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Imprensa, jornalismo, ação! Artigo do professor Ivanor Luiz Guarnieri

O poder dos meios de comunicação é grande, isso tudo mundo sabe. É interessante como a televisão apresentou notícias escandalosas sobre a relação promíscua do “News of the World”, e dos outros tablóides ingleses com a política e, principalmente com a famosíssima polícia da Inglaterra. A mesma polícia que assassinou o menino brasileiro Jean no metrô londrino.

Que diria Sherlock Holmes, o genial personagem de Conan Doyle sobre isso tudo? Elementar meu caro Watson. Por dinheiro alguns policiais e investigadores vendem informações para jornais inescrupulosos publicarem coisas indesejáveis da vida alheia. Notadamente se a vida alheia for de alguém importante e famoso.

Mas, já que estamos falando de algo criminoso, ou bem próximo disso, a investigação bem poderia se alargar para o ramo da sociologia e indagar por que tais coisas acontecem no país da Rainha Elizabeth.

Se for um sociólogo marxista a conduzir a investigação, dirá que é o nojento sistema capitalista que corrói a alma das pessoas e faz gente boa se vender por míseros trocados. Tudo é apelo ao consumo e os policiais, aviltados por salários baixos (tem queixas assim no primeiro mundo, acredite, ou se não tem inventa-se), se veem levados a cometer barbaridades, vendendo informações confidenciais. Ninguém é culpado, só o sistema é culpado.

Outro sociólogo irá sugerir outro tipo de análise. Que tal questionar por que os tablóides e as emissoras de televisão, seguidamente acusados de vender porcaria conseguem vendê-la cada vez mais?

É pecado acusar o distinto público que fica um tempão assistindo essas coisas. Ele é a vítima, tadinho. Pouca coisa boa é oferecida para o telespectador, então ele se vê obrigado a ver bobagem. Mas sem dúvida é incômoda a situação dos que pagam para ler e assistir picaretagem jornalística, cujo propósito é aumentar o ganho dos donos dos meios de comunicação.

O controle remoto que parecia ser um aliado no controle, descontrolou ainda mais a situação. Na luta pela audiência, sem a qual não tem dinheiro de patrocinador, alguns programas parecem enlouquecidos. “Não saia daí” é a ordem emitida seguidamente por apresentadores afoitos por um pontinho a mais no Ibope. Programas policiais pedindo em entrevista para o pai da jovem morta cruelmente detalhes do crime. Isso quando não perguntam para a pessoa o que ela está sentindo.  Jesus Amado, aonde estamos indo com a imprensa, que tanto aqui quanto lá na Inglaterra, se deteriora?

Se a amabilíssima “galera” começasse a assistir mais TV Escola, Futura, Cultura alugasse bons filmes, fosse ao cinema, etc., ou simplesmente apagasse o aparelho televisor, possivelmente as coisas mudariam.

Certo dia eu ouvi de um brilhante professor uma frase quase escandalosa aos ouvidos mais ofendidinhos, a frase é mais ou menos a seguinte: “se o poema se torna popular é porque é fraco”. Grande verdade. Senti vontade de aplaudir, mas a boa educação me recolheu ao meu cantinho. De fato, olhando para as atrações apresentadas, os programas de maior audiência são bons ou ruins? São medíocres, não no sentido negativo, mas no sentido de que são a média do que pensa boa parte da população.

O professor Antônio Cândido, emérito da USP, deu uma entrevista na qual afirmava que o Brasil tem duas culturas, a popular e a erudita, e que isso é bom. Melhor, o Brasil tinha uma cultura erudita que está desaparecendo. Num País onde Caetano Veloso e Gilberto Gil são apresentados em programas de auditório como se fossem intelectuais, dá para desconfiar de que algo está errado com a educação.

E não adianta reclamar meu caro leitor. Tanto aqui quanto no Velho Mundo, as coisas estão capengando. O Berlusconi dono da RAI que domina 36,9% do mercado italiano. Berlusconi tem também parte da ENDEMOL, aquela que distribui programas e formato de programas para mais de 20 países. Programas como o “Big Brother Brasil” só para lembrar dessa criação de alta audiência e baixa qualidade humana.  O Rupert Murdoch dono do “News of the World”, que andou grampeado celulares de muita gente, numa atitude criminosa de escuta ilegal.

Ivanor-ArtigosA coisa vai mal, mas não é de hoje. O príncipe Charles da Inglaterra, quando ainda era casado com a Diana, foi pego por um tablóide ao conversar com a amante, dizendo ao telefone que gostaria de ser o absorvente higiênico dela. Bem Diana morreu (mas não por isso, é que ela estava com outro amante em Paris, não mais o tratador de cavalos, mas um rico árabe. Opa, desculpe, quando é princesa se diz namorado, não amante que é coisa de pobre). Diana morreu, Charles se caso com a Camila que era sua amante no telefonema fatídico. Ah, como se soube disso? A polícia inglesa vendeu essa escuta para um jornal tablóide…

Logo o problema não é de hoje, e eu paro por aqui, pois isso dá ânsia de vômito. E eu que detesto essas notícias gastei tempo (o meu e o seu) pensando nisso. Juro que vou procurar melhorar o foco e a imagem no próximo artigo.




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