Após a independência do Brasil ocorrida no sete de setembro de 1822, tivemos o surgimento de uma movimentada atividade econômica na Amazônia, foi o I Ciclo da Borracha, que ocorreu entre os anos de 1870 e 1912.
[pullquote]Na Segunda Revolução Industrial apareceram novas formas de combustíveis que vieram a substituir o carvão. Surgiu o automóvel, o motor a combustão, o telefone, a lâmpada elétrica e descobriram o petróleo, que terá um papel cada vez mais importante no cenário econômico internacional.[/pullquote]
[dropcap]N[/dropcap]este período a Amazônia passou a fazer parte do cenário econômico mundial com muito mais contundência, pois com o desenvolvimento da indústria internacional no que se convencionou chamar de II Revolução Industrial, ocorrido em meados do século XIX, a borracha, Hevea brasiliensis, passou a ter uma importância maior, por se tratar de uma matéria prima de grande utilidade para a indústria nascente.
As grandes potências econômicas vão atuar nesta parte do planeta com muita força, interessadas nesta importante matéria prima encontrada aqui com muita facilidade: a borracha.
No período, os governos Brasileiros, estavam completamente voltados para os interesses dos cafeicultores do sudeste, pois o principal produto, carro chefe da economia brasileira era o café. Tanto o governante do II Reinado (1940 – 1989), quanto os governos da república velha (1889 – 1930), tinham seus olhos fechados para as demais regiões brasileiras. Poucas foram as ações desses governos para as demais regiões.
Para que ocorresse a busca pela Hevea brasiliensis, pesquisas e estudos foram desenvolvidos, e se destacaram entre os estudiosos:
Charles Goodyear, inventor norte-americano nascido em New Haven Conn, criador do processo de vulcanização da borracha (1839) que popularizou o uso comercial desse material. Começou a carreira dele como um sócio do pai, mas o negócio faliu (1830). Ele ficou interessado então em descobrir um método de tratar a borracha, de forma que ela perdesse sua adesividade e suscetibilidade. Procurou ampliar o campo de aplicação da borracha misturando-a com outras substâncias.
Robert Koch utilizou-se da hevea brasiliensis em vários experimentos, praticamente abandonou o consultório para cultivar bacilos e inocular em ratos, descobriu como colori-los, para ficarem bem visíveis e convencíveis, fotografando os da febre traumática, erisipela, tétano, gangrena, cólera e tuberculose. No mesmo ano, a vulcanização da borracha permitiu a produção de preservativos eficientes, práticos, baratos e não volumosos como as tripas de carneiro usadas até então. Uma verdadeira revolução sexual será mais tarde desencadeada, devido à facilidade do sexo seguro.
A Amazônia estava completamente aberta aos interesses imperialistas internacionais. É nesta conjuntura em meio a vastos seringais que surgem: Porto Velho, Vila Murtinho e Guajará Mirim, que serão estudados um pouco mais adiante.
A região que possuía os melhores seringais na Amazônia era o “Aquiri” (atualmente o Estado do Acre) localizado na Bolívia. Situada entre os Andes Bolivianos, grandes cadeias de montanhas que separam o Oceano Pacífico do Oceano Atlântico e que corta de fora a fora toda América do Sul, do outro lado, as cachoeiras do rio Madeira.
A Bolívia possuía então, uma região extremamente rica em borracha, porém isolada, sem contato com oceanos, de um lado montanhas, do outro, grandes rios e suas cachoeiras impedindo o transporte de um produto tão importante para a economia daquele momento.
A busca para sair desse isolamento geográfico, levou os nossos irmãos bolivianos a estudarem soluções que pudessem resolver o problema do isolamento geográfico e transportar seus produtos. As ideias começaram a surgir entre elas à construção de uma hidrovia. Para tal seriam dinamitadas as cachoeiras existentes nos rios Madeira e Mamoré. Este projeto foi abandonado e em seu lugar veio à ideia de se construir uma ferrovia.
O Coronel do Exército Americano, Vice Presidente da Real Sociedade Geográfica de Londres, George Earl Church, que havia combatido na guerra da secessão, e desenvolvido vários trabalhos na América do Sul, principalmente na Argentina e nos Andes, foi apresentado pelo presidente do México, Benito Juárez ao general boliviano Quentin Quevedo. O encontro entre os dois gerou a aproximação do Coronel Church ao governo boliviano.
Desse encontro, surgiram ideias que puderam resolver o problema do isolamento boliviano, construindo um grande empreendimento comercial na Amazônia, primeiro através da construção de uma hidrovia, onde seria feita a canalização da parte encachoeirada do rio Mamoré e Madeira. Mais tarde, essa ideia foi abandonada, surgindo uma nova opção: a construção de uma ferrovia, opção que estava na moda. O mundo inteiro estava construindo ferrovias. Essa ideia ganhou força e foi adotada pelos interessados, ficando a canalização do rio para trás.
Neste grande empreendimento, se destacaria então, uma ferrovia. O coronel Church vai atuar como o principal agente motivador dessa fantástica obra, que seria erguida em meio a mais selvagem, obscura e distante floresta tropical do mundo.
[print-me]