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Pedagiobrás II

Artigo do Professor Ivanor

 Estava ainda no Paraná, escrevendo para um jornal daquele estado, quando li a notícia de que o governo do Senhor Presidente, na ocasião o saudoso Lula, pretendia privatizar algumas rodovias federais. A ideia apoiada pela então ministra daquele governo, Sra. Dilma Rousseff era melhorar as rodovias que andavam lentas devido à má conservação.

protesta_pedagio1O tempo passou e agora a Presidenta é a Sra. Dilma. Em vista disso tenho uma sugestão. Como o atual governo precisa acalmar a faminta base aliada, e para isso se vê na contingência de criar cargos e postos para acomodar políticos e seus séquitos, poderia ser criado o ministério do pedágio. Ou quem sabe uma instituição federal, uma empresa federal ou algo semelhante, como o sugestivo nove de PEDAGIOBRÁS. Quem sabe até internacionalizar essa empresa a ser ainda criada, mudando o nome para PEDAGIOBRAX. Os gringos comprariam ações da mesma. Coisa bem contra o cidadão brasileiro, esse coitado que tem sobre o ombro quilos de impostos, taxa de contribuição e tarifas. Imagine um híbrido Frank Stein misturando público e privado, coisa bem da índole brasileira. Empresas privadas responsáveis pela cobrança do pedágio, fiscalizadas pela PEDAGIOBRÁS, que se encarregaria de gerir e controlar o sistema todo. Uma linda empresa controladora. O que ela faria exatamente não dá para saber muito exatamente ainda, mas seria algo como controladora, fiscalizadora, com CAC – Central de Atendimento ao Cidadão e tudo.

Disse no parágrafo acima que isso é “coisa bem contra o cidadão brasileiro”. Na verdade errei. Não é que seja contra o cidadão brasileiro, sob certo aspecto é até a favor das pessoas pagadoras de impostos e taxas. Pegue-se o exemplo do trecho que liga Cuiabá a Rondonópolis. Tive o privilégio de passar por ele há duas semanas. Uma maravilha de buracos, perigos e trânsito intenso. Foi então que eu, pobre descuidado com a língua, ousei comentar com uma pessoa daquele maravilhoso estado como é lastimável a condição da estrada. Para minha sorte aquela bondosa pessoa corrigiu meu erro, advertindo que as dificuldades ditas por mim não passavam de condições de trânsito perfeitamente explicáveis pela volumosa frota de caminhões que transitam pelo estado de Mato Grosso. Embora estivéssemos presos em um engarrafamento logo após o Trevo do Lagarto, e mais adiante, no dia seguinte, outro engarrafamento,  devido a buracos na pista que obrigavam os caminhões  a se revezarem para passar, já que dois não cabiam lado a lado na pista esburacada, tudo isso, dizia ele,  é apenas sinal de quão progressista é o estado, e que a safra é maravilhosa, e … bem vou parar por aqui, pois a lista de vantagens ouvida por mim daquele senhor mato-grossense, grossensemente elencada com o entusiasmo que transbordava de alegria na baba que escorria do canto da boca, dada a felicidade que tantas boas coisas proporcionam naquele trajeto. Como me pareceu que aquela distinta pessoa não estava enxergando nada, suspeito que estivesse levemente embriagada. Mas não ouso dizer isso aqui, seria uma calúnia pensar que a felicidade depende de cachaça.

Não levem a sério o que escrevi acima. Apenas inventei o quadro para dar uma ideia do que aconteceu. Isso aqui é literatura, não é relato de viagem. Aliás, há bons relatos de viagem que são literatura. Afora os buracos e engarrafamentos que de fato existem e estão lá para quem quiser ver e pular sobre eles, a lista de maravilhas foi criada por mim, inclusive o personagem grossense, digo, mato-grossense que encontrei num posto de gasolina. Tudo isso é quirera e pouco importa. O que importa é a PEDAGIOBRÁS. Que o governo a crie o quanto antes. Já estamos cansados de pagar impostos e IPVA e ter estradas como a citada acima. Que venham os pedágios. Podem ser como os do Paraná, onde se paga em média R$ 9,00 em cada praça de pedágio e a rodovia sequer é duplicada. Mas é bonitinha e pelo menos não tem buracos.

Só fico numa dúvida sobre o que fazer com os radares. Ter ou não ter, eis a questão. Depois que o governo investiu tanto no Mato Grosso, instalando radares próximos uns dos outros, pensando evidentemente na segurança e no conforto dos que trafegam pelo estado, é difícil imaginar quem teria coragem de desativá-los.

Ivanor-ArtigosO leilão já foi feito. Os que trafegam por Mato Grosso fiquem tranquilos. Já foram vendidos seus direitos de trafegar livremente. Mas é tudo dentro da lei. Logo avistaremos ao longe as sonhadas praças de pedágio e alguns sentirão saudade daqueles tempos em que as estradas eram boas e livres. Hoje são livres, mas não são boas. Amanhã serão boas, mas não serão livres.





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