Em vez de tomarem a segunda dose da CoronaVac, os servidores afirmam que receberam doses da vacina Oxford Astrazeneca. Governo de Rondônia informou que abriu investigação do caso.
Servidores dizem que vacinadores aplicaram imunizantes diferentes durante vacinação em hospital de RO — Foto: Arquivo Pessoal
Pelo menos 35 funcionários do Hospital Infantil Cosme Damião, em Porto Velho, tomaram doses de vacinas diferentes contra a Covid-19. Segundo denúncias feitas à Rede Amazônica nesta terça-feira (23), em vez de tomarem a segunda dose da CoronaVac, os servidores receberam doses da vacina Oxford Astrazeneca. O governo de Rondônia já abriu investigação do caso.
De acordo com relato de vários servidores, na segunda-feira (22) foi marcado uma ‘campanha de vacinação’ interna na unidade, para os profissionais de saúde, e houve uma confusão e desorganização na hora de aplicar os imunizantes.
Isso porque dois vacinadores teriam sido enviados ao hospital, sendo um para aplicar a primeira dose de AstraZeneca (em funcionários que ainda não tinham sido imunizados), e outro vacinador para aplicar a segunda dose de CoronaVac (para aqueles que tomaram a primeira dose em janeiro).
Segundo relata um profissional de saúde que foi imunizado de forma errada, os vacinadores não teriam sido orientados e nem se atentaram ao frasco, aplicando assim o imunizante trocado em várias pessoas.
Fotos dos comprovantes de imunização, feitas pelos profissionais da saúde, mostram que a numeração dos lotes de vacinas aplicados nos servidores são diferentes. Segundo os servidores, o lote de n° 2010040 é da vacina CoronaVac e o lote de n° 4120Z005 é da Oxford Astrazeneca (veja imagem abaixo).
Comprovante de vacinação indica que n° de lotes aplicados são diferentes, dizem servidores da saúde em RO — Foto: Arquivo Pessoal
“Mesmo a gente informando que era segunda dose da CoronaVac, muitas colegas tomaram a primeira dose de outra vacina [Oxford Astrazeneca], mesmo a gente falando ‘é minha segunda dose'”, disse o servidor, sem querer se identificar.
Outro profissional relata: “Não é a questão: ‘ah foi a colega que errou’. É porque um vacinador era responsável por uma vacina e a outro era responsável por outra. A questão é que não foi orientado direito, não foi esclarecido antes de aplicar os imunizantes”.
O servidor da saúde imunizado de forma errada também afirma não entender como houve essa troca na hora da aplicação, pois o lote entregue contém o nome no frasco, nome nas caixas e na nota fiscal.
“Na embalagem está escrito ‘vírus inativado’. A CoronaVac é de vírus inativado e a Oxford Astrazeneca é de vírus vivo”, explica.
À Rede Amazônica, uma servidora que recebeu a dose de vacina diferente fala sobre o medo de uma reação e o desespero dos colegas.
“Tem muita gente apavorada, morrendo de medo. Tem colega que não para de chorar, desesperado, com medo e não sabe o que vai acontecer. A gente procura informação, o que já falou ontem é que a gente se lascou e tomou a vacina errada, é isso. E agora como a gente fica?”, questiona.
O que dizem as autoridades de saúde?
Em nota, a assessoria de imprensa do governo de Rondônia informou que a Secretaria de Saúde do estado já está investigando as denúncias sobre aplicação de “tipos de vacinas diferentes em profissionais da Saúde que atuam na linha de frente no Hospital Infantil Cosme e Damião”.
Ainda conforme reiterou o estado, a aplicação dos imunizantes é de responsabilidade das prefeituras e cabe aos municípios realizarem os treinamentos.
“Neste caso específico, a prefeitura de Porto Velho pediu apoio ao Hospital para aplicar as vacinas nos servidores da unidade. Os profissionais de Saúde inseridos no grupo prioritário, que possivelmente tenham recebido as doses, já estão sendo acompanhados e recebem toda a assistência”.
Já a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) também ressaltou que investiga o caso. “O Ministério da Saúde já foi comunicado. Por fim, a Semusa reitera seu compromisso em trabalhar com celeridade e transferência para elucidar os fatos, com respeito aos profissionais envolvidos bem como com a população de Porto Velho”, explica a nota.
Por Beatriz Maciel, Rede Amazônica