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Artigo: Já temos educação com qualidade apropriada ao país que temos

imagePor Ivanor Luiz Guarnieri

Há coisas que interessam e há coisas cuja importância é quase nenhuma.

O Brasil é um País agrário exportador. É também grande exportador de commodities. Minérios, como o de ferro, é a especialidade nacional quando o assunto é entregar para os outros países. Brasil: exportador de produto primário.
O Brasil começou quando ainda era colônia portuguesa na América. Naqueles tempos entregava pau-brasil, depois ouro, açúcar. Perdão, açúcar bruto, pois o refino era feito na Holanda por gente que entendia do riscado. Depois café, e hoje soja, galinha, bois, porcos outros.

A Argentina exporta trigo e couro. O Uruguai, assim como os argentinos, exporta carne. Outros países latinos têm sido caluniados por exportarem cocaína. Paro aqui, pois droga não com esse artigo.

A Coreia do Sul exporta, ou melhor, instala suas fábricas de automóveis em outros países. Para isso se esforçou por criar tecnologia. A tecnologia permitiu que se colocasse os carros Hiunday competindo com os de outras montadoras. A Ford cuja origem é 1903 e foi a primeira a se instalar no Brasil em 1919, acompanhada pela GM, fabricante dos carros Chevrolet, que foi fundada em 1911 e chegou ao Brasil em 1924, vêm carros da Hiunday competir com elas, mesmo a Hiunday tendo sido fundada apenas em 1967.

Grandes países, grandes negócios. Negócios com produtos cujo valor agregado é alto. Com produtos com alto valor agregado os lucros prosperam. Mas qual a importância de tratar aqui de automóveis? As montadoras se instalam nos países agrário exportadores, como o Brasil, conseguem altos lucros, e remetem parte deles para os países sede. Nesses tempos bicudos em que a Argentina está penando devido à falta de dólares, isso faz diferença. No Brasil de 2013 as montadoras se tornam campeãs de remessa de lucro, nada menos que US$ 3.300.000.000,00, ou R$ 7.920.000.000,00 se considerarmos o dólar a R$ 2,40 (fonte: http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/18857/ de 27/01/2014).

Vale pensar que a base econômica e tecnológica sobre a qual se assentam grandes companhias depende do país onde elas se situam. Hiunday, Corolla, Nissan, Ford, GM, Microsoft, Apple, Samsung e outras devem muito do que são aos países onde nasceram.

A base econômica da sociedade diz muito da educação dessa sociedade, e a educação dessa sociedade diz muito sobre sua base econômica. Os Estados Unidos tem as melhores universidades do mundo, a Coreia do Sul também, o Japão igualmente e a educação desses países se mostra muito boa. Na Coreia do Sul são 7 horas diárias de estudo, e estudo de fato, não de brincadeirinha, segundo nos informa a TV Senado numa das transmissões da Comissão de Educação. Estudo de fato é professor ensinando e aluno aprendendo. Fora disso há grande chance de se tornar enrolação para passar as horas e entreter as crianças apenas.

O Brasil tem uma excelente educação! São 4 horas diárias apenas, mas a educação é muito boa, pois é exatamente o tipo de educação que interessa em um país agrário exportador, primário. Se na divisão internacional do trabalho o Brasil está incumbido de fornecer minérios, galinhas, bois e soja, a educação oferecida para a população não precisa se preocupar em preparar cérebros para alta tecnologia. Prepare-se apenas um mínimo número de pessoas e já está bom.

Em vista disso não tem porque apoiar os professores ou melhorar o salário deles. Todos sabem que com mais salário a concorrência aumenta e a vontade de preparar-se também. Aliás, é bem difícil estudar tendo que trabalhar com mais alunos, mais aulas, mais tarefas (os professores também digitam as notas e fazem boa parte do trabalho burocrático em nosso País).

Para manter a educação tão boa quanto um país agrário exportador como o nosso basta achatar os salários dos profissionais que se esfolam pela educação. Assim, no primeiro concurso da Câmara dos Deputados, publicado em 29/01/2014, há vaga para quem tem Ensino Médio e o salário é de R$ 12.286,61. Basta ter o antigo 2º Grau para ganhar mais de 6 vezes o que ganha uma professora do Município de Vilhena com ensino superior. E o dobro do que ganha uma professora de universidade com mestrado.

Esse é o melhor país do mundo, só que como País agrário exportador. Não é atoa que o produtor de soja e político Blairo Maggi declarava num debate no Congresso que não adianta dar mais dinheiro para a educação e nem mesmo o dinheiro do petróleo, pois, segundo ele, vira tudo em salário. Semana passada eu assistia isso na TV Senado, depois do almoço. Vi e ouvi o Senador Blairo Maggi repetir a afirmação de que o dinheiro para a educação vira salário e ninguém se opôs. O digníssimo ruralista Blairo Maggi, mui digno produtor de soja que assume a presidência da Comissão de Meio Ambiente, falando como se o salário dos professores fosse igual ao dele senador.
Certamente o Senador está certo. Ao menos para uma educação apropriada a um País destinado a ser agrário exportador país no qual o próprio Maggi está muito bem, obrigado. Quanto ao povo brasileiro, este tem a educação que merece isso segundo os interesses dos que estão se dando muito bem em um país meramente primário agrário exportador.




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