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Mãe de menina torturada e morta por facção diz que se filha tivesse ficado em casa as duas teriam morrido: ‘Juntas e abraçadas’

Luana tinha 15 anos foi torturada e morta após buscar "ajuda" para se proteger de ameaças feita por membro de outra facção — Foto: Facebook/Reprodução

Luana tinha 15 anos foi torturada e morta após buscar “ajuda” para se proteger de ameaças feita por membro de outra facção — Foto: Facebook/Reprodução

A mãe da adolescente Luana de Almeida Nascimento, de 15 anos, que teve o cabelo cortado com faca e depois morta a tiros por uma facção criminosa, falou pela primeira vez sobre o crime brutal ocorrido no residencial Orgulho do Madeira em Porto Velho. A investigação da Polícia Civil revela que Luana foi torturada por bandidos antes de ser assassinada no último dia 28 de dezembro.

Preferindo não se identificar, a mãe de Luana contou ao G1 nesta quarta-feira (6) como era a vida e a rotina da menina em casa.

“Se ela [Luana] fosse na padaria da esquina, eu ia com ela. A escola em que ela estudava fica a quatro quadras de onde morávamos, e eu a levava quando criança. Quando chegou agora na adolescência ela pediu para eu deixar ela andar sozinha, eu deixei. Foi quando a Luana começou a sumir. Demorava chegar em casa. Isso me preocupava, mas ela sempre voltava. A Luana achava bonito namorar esses meninos [da facção], mas ela não era da facção. Nunca deixei esse povo entrar na minha casa”, desabafa.

Formada em História, a mulher criou a única filha sempre sozinha e disse ter sido uma mãe protetora. Porém, depois da menina completar 15 anos, ela decidiu dar uma “certa liberdade” para a filha andar sozinha no Orgulho do Madeira (residencial popular da capital com cerca de 16 mil pessoas).

Dias antes da Luana ser morta, a mãe lembra ter recebido uma ligação de um membro da facção do Comando Vermelho (CV), que ofereceu “proteção” à família.

Diante de uma ameaça, segundo a mãe, Luana buscou essa ajuda protetiva no dia 24 de dezembro. Quatro dias depois, a menor foi torturada, teve os cabelos cortados com faca e morta com três tiros.

“O pessoal do CV me ligou e disse que ia proteger minha vida se eu quisesse, eu respondi que quem protegia minha vida era Deus. Eu não saí da minha casa naquele dia. A Luana se assustou porque tinha uma pessoa ameaçando lá na porta de casa. Buscou essa ‘proteção’ e acabou morta. Se eu tivesse ido atrás dela, eu estaria morta junto com ela naquela hora, mas se ela tivesse ficado [em casa], não sei, morreríamos juntas e abraçadas“, diz a mulher, emocionada.

 

A mãe da Luana desabafa que, com a morte da adolescente, o que a mantém com esperança é a justiça no caso.

“Estou devastada. Eu estou morta junto com ela. Sou uma morta viva. Pra mim nada mais importa se não saber quem fez isso com minha filha. Quero descobrir quem achou que tinha o direito de fazer isso com uma menina, uma criança. Eu nunca bati na minha filha. Esses monstros a torturaram e a mataram”, diz mãe.

 

As lembranças de Luana são, segundo a mãe, a única coisa que restaram da filha em sua vida. “Ela era uma menina boa, que ajudava quem podia. Às vezes a gente ficava sem nada pra ajudar uma outra pessoa. Luana era assim, pensava no próximo”, relembra.

Luana conhecia outra jovem achada morta

 

Ao G1, a mãe contou ainda que sua filha Luana conhecia a jovem de 18 anos identificada como Bianca Alves, que teve o corpo encontrado em um terreno baldio, também no mês de dezembro.

Segundo a mãe de Luana, a adolescente e Bianca era conhecidas e as duas chegaram a namorar um homem da mesma facção.

Tortura contra Luana

 

Horas antes do corpo de Luana ser achado, a polícia tinha sido chamada até o Residencial Orgulho do Madeira, pois haveria integrantes da facção criminosa Comando Vermelho torturando uma mulher, que seria de uma facção rival Primeiro Comando do Panda (PCP).

As investigações para saber quem são as pessoas que torturaram e mataram Luana de Almeida Nascimento, continuam. Policiais civis da Delegacia de Homicídio de Porto Velho têm recebido várias denúncias sobre o caso, e tudo está sendo apurado em sigilo.

Por G1 RO





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