O consórcio da droga, segundo a PF, foi criado por traficantes para dividir as responsabilidades, lucros e prejuízos do tráfico interestadual de entorpecentes.
Mais de 30 pessoas são investigadas na Operação da Polícia Federal (PF) Canto da Serpente. Os alvos são suspeitos de integrar um dos maiores esquemas de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro na cidade de Guajará-Mirim (RO), na fronteira do Brasil com a Bolívia.
Informações obtidas com exclusividade pela Rede Amazônica mostram o organograma do consórcio da droga e do esquema de lavagem de dinheiro. Entenda:
Segundo as investigações, o grupo é formado por três células principais, sendo duas responsáveis pela lavagem do dinheiro vindo do tráfico de drogas e a terceira responsável por toda a logística de aquisição, armazenamento, transporte e venda de drogas.
O consórcio da droga, segundo a PF, foi criado por traficantes para dividir as responsabilidades, lucros e prejuízos.
Veja abaixo quem são os principais suspeitos de liderar a organização criminosa
Logística e organização geral
Cláudio Pereira Magalhães, conhecido por Don Papito, é apontado como chefe de todo o esquema. Era responsável por toda a logística de aquisição, armazenamento, transporte e venda de entorpecentes. Segundo a polícia, ele possui registros por tráfico de drogas e, além de liderar o consórcio da droga, atuaria também como batedor dos caminhões que levam os entorpecentes.
Lavagem de dinheiro
A primeira célula responsável pela lavagem dos capitais vindos do tráfico era liderada por Cinthya Melo e a segunda por Alef Heron, segundo a polícia.
Cinthya é conhecida por ser cantora. Ela fazia apresentações musicais pela cidade. Conforme a polícia, ela abriu empresas de fachada no ramo da beleza e de materiais de construção para lavagem de dinheiro. Ela contava com ajuda de pelo menos quatro sócios e comandava dois laranjas.
Alef Heron também é morador de Guajará-Mirim e é suspeito de montar uma gama de empresas de fachada usando nomes de laranjas. O objetivo, segundo a polícia, era receber, movimentar e transferir valores vindo do tráfico. Ele contava com ajuda de pelo menos um sócio e comandava cinco laranjas.
Contabilidade
Kelvin Aparecido Moreira é apontado como responsável pela contabilidade da organização, principalmente, por administrar os valores vindos do tráfico de drogas que eram depositados nas contas de laranjas.
O que diz a defesa dos citados?
A defesa dos suspeitos afirmou que aguarda o relatório conclusivo do caso. A defesa disse que os valores levantados pela Polícia Federal não condizem com a realidade dos suspeitos e que ao final do processo será provado que os suspeitos não praticaram crimes relacionados ao tráfico de drogas.
Operação Canto da Serpente
A operação foi deflagrada no dia 25 de novembro para desarticular um dos maiores esquemas de tráfico de drogas da região de fronteira rondoniense. Segundo a PF, durante a ação foram sequestrados 25 veículos, avaliados em cerca de R$ 1,2 milhão, além do sequestro de quatro imóveis.
Foram cumpridas mais de 60 ordens judicias, sendo 25 de prisão preventiva e 44 de busca e apreensão. Os mandados foram cumpridos nas cidades de Guajará-Mirim, Porto Velho e São Paulo.
A Receita Federal do Brasil, que ajudou a PF a rastrear as ações financeiras, descobriu que a organização criminosa de Guajará-Mirim movimentou cerca de R$ 1,3 bilhão.
“Além disso, análises fiscais indicam que, apenas entre créditos e débitos de contas cujos investigados eram titulares, chega-se à monta de aproximadamente R$ 700 milhões”, diz a polícia.
A Justiça Estadual de Rondônia determinou a suspensão de 14 empresas que eram usadas pelos criminosos para movimentar o dinheiro oriundo do tráfico de drogas. Também foram bloqueados R$ 330 milhões das contas dos investigados.
A investigação da operação Canto da Serpente envolveu cerca de 140 policiais federais, sendo mais de 100 apenas em Guajará-Mirim.
Por g1 RO e Rede Amazônica