Notícia da “Agência Brasil”, publicada pelo “Rondônia em Pauta” da última segunda feira (23/02/2015) informa que o Brasil foi o país com pior crescimento da produtividade da mão de obra entre 12 países pesquisados.
[dropcap]N[/dropcap]o início do texto a informação é: “a produtividade – índice que mede quanto se produz por hora trabalhada – cresceu no Brasil 6% ao ano entre 2002 e 2012”; se o crescimento é ao ano, deduz-se que todo ano o País cresceu 6%. Em seguida, no mesmo texto, lê-se: “No Brasil, o crescimento acumulado entre 2002 e 2012 foi 6,6%.”. Ora, se é entre 2002 e 2012, significa que em 10 anos o país cresceu apenas 6,6% em produtividade, e não 6% todo ano. Há imprecisão dos dados, ora 6% ora 6,6%.
Fora essa confusão, mais significativa é a causa apontada para tão baixa produtividade. Segundo a reportagem, “o gerente de pesquisa e competitividade da CNI, Renato da Fonseca, atribui, em parte, o resultado da pesquisa à baixa qualificação da mão de obra brasileira. “Infelizmente temos mão de obra despreparada para aprender novas tecnologias”, disse economista.”
Dúvidas quanto ao despreparo nosso para aprender novas tecnologias não tenho. Embora a reportagem não se refira explicitamente de que tipo de tecnologia esteja falando. Seguramente aquelas que interessam e, logicamente, as que dizem respeito à produtividade. Pois, se olhar para nossas salas de aula, pontos de ônibus, casas, lanchonetes, estádios, e demais lugares, verá como o brasileiro está bem acostumado com certo tipo de tecnologia. Apesar de a internet em nosso país ser uma vergonha, cara e inoperante (depois conto por que), o Facebook, Whats App (é assim que escreve?) e uma porção de assemelhados, que comem nossos precisos minutos com bagatelas, funcionam e deixam muita gente “antenada”. Voltemos à reportagem da “Agência Brasil”.
Do modo como está escrita a reportagem, entende-se que a CULPA é do TRABALHADOR que é DESPREPARADO para as novas tecnologias.
Agora, cá entre nós! Que escola é oferecida para esse mesmo trabalhador se qualificar? PRONATEC, menina dos olhos da PresidentA. Que bom. Mas, olhemos para a Escola. Isso mesmo, a Escola. Aquela que prepara desde menininho. Que alfabetiza. A Escola na qual os jovens deveriam receber educação no mais alto grau, para saber, inclusive, usar tecnologia que presta e que o projetará para bons empregos, para o empreendedorismo. Ora, uma dessas escolas, lá de Porto Velho, foi arrombada por ladrões 25 vezes segundo o mesmo jornal “Rondônia em Pauta” desta mesma segunda feira, 23 de fevereiro.
Queremos a melhor educação para nossos filhos. Mas os profissionais da educação são os mais mal remunerados das carreiras do Estado. Veja, amado leitor: se abrir vaga de emprego para a qual basta ensino médio, e remunera 4 vezes mais do que a outra vaga que exige ensino superior, por qual você optaria? Óbvio, aquela que precisa estudar menos para ganhar mais.
O senhor Renato da Fonseca, acima citado na reportagem da “Agência Brasil”, atribui em parte, note, em parte, o resultado da pesquisa à baixa qualificação da mão de obra. E a outra parte qual é? Poderia se dizer que é o lado do Brasil Esculhambo. Aquele Brasil no qual o certo está errado, o errado está certo; a vítima é a culpado, e o bandido é a vítima; daquele Brasil horrível que vemos desfilar todo dia no telejornal: Petrobrás roubada, Novela do Petrolão; Operação Lava Jato.
Por outro lado, se prestar atenção ao redor verá a atitude heroica de nossas professoras. Todo dia nas escolas, educando com carinho, às vezes enfrentando situações de perigo ante inimputáveis bandidos com menos de 18 anos. Nisso elas se assemelham a maioria dos brasileiros. Todo dia trabalho, família, pagamento de impostos, cumprindo a lei e recebendo em troca o desaforo de pagar mais caro pelo combustível, enquanto a Companhia de Petróleo está sendo roubada por quem deveria protege-la.
O trabalhador brasileiro sonha com a prometida escola para seu filho, e o que encontra são outros trabalhadores, iguais a ele, sofrendo o desgoverno, sofrendo a ameaça de assaltos, sequestros, roubos. Passando pelo medo de ter sua casa invadida. E, por fim, a audácia da reportagem que coloca a culpa da baixa produtividade nas costas destes mesmos trabalhadores, cuja escola de qualidade para todos é sonegada.
É preciso afirmar com todos os “efes” e “esses” que o trabalhador sim é vítima da improdutividade de alguns administradores públicos, que descuidam do mínimo do mínimo. Para citar um exemplo: a segurança nas escolas de nossas crianças.
Esse artigo ficou ruim, com tons de desabafo. Mas depois de ter adquirido há cinco dias um modem para notebook e um chip e ficar 5 dias tentando acessar a internet com esse mesmo modem e chip, reclamar no 144 por 4 vezes, procurar a vendedor, e ainda, tudo isso pelo qual pago R$ 35,00 por mês para a operadora cujo nome começa com T, quando consigo por 12 minutos abrir a internet, o que vejo, a dita reportagem mal escrita. Aí é demais.