o cheiro gostoso de cidade rural permite a construção de um sentimento mais amigável e fraterno.

Nas proximidades, ficam alguns balneários encantadores, únicos no Estado, a Nascente Azul, do amigo Boca, que com sua família promovem um atendimento acolhedor, conta com três piscinas de água corrente mineral, um grande reservatório onde se localizam as nascentes e um rio com roda d’água, uma boa estrutura de bar restaurante e churrasqueiras próximas às piscinas. Um pouco adiante, cerca de quatro quilômetros da cidade encontramos o balneário do amigo Paulinho Tomazelle, simplesmente maravilhoso, um lago gigantesco onde a água é transparente, ótimo para práticas de jet-ski, mergulho, natação e outros esportes. Uma piscina enorme, com água corrente que é um presente aos olhos, a tudo isso, some um ótimo atendimento, cerveja gelada e uma cozinha que oferece petiscos com excelente sabor.

O Paulinho Tomazelle é um cara culto, músico, fã de Música Popular Brasileira e Rock das décadas de sessenta, setenta e oitenta. Ótimas conversas se seguem quando consigo tirá-lo do balcão do bar do balneário. Sua família é um exemplo, muito conceituada na região.

E ainda não acabou. Quase ninguém conhece a cachoeira da linha oito, rumo Escondido, são três grandes quedas d’águas que formam degraus, cada um com mais ou menos quatro metros de altura, águas claras de temperatura agradável, ótimo para encontros e acampamentos, uma pintura para os olhos.

Emmanoel-Gomes-ArtigosPor fim, o indescritível Vale do Guaporé, a fronteira azul, onde encontramos a vila da Neide, a pousada do Jori, o recanto da traíra e outras belas localidades.

É difícil descrever o Vale do Guaporé, ele compõe uma das maiores bacias pesqueiras da Amazônia, possui uma infinidade de espécies nativas de peixes, ele é mágico e sedutor, berço maior de nossa história, cultura, lendas e mitos.

Em frente ao pesqueiro da Neide, como ficou conhecida a localidade, contemplamos além do rio, a grande muralha que separa o Brasil e a Bolívia, bem nos pés da grande muralha enxergamos as três torres, três formações rochosas que se destacam em meio a densa floresta preservada.

Visite, conheça e viva esse Estado. Ele é de todos nós, é único e está ao nosso alcance, promovendo a Amazônia, nossa gente, nossa cultura e nossa rica história.

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