Apresentando semblante abatido, ele foi contundente em suas palavras, mas mostrou certa desconexão com a realidade salarial do campo
O senador Jaime Bagattoli fez sua primeira aparição pública em Vilhena, onde é empresário de destaque e tem domicílio eleitoral, após a cirurgia cardíaca a qual foi submetido há cerca de 35 dias, aproveitando a movimentação da Exponorte e suas agendas paralelas que ocorrem neste final de semana. Depois de percorrer o parque de exposições na noite da sexta-feira, ele participou de vários eventos ao longo do dia seguinte, entre eles um encontro com pequenos produtores rurais, ocasião em que várias associações estavam recebendo benefícios do Município, Estado e União. Apresentando semblante abatido, ele foi contundente em suas palavras, mas mostrou certa desconexão com a realidade salarial do campo e politizou a fala atacando o STF e afirmando que está acontecendo no país o “começo do comunismo”.
O evento aconteceu na sede da Associação de Produtores Vitória da União no começo da manhã, o qual contou com a participação de lideranças da agricultura familiar e muitos políticos, como vereadores, prefeitos – até Hildon Chaves, da capital, estava por lá; deputados estaduais, representantes do governo do Estado, além de praticamente todo o primeiro escalão do Município de Vilhena.
No início de sua fala o político vilhenense foi muito aplaudido quando criticou o orçamento do Estado para a Seagri, que segundo ele foi de apenas 24 milhões de reais para este ano, quantia que classifica como “vergonhosa” para Rondônia, dadas as necessidades do pequeno agricultor. “O grande não precisa do governo, só não quer ser atrapalhado por ele, mas a agricultura familiar depende de suporte estatal, e esse valor é uma vergonha”.
Porém, logo após a fala, ele cometeu uma gafe, ao pedir que o prefeito de Vilhena desse um salário digno aos secretários municipais, pois a remuneração atual, de cerca de sete mil, para Bagattoli é ridícula. “Eu pago muito mais para meus funcionários de ponta”, declarou, avaliando que só desta forma se obtém resultado satisfatórios dos trabalhadores. Dizer isso em meio a um público, que quando consegue faturar mais do que um salário mínimo comemora, entusiasticamente pegou mal, e muita gente na plateia torcei o nariz para a fala do senador.
E logo em seguida veio o ataque ao STF: “é um crime o que esse Tribunal está fazendo com o nosso povo, querendo governar o país, querendo liberar as drogas, liberar o aborto, acabar com o Marco Temporal, massacrando o agronegócio, destruindo os agricultores”. E em seguida, arrematou: “isso é só o início do comunismo, foi assim que começou na Venezuela”, insistindo na tese equivocada que dá conta que o país sul-americano é regido por tal sistema de governo.
Ele melhorou um pouco a retórica no final do pronunciamento, quando afirmou que irá destinar seus 80 milhões de reais de emendas a todas as cidades de Rondônia, mas pretende investir mais em polos que são referências regionais em saúde, e 2,5 milhões para agricultura familiar em Vilhena, verbas que serão encaminhadas ao Município para aquisição de máquinas e equipamentos.
Por Rondoniaovivo/Mario Quevedo
