Laryssa tinha 17 anos e foi encontrada morta há quase dois meses no quintal de Ronaldo dos Santos Lira. Mãe da menina comenta sobre lidar com luto e ainda sofrer ameaças.
Há cerca de duas semanas, Luciana Alves, mãe de Laryssa Victória chegou do trabalho e encontrou um bilhete em seu portão que dizia: “Cuidado, sua hora de morrer vai chegar”. Ela contou ao g1 nesta segunda-feira (16) que decidiu ir embora de Rondônia com medo dessa e de outras ameaças.
O segundo bilhete que Luciana recebeu dizia: “Parabéns, você é uma mulher corajosa”. Ela contou que as mensagens surgiram depois que fez um pedido para que a Justiça bloqueasse os bens do réu pela morte de sua filha.
Laryssa tinha 17 anos e foi encontrada morta e enterrada há quase dois meses no quintal de Ronaldo dos Santos Lira, em Ouro Preto do Oeste (RO).
“Eu não sou uma pessoa de briga, uma pessoa que causa inimizade com ninguém, entendeu? Então não tem porque uma pessoa me ameaçar”, argumentou.
A mãe contou sobre o sentimento de lidar com o luto e ainda ser vítima de ameaça. Ela denunciou o caso na Polícia Civil e decidiu ir embora do estado por temer o que poderia acontecer.
“Eu fico muito revoltada porque, além de perder o maior bem da minha vida, que era a minha filha, eu ainda tenho que passar por isso. Não é fácil não, sabe?”, lamenta.
Investigação
De acordo com o delegado que acompanha o caso desde o início, Niki Locatelli, a mãe de Laryssa chegou com dois bilhetes em mãos para fazer a denúncia.
Os episódios devem ser investigados para saber se tratam de ameaça ou coação no curso de um processo judicial, quando existem atos de violência ou ameaça que tem por objetivo favorecer a si ou outra pessoa.
Mais informações não foram divulgadas porque o processo é investigado em sigilo absoluto.
Relembre o caso
O corpo de Laryssa Victória, de 17 anos, foi encontrado no dia 20 de março em uma cova no quintal da casa de Ronaldo dos Santos Lira, que é assistente social e conhecido no meio político em Ouro Preto. Ele foi preso em flagrante.
A suspeita é que Ronaldo matou a vítima usando um objeto perfurocortante e depois a enterrou na cova. O delegado Niki Locatelli afirma ter encontrado possíveis vestígios de alterações na cena do crime.
O desaparecimento
A menina estava desaparecida há dois dias. Ela saiu na noite da sexta-feira (18) para se encontrar com amigas, mas não voltou para casa. O pai da adolescente relata que procurou ela durante a madrugada e também no dia seguinte, mas não encontrou.
A polícia começou a investigar o desaparecimento e encontrou imagens de câmeras de segurança mostrando a jovem na companhia de um homem, de 36 anos, identificado como Ronaldo dos Santos Lira.
Ao redor da casa do suspeito não há muros. Os investigadores, em visita ao local, notaram que parte da terra do quintal estava mexida e do lado de fora da casa havia um colchão queimado.
“Essa terra fofa, mexida recentemente, chamou a atenção dos investigadores, onde suspeitaram que no local poderia estar o corpo da adolescente. Diante dessa suspeita, dei a ordem para entrar e escavar a terra mexida. A gente localizou o corpo ali”, relatou o delegado.
Recentemente a Justiça de Rondônia aceitou parcialmente a denúncia do Ministério Público de Rondônia (MP-RO) e Ronaldo dos Santos Lira se tornou réu pela morte de Laryssa Victória. Ele será julgado por feminicídio, estupro, fraude processual qualificada e ocultação de cadáver.
Ronaldo foi transferido da Casa de Detenção de Ouro Preto no dia 9 de abril e segue preso no presídio de Presidente Médici (RO).
Por Jaíne Quele Cruz e Rauã Araújo, g1 e Rede Amazônica