Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
Deus lhe pague
Deus lhe pague
Chico Buarque de Holanda
Rondônia foi o resultado de múltiplas ações que envolviam uma enorme gama de interesses nacionais e internacionais. A Amazônia é uma das localidades mais cobiçadas do planeta, os interesses capitalistas sempre se apossaram das regiões ricas sem se preocuparem com as conseqüências geradas para as populações locais, foi assim no tempo do ouro no Vale do Guaporé e no Primeiro e Segundo Ciclo da Borracha.
Os governos que se sucederam durante a Ditadura Militar, 1964 – 1985 recebiam a tutela ideológica do capitalismo Norte Americano as coisas eram realizadas sem que houvesse o devido diálogo ou mesmo planejamento gerando desperdícios faraônicos como no caso da abertura da Transamazônica.
Um erro estratégico foi cometido neste momento pela “inteligência” militar, que investiu milhões de dólares na Transamazônica que acabou não recebendo os mesmos contingentes populacionais que o Território Federal de Rondônia recebeu. Tivemos ainda que assistir de camarote a obra milionária sendo destruída pelas chuvas torrenciais da Amazônia.
Esse dinheiro fez muita falta aqui, nas margens da Br 364, que recebia milhares de pessoas todos os meses e a estrutura para amenizar seus sofrimentos eram insuficientes.
Os investimentos aplicados no “Novo Eldorado” conviveram com um problema histórico brasileiro, somente uma pequena parte dos investimentos chegava às famílias assentadas, pois a maior parte escorria pelos ralos da corrupção.
Os lemas utilizados pelos militares são a prova dessa Política de Segurança Nacional, “BRASIL, AME-O OU DEIXE-O”, “AMAZÔNIA INTEGRAR PARA NÃO ENTREGAR” se alinharam à “RONDÔNIA O NOVO ELDORADO”.
Rondônia, “O Novo Eldorado” surgiu desse Grandioso plano que tinha por objetivo resolver as tensões sociais das regiões desenvolvidas no País. Os Governos Militares promoveram uma política de Colonização e Reforma Agrária que geraram conflitos pela posse das terras aqui em Rondônia que até hoje se fazem ecoar. As populações tradicionais, índios e seringueiros que habitavam o local por décadas, foram envolvidos em um grande esquema de violência, suas terras invadidas por posseiros, grileiros, madeireiros, garimpeiros e grandes latifundiários que conquistaram gigantescos pedaços de terra através do “Papo Amarelo”, rifle muito utilizado por capangas e jagunços.
Em 1965, foi criado o 5° BEC – Batalhão de Engenharia de Selva, sua função era a de abrir e manter as rodovias na selva amazônica. Um trabalho realmente impressionante foi realizado em meio aos grandes problemas oferecidos pela região.O poder público assistiu a tudo com indiferença, muitas vezes legitimando as ações criminosas dos representantes do que há de mais miserável dentro do sistema capitalista selvagem.
Abrir estradas na Amazônia com sua alta densidade pluviométrica é realmente tarefa das mais complicadas, por isso, nosso respeito e admiração pelo enfrentamento de tão complicada tarefa.
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