O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) teve uma egressa aprovada no processo de seleção da Ilum Escola de Ciência, instituição ligada ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) com apoio do Ministério da Educação (MEC). Maria Eduarda Crist concluiu no ano de 2022 o Curso Técnico em Agropecuária Integrado ao Ensino Médio no Campus Colorado do Oeste.
Conforme a agora universitária, “o IFRO foi fundamental para a minha aprovação, pois me ofereceu oportunidades que eu não teria em qualquer outra instituição da região, e não estou falando apenas da ótima estrutura ou dos professores que são extremamente qualificados, mas também das possibilidades de participar de projetos de iniciação científica, extensão e ensino”.
Entre os destaques da ex-aluna do IFRO, estão a classificação na Olimpíada Nacional de Biologia e boa nota no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2022). Com a aprovação na Ilum Escola de Ciência, ela está no Bacharelado em Ciência e Tecnologia (nível superior), autorizado pelo MEC e com nota máxima do Inep (5). São três anos de curso, com aulas em período integral. “Eu não fazia ideia da existência da Ilum até 8 dias antes do encerramento das inscrições. Quem me falou da faculdade foi a Marciane de Souza (fizemos a Olímpiada Nacional de História do Brasil desde 2020 e ela foi minha professora de História no 2° ano), que me incentivou a me inscrever e acompanhou o processo todo comigo”, conta Maria Eduarda.
Segundo informações da escola, para a seleção, os alunos são avaliados por um conjunto de critérios. Na primeira etapa, é preciso submeter a inscrição on-line e realizar uma manifestação de interesse. Depois, informa-se o resultado geral do Enem e o número de inscrição no exame. Caso aplicável, também é o momento de reunir comprovantes de conquistas nacionais de medalhas olímpicas (Matemática, Física, Química e Biologia). A Comissão de Avaliação pré-selecionará e convidará os candidatos mais bem avaliados nas etapas anteriores para entrevistas individuais. As conversas serão gravadas e analisadas pelo comitê de seleção.
“O processo de seleção usa a nota do Enem, mas outros fatores são levados em consideração, como olímpiadas científicas e uma carta de manifestação de interesse (no que seria a primeira fase do processo), depois 200 alunos são selecionados para uma entrevista de até 30 minutos, onde respondemos perguntas sobre conhecimentos gerais e temos a liberdade de falar mais sobre a carreira acadêmica a experiências prévias”, mostra a estudante.
Sobre ser aluna da instituição nacional, ela conta: “minha experiência nesse mês que eu estou estudando na Ilum está sendo incrível. As aulas são muito dinâmicas, é dado um foco intenso à interdisciplinaridade e trabalhamos em grupo o tempo todo, tudo isso faz o processo de aprendizagem ser muito mais fácil e interessante. Aqui, também valorizam muito a prática, então temos aulas nos laboratórios (com equipamentos de última geração) duas tardes por semana, além de visitas semanais ao CNPEM – o maior centro de pesquisas do país, onde eu terei a oportunidade de trabalhar nos próximos semestres”.
A Professora de História do Campus Colorado do Oeste, Marciane de Souza, relembra que Maria é aquela estudante que os professores adoram, por ser “a investigativa”. “Um tema ou uma passagem histórica que lhe intrigava era motivo suficiente para uma pesquisa aprofundada, análise e um possível bate papo posterior. Sua gana por sabedoria era a dose de motivação para continuar lutando pela educação. Maria participou das 12ª, 13ª e 14ª ONHB (Olimpíada Nacional em História do Brasil), nos três anos do ensino médio esteve em contato com as mais diversas fontes e elementos que compõe nossa história e isso colaborou muito para a melhoria de seu capital cultural, fundamental na produção de textos, redações e entrevistas seletivas”.
“Ver nossa estudante em um centro de estudo e pesquisa tão avançado mostra que estamos no caminho certo, pois a formação que ela receberá é multidisciplinar e proporcionará uma gama de conhecimentos para resoluções de problemas atuais, mas também dos que ainda não existem”, conta Marciane sobre o orgulho diante da aprovação da aluna.
Sobre a seleção, a docente diz que sempre busca apresentar oportunidades às turmas. Segundo ela, assim foi com a Ilum Escola de Ciências, “vi nas redes o processo seletivo, acessei o site para verificar as exigências e disparei para todas/os estudantes do 3º ano 2022. Somente Maria se interessou. Ela é a típica estudante que tem facilidade nas diversas áreas de estudo, além de gostar das Ciências da Natureza e Matemática, incentivei que fizesse a inscrição e participasse do processo argumentando que esta etapa já seria um aprendizado. Felizmente ela fez a inscrição e foi aprovada e isso me encheu de orgulho”.
