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Breque Brasil; artigo do professor Ivanor Guarnieri

Sua situação financeira e profissional tem muito a ver com duas coisas: que atitudes você toma, onde você está quando toma atitude.

sinovaldo[pullquote]A relação do homem com a sociedade onde vive determina muito do que ele consegue da vida: prazer ou dor, força ou fraqueza, entendimento ou burrice. Já se sabe de longa data que sorte é estar preparado quando a oportunidade aparece. Mas se não houver essa oportunidade?[/pullquote]

[dropcap]D[/dropcap]everia ser obrigatória e matéria de análise em todas as esferas o que se quer como projeto para o País, para o estado e para o município. Dito assim pode parecer que se trata de trabalho para os políticos profissionais. Também eles, mas não só. Na universidade, tão cheia de burocracia e tão gorda de poucas ideias novas para pesquisas, ou seja, trabalha-se muito, pensa-se pouco sobre sociedade e ciência. Nos parlamentos, tão cheios de discursos, mas quase vazios de propostas visando o bem comum. Nas Igrejas, cuja catequese e ensino… Deixa pra lá, antes que algum fanático desentenda de vez que também as igrejas fazem parte do futuro que se deve construir agora.

       Até mesmo em tempos de guerra tem gente enriquecendo. Isso é grande verdade. Mas é esse estado o desejável? Não basta que poucos sejam satisfeitos e melhorem sua condição de vida. A maioria faminta reclama soluções.

       Enquanto isso o país do futuro chamado Brasil continua sua imbatível vocação para desviar o assunto. Já foi criado kit de primeiros socorros, obrigatório para os automóveis. Motoristas gastaram para não serem multados. Compraram a bugiganga que serviu para assaltantes amarrarem os proprietários com as luvas do tal kit. As estradas continuaram como sempre: perigosas e o kit foi abandonado. Depois o extintor de incêndio, pois o antigo não apagava um tipo específico de fogo. E os carros continuaram sem air bag, barra de proteção lateral e muitos outros itens de segurança que há anos eram obrigatórios na Europa. O governo, esse sacrossanto guardião da Nação parecia temer prejudicar as montadoras de automóveis estrangeiras (aliás, todas são estrangeiras), exigindo mais segurança para os cidadãos brasileiros.

       Maravilha de governo, nação, país. Felizmente foram diminuídos impostos, como o IPI – Imposto Sobre Produtos Industrializados, dos automóveis e da linha branca, como geladeira e fogão. Como o IPI é um dos principais impostos que compõe o Fundo de Participação dos Municípios, o governo federal, concentrador de impostos, repassa menos para os municípios, prejudicando o cidadão-munícipe em todo Brasil. As montadoras agradecem, mas preferem trazer muitos automóveis dela mesma, só que fabricados na Argentina ou no México, dando emprego aos amigos dos vizinhos países.

       Ainda bem que estamos atentos a essas coisas, reclamando da corrupção. Infelizmente sem a mesma força para cobrar e pensar projetos e ideias para o Brasil do Futuro.  Há muita dúvida e na dúvida sabiamente não se faz nada. Políticos são condenados no Supremo, mas só os mais humildes são presos. Os demais, poderosos em seus partidos, vãos aguardar, do mesmo Supremo que leu sentenças e tudo mais, até o ano glorioso de 2014 para saber se serão de fato presos.

       Que chegue logo 2014 então. Lá teremos a espetacular copa do mundo de futebol. Futebol, esse poderoso lenitivo que alivia as dores da culpa, a falta de estudo, as mazelas do mundo. Esse esporte é quase uma pílula antidepressiva contra os males que acometem o País do berço esplêndido. De tais males temos remédios diários, engolidos sempre que os programas de TV mostram interessantes e importantes casos de pessoas que criam cachorrinhos, de como preparar o melhor prato de batatas, ou outras informações oferecidas como alimento do dia e sem as quais não se pode viver. Que o digam as informações sobre celebridades, ou pelo menos, de gente famosa. Não dá para viver sem saber o que elas andam aprontando, quem traiu quem, que foi para o motel com a mulher dos famosos. Lindo não?

       Claro que assistimos essas coisas todas, com a mão direita sobre o coração, cantando o hino nacional para a Seleção Brasileira de Futebol. E o futuro vai sendo construído, não se preocupe, como eu já não mais me preocupo.

       A inteligência nossa no Brasil chegou a tal grau de desenvolvimento que descobrimos algo digno do Prêmio Nobel: “não precisa se preocupar muito com o futuro, ele acontecerá de qualquer jeito, mesmo que fiquemos todos dormindo no tal berço esplêndido”. É uma lei da natureza: um dia sempre sucede o outro. Então por que preocupação com coisas complicadas como Projeto de Nação?

       Já que somos um povo alegre, vamos rir mais alto ainda. Vamos rir todos, até debochadamente, mas sem exageros. Rir dos povos de outros países menos significantes com a Alemanha, a França, os EUA, a Inglaterra, enfim, aqueles cuja fila é comprida e não vou ficar escrevendo a longa lista deles. Rir sim, porque não? Afinal eles não descobriram ainda aquela grande verdade anunciada acima, de que o futuro vai acontecer de qualquer forma e, por isso não vale a pena vender o presente para comprá-lo. Que os alemães, americanos, ingleses e assemelhados junto com seus respectivos governos se preocupem com Educação de Verdade, com estudos, com cursos de medicina, com desenvolvimento de ciência e tecnologia. Deixemos que eles ‘se matem de trabalhar e estudar’ que depois compramos deles tudo isso já pronto. No futuro veremos quem tem o melhor governo hoje, se nós ou eles.

       Para diminuir um pouco a alegria que pode virar loucura temos alguns freios: os breques já velhos conhecidos nossos como inflação, desvio de dinheiro público, falta de investimento em infraestrutura, e se quiserem vá lá, até a famigerada corrupção. Todos juntos segurando a economia para que não cresça, dando uma forcinha para nós, povo afortunado, afim de não tripudiarmos dos Hermanos argentinos e mexicanos que fabricam nossos carros, suando a camisa, para gerar o conforto que precisamos. Esses problemas são como freio levemente acionado convidando a reflexão e a atitudes. Paro por aqui.

Ivanor-Artigos

       Ao final destas hilárias linhas peço perdão ao leitor, para que não aconteça como certo aluno que disse a professora “a senhora está nos ofendendo” e foi se queixar ao gerente da fábrica de diplomas. Faz tempo, mas não se esquece da pobre colega que depois ficou colega pobre com menos aulas. Não quero ofender ninguém, só lamentar sem choro a falta de projetos grandes para um Brasil melhor e digno de seu povo. Sem projeto não há oportunidade.

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