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Cemitério da Candelária a triste imagem da história de Rondônia; artigo do historiador Emmanoel Gomes

No dia 6 de junho de 2009 fiz um convite aos amigos que militam em prol da história e patrimônios culturais de Rondônia para visitarmos o Cemitério da Candelária, localidade de grande importância histórica e cultural para o nosso Estado.

Fui atendido de imediato. O professor Antônio Cândido da Silva, pessoa amável e dedicada aos estudos, autor de vários livros, artigos e poesias. Abnael Machado de Lima, Geógrafo, autor de uma rica obra, fundamental para nosso Estado, profundo conhecedor de nossa história. Lúcio Albuquerque Presidente da ACLER, Academia Rondoniense de Letras, jornalista, parceiro de muitas empreitadas e colega de trabalho. Antônio Serpa do Amaral, meu irmão Basinho, mestre da escrita sensível e sábia.

Ao chegarmos ao cemitério, nos deparamos com uma obra inacabada, abandonada e mal feita. Fizemos uma série de comentários que foi duramente recriminado pelo representante do IPHAN, Beto Bertagna. Os argumentos eram os mais variados possíveis, desde a afirmativa de que nenhum dos membros acima citados possuía conhecimento ou formação sobre restaurações, portanto não poderiam criticar a obra, até a lamentação, por não termos procurado o IPHAN antes de “fiscalizarmos” e criticarmos a referida obra de valor tão significativo para Rondônia, Brasil e o mundo.

Os produtores culturais de Rondônia devem adotar uma postura crítica em relação às obras governamentais no que se referem à cultura. O grupo que visitou o cemitério da Candelária há mais de dois anos não fez qualquer tipo de afirmativa grosseira, com interesses midiáticos, até por serem pessoas sérias e realmente preocupadas com a história e cultura rondoniense.

Beto Bertagna é um produtor cultural com uma obra reconhecida por todos, ao ser colocado na direção do IPHAN, assumiu responsabilidades pela execução de obras ligadas a sua pasta, com o devido respeito ao produtor cultural, nossas críticas são voltadas para o gerenciador da obra de restauração do Cemitério da Candelária.

Lembro-me bem que o IPHAN nos convidou uma semana depois para uma conversa. Onde foi explicado que a passarela feita de “barro” fazia parte de uma “técnica” onde, com o tempo, o material “o barro” seria integrado ao terreno do cemitério. O amigo e irmão Antônio Serpa do Amaral estava ao meu lado no momento de tal afirmativa.

O IPHAN divulgou as seguintes informações:

O projeto assinado pela arquiteta Fátima Macedo e pelo engenheiro Elexander Amaral, do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização – DEPAM visa estimular a preservação do bem tombado e divulgar o Patrimônio Histórico de Rondônia, possibilitando o acesso e o usufruto dos visitantes ao monumento.

Profissionais do IPHAN de Rondônia e de Brasília se envolveram intensamente com a história da EFMM e em especial com a do Cemitério da Candelária, de modo que a estrutura mínima a ser criada, que permitirá a visitação do Patrimônio pela população e pelos turistas que a queiram conhecer, sofresse a menor interferência possível.

Na época, o meu querido e prestativo amigo, professor Cândido foi criticado por ter feito o seguinte comentário: “Pelo pouco conhecimento que tenho de construção (mais como ajudante de pedreiro do que como engenheiro) poderia definir o concreto utilizado na construção daquelas passarelas como um concreto magro, não pelo reduzido “teor de cimento”, mas pelo elevadíssimo “teor de areia” o que significa dizer: uma porcaria”.

O Cândido que não é e nunca estudou restauração, assim como o Basinho, Lúcio Albuquerque, Abnael Machado de Lima e este claudicante historiador, realmente não somos formados em qualquer curso de restauração como alegou o IPHAN, mas também não somos tolos, imbecis, ingênuos e despossuídos de capacidade avaliativa.

 Passados mais de dois anos, da reprovação da referida “restauração” e visita ao cemitério, convido toda a população de Rondônia para conhecerem a “restauração”, agora, acredito, concluída. Com o custo aos cofres públicos da pequena fatura de R$-84.000,00. Verdade seja dita, que placa linda, com belos dizeres de mármore anunciando a obra e divulgando o Governo Federal.

História, Cultura, Patrimônio Público, infelizmente passam longe das prioridades dos nossos governantes, isso já é até redundante! Incomoda-me profundamente saber que aquilo que é posto, pelo menos em discurso, como prioridade: educação, saúde, segurança, blá, blá, blá… Estão como estão quem dirá as outras coisas.

No dia 30 de abril, mais de dois anos após a visita com meus ilustres amigos ao cemitério que estava em fase de conclusão da restauração, convidei algumas autoridades que visitaram nossa capital para conhecerem o Cemitério “restaurado” da Candelária. …  …   … Minha nossa senhora da Candelária perdoai nossas dívidas… … … Acredito que o IPHAN é que não possui conhecimentos sobre restauração… … …  Se os espíritos dos trabalhadores da Madeira Mamoré enterrados ali, assombrarem o pessoal do IPHAN… Será bem feito… Eles fazem por merecer… Que cubram muito bem seus corpos à noite, pois poderão sentir calafrios e terem seus pés puxados por algum espírito mais Marxista, Leninista ou Trotiquista, enterrado na localidade, revoltado com a “tal restauração”.

Tem praga que pega, praga de professor cocho é um perigo!

Meus queridos amigos: Silvio Santos, Basinho, Lúcio, Cândido, Abnael, Zola, Dadá, Tatá, Bubú, Baaribú, Bado, Gilson, Ceiça, Keila, Rogério Cabral, Professora Ieda, Dante, Francisco Matias, Matias Mendes, Chicão, Ocampo, Joeser, Yriarte, Átila, Marcos Biezek, Mário Miléo, Scalercio Pires e demais amigos da história e do Patrimônio Público de Rondônia. Tenho uma informação nova para todos vocês, a terra do cemitério da Candelária não gostou do barro da tal passarela… … A passarela foi rejeitada… … Ela não se integrou ao solo como queriam os restauradores e o IPHAN… … A floresta, os bichos e espíritos reprovaram a obra do IPHAN… … Até a placa, linda e cara, está sendo encoberta pelo mato. A coisa é triste, grave. Perdemos os R$-84.000,00 investidos ali.

Convido aos amigos e amigas relacionados a visitarem o cemitério, tem que ser logo ou a passarela vai passar de vez.

Vamos nos somar ao clamor dos espíritos ou quem sabe também seremos assombrados junto com o povo do IPHAN.

Emmanoel-Gomes-ArtigosTravemos nossa batalha, combate contínuo, militância séria e sem tréguas em prol da nossa história e cultura, tenho a maior felicidade de poder contar com tantos amigos e parceiros verdadeiros nessa militância, pessoas que distante de seus egos e orgulhos realmente se preocupam com essas coisas.

Amigos que se movimentam como podem para dar a essa nobre guerrilha o enfrentamento lúcido, sincero e sensível, que não possuem a preocupação de divulgar suas ações, preocupam-se sim, com um melhor trato ao nosso rico, triste e abandonado patrimônio cultural.

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