Para completar, Marciane afirma acreditar que os estudantes possuem oportunidades ímpares em suas vidas acadêmicas e que devem agarrá-las com todas as forças. “Ter uma educação pública, gratuita, inclusiva e de qualidade é uma conquista, porém está constantemente sobre ameaça e sendo atacada e elas/eles devem valorizar, defender e reverberar os conhecimentos e aprendizados aqui adquiridos, pois apreendemos em cada experiência vivida, mas para isso precisamos efetivamente viver cada momento, como digo, com vontade. A conquista da Maria é uma conquista coletiva, perpassa as mais velhas que a incentivaram como sua vó, mãe, professoras do fundamental, passa por nós do IFRO, que a acolhemos e trabalhamos positivamente seu potencial e seus saberes, passa pelas iguais, amigas, amigos que estiveram com ela nos momentos bons e também não tão bons assim e passa por aquelas que virão e saberão de sua história, serão motivadas por ela para também conquistar o que desejarem”.
Visão científica
No ensino médio, de 2020 a 2022, cursando o Técnico em Agropecuária, Maria Eduarda Crist demonstrava possuir características que contribuirão na sua formação de cientista. De acordo com a Professora de Sociologia, Janete Schubert, foi uma aluna excepcional, extremamente crítica nas aulas de sociologia. “Tinha uma perspectiva muito aguçada sobre a realidade social brasileira. Uma noção impressionante sobre os problemas de globalização, como isso afeta os países de economia periférica. E se engajava muito em todas as discussões propostas sobre o feminismo, o racismo. Pela postura de estudante que a Maria Eduarda foi, tenho certeza que será uma profissional muito diferenciada, humana, sensível que afeta o nosso país, sobretudo as populações vulneráveis e as minorias: as mulheres, os indígenas e os quilombolas, porque um bom cientista precisa saber olhar para isto. E a Eduarda se destacava quando eram abordados esses assuntos”, realça a professora do Campus Colorado.
Durante o doutorado de Biologia Celular e Estrutural pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), professora de Biologia do Campus Colorado, Paulla Rodrigues, desenvolveu suas atividades de pesquisa no Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). “A Ilum é uma escola de ensino superior, uma iniciativa do Centro Nacional de Pesquisa (CNPEM), que além da formação de qualidade, oferece outros benefícios aos alunos aprovados e que não residem na cidade de Campinas (SP). Dentre eles, curso de inglês do básico ao avançado, transporte, hospedagem e alimentação. Todos esses benefícios servem de incentivo para os estudantes que moram em outros estados poderem experienciar a instituição”.
Agora no CNPEM, desde o primeiro semestre, Maria Eduarda e os demais selecionados realizam práticas complementares às atividades desenvolvidas na Ilum, com acesso aos laboratórios de ponta do Centro. No último semestre, os estudantes desenvolvem projetos integralmente no CNPEM. Quando formados, terão conhecimentos e habilidades para seguir diferentes carreiras. Aqueles que pretendem seguir carreira acadêmica receberão formação para que estejam preparados a se candidatarem diretamente para um programa de doutorado. Também poderão atuar como pesquisadores, em laboratórios públicos e privados ou indústrias, como especialistas em ciências de dados e aprendizado de máquina, e empreenderem em seus próprios negócios, com a criação de startups, por exemplo.
“Maria Eduarda foi a única, entre 600 alunos, aprovada para a segunda fase da Olimpíada Brasileira de Biologia, enquanto aluna do IFRO. Essa conquista foi uma das documentações avaliadas no processo seletivo para ingresso na Ilum”, relembra a Professora Paulla, demonstrando a importância de sempre se empenhar e acreditar nos sonhos.
CNPEM
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais é a mais complexa infraestrutura de pesquisa do país. O ambiente sofisticado de pesquisa e desenvolvimento é único no Brasil e presente em poucos centros científicos do mundo. Enquanto Organização Social é supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Nele há quatro Laboratórios Nacionais e é o berço do projeto mais complexo da ciência brasileira – Sirius – uma das fontes de luz síncrotron mais avançadas do mundo. O CNPEM reúne equipes multitemáticas altamente especializadas, infraestruturas laboratoriais globalmente competitivas e abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores em parceria com o setor produtivo e formação de investigadores e estudantes.
O Centro é um ambiente impulsionado pela pesquisa de soluções com impacto nas áreas de Saúde, Energia e Materiais Renováveis, Agroambiental, Tecnologias Quânticas. A partir de 2022, com o apoio do Ministério da Educação (MEC), o CNPEM expandiu suas atividades com a abertura da Ilum Escola de Ciência. O curso superior interdisciplinar em Ciência e Tecnologia adota propostas inovadoras com o objetivo de oferecer formação de excelência, gratuita, em período integral e com imersão no ambiente de pesquisa do CNPEM.
Por IFRO