Criminosos perderam batalha jurídica para tomar fazenda e partiram para fazer um “limpa” com táticas de guerrilha
O delegado de Polícia Civil, Núbio Lopes de Oliveira, convocou à imprensa de Vilhena para uma coletiva visando repassar informações sobre a primeira fase da investigação criminal da chacina da Fazenda Vilhena que aconteceu na noite do fatídico 13 de novembro de 2021. A partir de agora inicia-se a segunda fase que investiga a participação de terceiros.
Núbio agradeceu a resposta do judiciário, já que o Ministério Público agiu com a rapidez necessária para dar prosseguimento às investigações.
As investigações concluíram que dentro da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) há um grupo de criminosos infiltrados que têm suporte jurídico e são treinados em táticas de guerrilha e sobrevivência na mata.
O grupo criminoso tentou por vias jurídicas tirar a terra das mãos de Heladio Cândido Senn, o “Nego Zen”, cujas terras se estendem desde Vilhena até Pimenta Bueno. Ao ser derrotado pela via jurídica, o grupo decidiu fazer um “limpa”.
Para ter acesso à Fazenda Vilhena há dois caminhos e havia um vigia. No dia da chacina, os guerrilheiros ficaram de tocaia no meio da mata e ficaram camuflados pelo barulho do motor gerador.
Por volta das 19h, o Nego Zen estava em seu quarto, que é revestido de metal, em companhia de seus dois netos, de 7 e 9 anos. Eles assistiam ao episódio final de uma série.
Nego Zen escutou barulho e abriu a porta do quarto, sendo atingido por uma espingarda calibre 12 entre o umbigo e o tórax, na frente dos netos. O estrago feito pela arma fez acreditar, num primeiro instante, que o coração dele tinha sido arrancado. O quarto ficou crivado das balas nas paredes de metal.
No refeitório, a esposa Sônia Maria Biavatti e três funcionários, entre eles um cozinheiro que havia sido contratado há poucos dias, foram executados de joelhos e com as mãos na cabeça. Os tiros foram feitos de cima para baixo.
O disparo que atingiu Sônia, foi da arma calibre 12, que entrou por atrás da cabeça e saiu pela face. Ela também foi atingida na escápula por uma pistola .380.
De forma planejada, um dos criminosos coletava cartuchos e quaisquer vestígio que pudesse incriminá-los. Em um balde cheio de água, foram jogados os celulares das vítimas, após serem quebrados.
Os quatro reféns, os netos, a cozinheira e mais um funcionário estiveram em cárcere privado das 19h até as 5h. Num primeiro instante, jornais locais ventilaram a suposição de que eles estariam envolvidos na chacina, mas as investigações mostraram que não.
Manelin
Após 36 dias, no dia 17 de novembro, a perícia da Polícia Civil foi acionada para comparecer até a Fazenda Pura Soja em Pimenta Bueno, em que apesar de não ser a região que a perícia abrange, acabaram se deslocando com apoio da Polícia Militar.
No local Emanoel Flauzina França, de 32 anos, mais conhecido como ” Manelin” foi assassinado pelo próprio sogro em uma briga. O sogro confessou o crime à polícia do Guaporé em Chupinguaia.
As armas usadas para o crime foram uma espingarda calibre 12 e uma pistola .380, as mesmas usadas na chacina da Fazenda Vilhena, o que levantou suspeitas.
Após varredura da Polícia Militar no barraco e no entorno, a PM encontrou tubos de PVC de 20cm com três espingardas calibre 32 desmontada, duas calibre 12 e uma carabina de pressão. Estas duas últimas haviam sido subtraídas da Fazenda Vilhena. Também haviam três balaclavas, binóculos e munições.
Os policiais seguiram indagando e os moradores apontaram outro buraco contendo revolver, colete, coturno e mochila que foram reconhecidos pelo filho do Nego Zen.
A balística confirmou que a arma calibre 12 e a pistola de “Manelin” foram usados na chacina da Fazenda Vilhena.
Organização criminosa
As investigações concluíram que pela violência e execução não houve apenas homicídio, mas o planejamento da execução do Nego Zen, que a organização chama de “Limpeza da área” que já havia sido planejada há 30 dias por integrantes infiltrados dentro da Liga dos Camponeses Pobres – LCP. Inclusive as terras já haviam sido divididas.
Eles aniquilam e executam todas as pessoas que ofereçam resistência, invadem e distribuem os lotes, para passar em nome de laranjas, vender e lucrar. O Nego Zen ofereceu resistência judicial, a justiça tinha dado ganho de causa a seu favor, por isso foi assassinado. O furto da caminhonete e dos outros objetos não faziam parte do plano.
Desta forma, os criminosos seguem para outra terras, em um ciclo sem fim.
Os assassinos
A polícia divulgou os nomes dos assassinos e, em breve divulgará as imagens dos foragidos:
- Jefferson Pereira Ramos, vulgo “Jairão”, de 28 anos (PRESO)
- Adelson de Oliveira, vulgo “Erê”, de 37 anos (PRESO)
- Wemerson Marcos da Silva, vulgo “Preto”, de 40 anos (FORAGIDO)
- Marcelo Costa Vergilato, vulgo “Xiru”, de 37 anos (FORAGIDO)
- Suesi Marcelino Rocha, vulgo “Papagaio”, de 36 anos (FORAGIDO)
- Emanoel Flauzina França, vulgo “Manelim”, de 32 anos (MORTO PELO SOGRO) era o líder.
Da redação do Rondônia em Pauta