O dia 22 de abril de 1500 ficou marcado oficialmente pela chegada dos portugueses ao território brasileiro, e esse evento é conhecido como Descobrimento do Brasil. A chegada dos portugueses é um dos resultados finais das grandes navegações, a exploração oceânica que se deu ao longo de todo o século XV. A partir desse acontecimento, iniciou-se a colonização do Brasil, embora os portugueses só tenham tomado medidas efetivas de colonização a partir de 1530.
Lembrados neste 22 de abril, os 522 anos do descobrimento do Brasil pelo almirante português Pedro Álvares Cabral revelam cartas geográficas sem nenhuma referência à Amazônia Ocidental Brasileira, onde se situa Rondônia, um Estado com apenas 40 anos de idade.
Já em 1923, a Carta Política do Brasil mostrava o Território Federal do Acre, enquanto serras, rios e raríssimos lugares do Território Federal do Guaporé deixariam de ser Mato Grosso somente duas décadas depois, em 1943.
Atualmente, Rondônia possui área de 237.590,547 km², equivalente ao território da Romênia e quase cinco vezes maior do que a Croácia.
Na segunda década do século passado, Goyas se escrevia assim, com Y, Matto Grosso com dois T, e o Pará era Grão Pará. No lugar da palavra Amazônia, quando o governo imperial se referia a lugares de nossa região citando Mato Grosso.
Um dos fatos que tornou conhecido o velho Guaporé (fronteira natural entre Brasil e Bolívia) foi a visita do médico e etnólogo belga Claude Levy-Strauss, que chegou a Guajará-Mirim em 1938.
Ele veio acompanhado do também iniciante antropólogo Luiz Castro Faria, do Museu Nacional do Rio de Janeiro, que publicou, 60 anos depois, o diário daquela viagem, resultando no livro Tristes Trópicos, em 1955.
O Guaporé tinha 12 anos quando começou a aparecer nas páginas de jornais e revistas de São Paulo e do Rio de Janeiro, e um ano depois seria denominado realmente Território Federal de Rondônia por decreto do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira.
AMAZÔNIA, AOS POUCOS CONHECIDA
Se em 1500 não se concebia a existência do Oceano Pacífico, imagine-se o continente amazônico que, no início dos anos 2000 viria a formar 59% do território brasileiro, distribuído por 755 municípios, 52 deles em Rondônia. A Amazônia representa 67% das florestas tropicais do mundo.
No século passado o extinto Território Federal do Guaporé só passou a ser conhecido, após o primeiro mapa que atestou a sua criação por decreto do ex-presidente Getúlio Dornelles Vargas, que visitou Porto Velho em 1940.
De acordo com o Guia Geográfico – História do Brasil, o mais antigo mapa conhecido do Brasil é fragmento do Planisfério Português, de autor anônimo, confeccionado clandestinamente por solicitação de Cantino, um comerciante de cavalos e espião que contrabandeou segredos de estado portugueses, para a Itália. Esse mapa mostra o que os portugueses conheciam do Brasil, em 1502.
NOVO MUNDO
A partir daquele ano começaram a ser publicados os primeiros mapas conhecidos, em que territórios do Brasil aparecem. Isso se ocorreu devido à expedição de Gonçalo Coelho, da qual Américo Vespúcio participou e que até hoje é um dos temas de aulas de História, no ensino fundamental.
Os textos de Vespúcio descreviam as terras que ele denominou de Novo Mundo e foram um sucesso na Europa.
Segundo o Guia Geográfico, talvez Vespúcio tenha sido o primeiro a afirmar que as novas terras, descobertas por Colombo e Cabral, “não eram mesmo as Índias.”
Já o cartógrafo alemão Martin Waldseemüller, entusiasmado com a riqueza das cartas de Vespúcio, batizou parte da atual América do Sul em sua homenagem. O nome América foi colocado pela primeira vez sobre o Brasil.
ATUALIZAÇÃO COMERCIAL
Grande parte dos primeiros mapas conhecidos da América Lusitana é, na verdade, produtos secundários. Os mapas detalhados, usados pelos portugueses, eram constantemente atualizados nas cartas padrões d’El-Rei, guardadas nos Armazéns da Casa da Mina e Índia, mas não chegaram até o Brasil.
Em possível comparação era como se o mapa do extinto Território Federal de Rondônia fosse divulgado, em Estados que, para cá enviaram migrantes, como detentor de grandes reservas de madeira nobre, ouro, diamantes, e outros metais e minérios cada vez mais explorados.
PACÍFICO
Um dos mais preciosos mapas da época dos descobrimentos foi elaborado pelo navegador e cosmógrafo espanhol Juan de La Cosa. Ele participou da primeira (1492) e da segunda expedição do navegador espanhol Cristóvam Colombo, bem como da expedição de Alonso de Ojeda, em 1499.
Ainda conforme o Guia Geográfico, em 1500, após seu regresso, Juan começou a confeccionar seu famoso mapa-mundi. Embaixo da ilustração de São Cristóvão, ele escreveu: Juan de la Cosa la fizo en el puerto de S: ma en año de 1500 (Juan de la Cosa o fez no porto de Santa Maria, no ano de 1500).
Posteriormente, o cosmógrafo fez outras viagens. Seu mapa foi sendo atualizado, com novas descobertas, até por volta de 1508. É dele o registro das descobertas de Colombo, Cabral, Caboto e Vasco da Gama.
EXTENSÃO DA ÁSIA
O mapa foi elaborado em uma época de revolução nos entendimentos da geografia do Planeta. Em 1500, ainda não se concebia a existência do Oceano Pacífico.
Nos primeiros anos do século 16, a América era entendida, por quase todo mundo como uma extensão da Ásia. Assim, as feições da costa americana eram uma adaptação do que se conhecia do leste asiático. O Brasil foi muito confundido com a Austrália, conta-se no Guia.
O mapa manuscrito em couro de boi mede 96 x 183cm e foi encontrado em 1832, numa loja de Paris, pelo Barão Charles Athanase Walckenaer. Após sua morte, em 1853, o mapa foi adquirido pela Espanha e atualmente se encontra no Museo Naval de Madrid.
MATO GROSSO
Um mapa político foi publicado em 1923, na Geographia-Atlas do Brasil e das cinco partes do mundo pela F. Briguiet & Cia, conforme o Atlas do Brasil do Barão Homem de Mello e do Dr. F. Homem de Mello.
O território brasileiro nem sempre possuiu a mesma característica quanto à sua divisão interna. Em outubro de 1977 Mato Grosso foi fragmentado, e, em 1982 Rondônia alcançou a condição de Estado.
Segundo dados da Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Gestão – Sepog, Rondônia é o terceiro Estado mais populoso da Região Norte, com 1,81 milhão de habitantes (IBGE). Maiores que este Estado, só o Pará e o Amazonas. Quatro municípios de Rondônia possuem população superior a 100 mil habitantes: Porto Velho, Ji-Paraná, Ariquemes e Vilhena.
MAIS MODIFICAÇÕES NO MAPA
Em 1988 ocorreram diversas modificações: os territórios federais de Roraima e Amapá foram elevados à categoria de Estado. A ilha de Fernando de Noronha, que anteriormente era considerada um território, transformou-se em município pernambucano.
No mesmo ano, Goiás se fragmentou, a porção sul do território continuou com o mesmo nome, fazendo parte da região Centro-Oeste; a porção norte deu origem ao Tocantins, que passou a integrar a região Norte.
Fonte
Texto: Montezuma Cruz (fonte História do Mundo)
Fotos: Mapas do IBGE e do Guia Geográfico da História do Brasil
Secom – Governo de Rondônia