A ciência moderna tem explicado, há muito tempo, que a natureza funciona por meio da relação de causa e efeito. Os fenômenos naturais são explicados a partir dessa ideia simples e poderosa. O orgulho em ser racional e inteligente continua o mesmo, mas a racionalidade e inteligência, hoje, parece estar num lugar desconhecido: os buracos negros da desinformação.
A desinformação é um vício. O problema antigamente era de ignorância, pois nem se imaginava que certas coisas aconteciam. Felizmente a informação circula mais agora. O problema está em outro lugar: na falsidade das informações que são confirmadas pela absoluta paixão pela defesa de certos pontos de vista quase indefensáveis.
O gosto que alguns sentem por certos pontos de vista faz com que sejam extraviados o cuidado e o zelo pela verdade. A verdade é aquilo que é e não pode não ser. A verdade, contudo, se diz de muitos modos e uma afirmação falsa com aparência de verdade pode ser mais atraente do que se imagina. A atração exercida por ideias errônea se deve ao desconhecimento do que é certo ou a um objetivo que está além da verdade, como, por exemplo, a defesa de certa corrente política.
Os interesses são como o umbigo, cada um tem os seus. Dá para compreender o desejo de poder de alguns grupos políticos e econômicos. A união de esforços em tempos de campanha política sempre se dá em razão de objetivos comuns. Alcançar a vitória em uma dada eleição é o objetivo da campanha. Dividir entre si os cargos públicos é o objetivo maior daqueles que lutam para chegar ao poder.
As plataformas de governo e os programas dos partidos políticos tem a ver com o desejo de tomar posse em algum cargo público. Os benefícios advindos disso estão na esfera dos interesses de grupos. Empresários e políticos que se associam para uma campanha buscam algo que lhes interessa, o poder de decidir sobre os destinos do país, por exemplo. Isso é necessário e útil na democracia.
Desnecessário é o desconhecimento das causas e consequências das coisas. Quanto mais desconhecemos o fenômeno político mais fácil se torna apresentar propostas que são dos interesses desses grupos como se fossem do interesse de todos.
Tornar nossa visão política embaçada é o trabalho de marqueteiros e propagandistas. Não o fazem, certamente, como objetivo primeiro, mas nuançar defeitos e fazer brilhar pequenas qualidades dos candidatos é o ofício de quem é pago para fazer propaganda política. A supervalorização da imagem positiva de alguém e o ocultamento de seus erros é a função do trabalho do marqueteiro.
O erro não é exclusivo do modo como a política é conduzida. O problema maior está no desconhecimento de como a política funciona.
A falta de vontade em estudar os fenômenos da natureza levou os homens a crer em coisas das quais hoje achamos engraçado. Por exemplo, alguém que tomasse um cálice de vinho e começasse a sentir dores abdominais poderia afirmar que as dores era castigo dos deuses, quando, na verdade, eram bactérias que contaminaram a bebida. A isso chamamos de ignorância do fenômeno natural.
Na esfera do humano, como a política, a falta de conhecimento das causas e efeitos pode ser chamada de alienação. Ela ocorre quando alguém pensa que é de um jeito, quando é de outro. E, por pensar do seu jeito, espalha suas ideias tortas, aumentando a alienação.
Eu, cidadão brasileiro, não vou perder tempo brigando pelo Biden ou pelo Trump. Deixo isso para os cidadãos americanos, pois eles certamente têm seus próprios grupos de interesses. Sobre a relação de causa e efeito, há decisões políticas que nos afetam muito mais diretamente, aqui mesmo, no Brasil.