O que dizer do livro, esse quase esquecido em tempos de “X Box”, vídeo e TV?
Colocado num canto, como calço de armário, criadouro de ácaro, papel velho bolorento; no entanto o senhor livro é o dono de seu futuro.
Do futuro dos que o buscam e leem. Dos que o querem compreender, mesmo sofrendo com a linguagem às vezes enfadonha.
Ele, o livro, entrega tudo. Ou quase. Se queres saber o que grandes homens do passado aprontaram, se desejas compreender terríveis cálculos ou então se deliciar com histórias de amor e de cornos, abra o livro; irás de História do Brasil à Tolstói e o inesquecível “Ana Karenina”.
Talvez as pessoas pudessem ser divididas em dois grandes grupos: as que leem boas obras e as que não. Mas classificar pessoas seria muito preconceito. Depois essa história de dizer que quem lê tem mais a dizer, sei não. Já vi muito arrogante-ignorante que da vida só sabia a mínima parte e dizia ler de tudo. Depois, nem tudo está nos livros e gastar o tempo com eles é perder o tempo de fazer outras coisas.
Mas vá lá. Nada como um arzinho de satisfação quando alguém coça a cabeça, não sabe o que é, e você sabe a resposta. Se isso acontecer em um concurso público então… Aí Jesus, as horas com o velho livro, gemendo a cadeira, ajeitando a iluminação para tirar o máximo da leitura, e depois vem a recompensa em alto grau.
Que delícia quando aquela ideia difícil aparece límpida, mesmo que seja depois da terceira ou quarta leituras. Quando isso acontece é como se o mundo se iluminasse.
Sabe aqueles grandes nomes da ciência? Os “medalhões”, as “vacas sagradas” do saber: Freud, Marx, Einstein, Newton, e uma infinidade deles; nada seriam sem o livro. Nada cai do céu, sai do livro. Quem lê a teoria pronta não imagina as horas de trabalho e estudo sobre livros.
Só que tem livros que são porcaria. Mal escritos, com informações inúteis, quando não com mentiras. Livros escritos só para dar dinheiro ao editor e ao autor. Desconfio sempre do livro que diz produzir milagres caso eu o leia. Ora, milagre é consequência sem causa e nada está mais distante do conhecimento científico do que isso.
Também não adianta ler por ler. Ler é um ato de vontade, e a vontade não vem do atoa.
O grande problema é desenvolver em nós o desejo de conhecer. Depois a clareza sobre o que desejamos realmente conhecer. Por fim, o amor quase louco pelo conhecer. Aí estamos prontos para o livro.
Só que às vezes esse desejo acontece pelo simples fato de tocarmos o livro. O que será isso? Perguntamos. E lá vamos nós correr as páginas em busca da resposta.
O hábito de ler pode ser desenvolvido. O único jeito de desenvolver o hábito de ler é lendo. Feliz daquele que o desenvolveu.
O grito contra a leitura, ouvido sempre em todo lugar é: não tenho tempo! Grande verdade, nesses tempos de luta por tanta coisa.
Para ter tempo de leitura é bem simples: saia do facebook; saia de frente da TV. Experimente, e verás como o tempo aparece.
Mas se não quiser, por mim tudo bem. Imagine se vou dar conselhos em artigo de jornal. Deus me livre e guarde duma tolice destas. Para dar conselhos é preciso saber das coisas. Só os tolos acham que sabem das coisas.
Cada um cuide de seu futuro.
Não se desespere; o futuro virá de um jeito ou de outro. Contudo, molda-lo como gostaríamos depende do livro, de bons livros, que aguardam pacientes nossa leitura.
(Esses devaneios em torno do livro é uma homenagem a venda crescente deles, quase 7% neste ano, conforme o “Rondônia em Pauta” de 16 de julho – Viva o Livro).