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Ministério Público denuncia deputado por incitar ataques a fiscais ambientais e patrimônio público em Rondônia

Em um vídeo veiculado pela imprensa em maio deste ano, Geraldo da Rondônia fala para a população que vai “ajudar a botar fogo” nos veículos de agentes ambientais. Defesa do deputado informou que vai se pronunciar em breve.

Geraldo da Rondônia — Foto: ALE-RO/Divulgação

O Ministério Público de Rondônia (MP-RO) denunciou o deputado estadual Geraldo da Rondônia (PSC) por incitar populares a agir de forma violenta contra fiscais ambientais, além de incentivar a destruição do patrimônio público utilizado em fiscalizações.

O que motivou a denúncia do MP foi, sobretudo, um vídeo veiculado por meio da imprensa em maio deste ano. Nas imagens, o deputado fala para a população que vai “ajudar a botar fogo” nos veículos de agentes ambientais.

“Vamos combinar uma coisa? Quando vier [fiscalização] usa meu nome. Me liga, que eu vou ajudar vocês a botar fogo na caminhonete deles. Vamos botar fogo nos caminhões deles, nos carros deles [dos agentes de fiscalização ambiental]. E vamos combinar mais uma coisa? Vamos fazer um manifesto pra não deixar eles entrarem aqui nessa região”, disse Geraldo de Rondônia. [assista abaixo]

Ele discursou, em alto tom de voz, durante uma audiência pública que tinha o objetivo de discutir sobre regularização de áreas de proteção ambiental na região de Jacinópolis, distrito de Nova Mamoré (RO). De acordo com o MP, no local havia cerca de 2 mil pessoas que ouviram o deputado proferir também as seguintes palavras:

“Nós temos que tomar conta, nós temos que desmatar esse chamado “reserva do parque”. Eu não vejo, eu nunca vi boi, animal comer pasto em cima de árvore. O que eu vejo muito é o mundo reclamar por falta de alimento, por falta de carnes”.

Denúncia

Conforme o MP, o discurso de Geraldo da Rondônia repercutiu negativamente entre a população e no trabalho realizado pela Sedam. O órgão cita que patrulhas chegaram a ser canceladas por conta da tensão que se estabeleceu na região.

“Após o pronunciamento do parlamentar denunciado, a população local passou a obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões ambientais, respondendo de forma violenta às fiscalizações dos agentes da Sedam, ocasionando conflitos entre a população e os agentes públicos”, aponta o MP.

Ainda de acordo com a denúncia, no mesmo dia da audiência realizada em Jacinópolis o deputado dificultou a ação da Sedam e o do Batalhão de Polícia Ambiental por conta do receio gerado na equipe de fiscalização em relação a reação da população.

A Rede Amazônica entrou em contato com o deputado citado para pedir posicionamento sobre o caso e ele, por mensagem, sugeriu que a equipe de reportagem “cuidasse da própria vida”. Já a defesa do deputado informou que ainda não teve acesso ao processo e deve se pronunciar em breve.

Ao ser questionada, a Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE-RO) manteve o posicionamento anterior de que não compactua com as falas do deputado.

Ações da população contra fiscalização
Na última quarta-feira (27), cerca de cem pessoas cercaram uma pá carregadeira, utilizada no desmatamento do Parque Estadual Guajará-Mirim, para impedir que a Polícia Militar Ambiental levasse o bem. O caso aconteceu no distrito de Jacinópolis, mesma região onde o deputado Geraldo da Rondônia discursou em maio deste ano.

Vídeos gravados pela própria população mostram dezenas de pessoas – entre mulheres, homens e até mesmo crianças – em volta do trator, como forma de protesto. Os populares chegaram a atear fogo em pneus para impedir a passagem das viaturas da PM.

Há pouco mais de um mês, outro tumulto feito pela população atrapalhou uma ação da Polícia Ambiental em Rondônia. Um grupo de 30 pessoas impediu que policiais ambientais apreendessem caminhões que carregavam madeira ilegal. O caso aconteceu na estrada conhecida como Soldado da Borracha, dia 14 de junho.

Um vídeo mostra dois caminhões com toras de madeiras passando pela estrada, até que vários veículos atrapalham a passagem da viatura que estava escoltando os caminhões para uma área de segurança. Com a interferência, os motoristas do carregamento ilegal conseguiram fugir.

Por Jaíne Quele Cruz e Fábio Diniz, g1 RO





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