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Na dúvida não ultrapasse

Gostaria de trazer aqui ouro e incenso para a discussão. Mas a palavra deste artigo não brilha nem perfuma, apenas expõe ideias acerca de um Brasil que vejo arquear sob o peso dos descaminhos.

Convocado a pagar a conta dos erros que não são seus, o brasileiro médio vê de modo opaco os problemas que o envolvem. Diante da tremenda discussão sobre a liberação das drogas, ou descriminalização, ou o nome que se queira dar a isso, debates tem sido produzido.

No Senado Federal, local próprio para debater, reuniões presididas pelo senador Cristovam Buarque, e mostradas na TV Senado, mostram-no ouvindo com paciência o badalo do sino bater nos dois extremos do círculo de opiniões opostas. Os totalmente contra versus os totalmente a favor e os respectivos argumentos em defesa de suas propostas. Questiona o Senador como fazer a liberação, ou, caso contrário, como diminuir a violência causada pelo comércio ilegal de entorpecentes.

Um dos principais argumentos para liberação das drogas é o combate ao crime. A ideia é que tirando o comércio de drogas da ilegalidade, a violência diminua. Mas a possibilidade contrária, de que haja liberação e a violência continue, sequer é mencionada. Num país cuja venda de produtos piratas é enorme é difícil imaginar que uma vez legalizado o comércio de entorpecentes não continue existindo um comércio ‘paralelo’, tão ou mais poderoso ainda do que o atualmente ilegal.

Enquanto se debate a questão o Brasil tarda em produzir remédios a partir da maconha. Mães e crianças com problemas neurológicos sérios desabafam as dificuldades em importar o produto dos Estado Unidos, devido a burocracia e o custo elevado do medicamento. Por um lado o Estado Brasileiro tem controle rígido quando se trata de algo que poderia ser legalizado e produzido em laboratórios de renome no país. Por outro lado, esse mesmo Estado, com suas leis em profusão, mostra fraqueza no combate ao crime, o que resulta em cenas de violência estampadas todo dia nos telejornais.

Enquanto médicos neurologistas alertavam no debate no Senado acerca dos perigos das drogas, inclusive da maconha, outros advogam que o álcool e o cigarro também alteram o comportamento, pois também afetam o cérebro e, no entanto, são liberados para consumo. Isso implica dizer que um equívoco justifica o outro. Mas talvez isso tudo não seja equívoco para nós no ocidente. Liberdade total e o cidadão que decida se quer usar ou não e pronto.

No Brasil de nossos dias em que o certo está errado e o errado está certo, qualquer um que se meta a pensar e querer discutir sobre o assunto se vê em apuros. Se disser sim poderá ser enquadrado na lei como incitação ao uso de drogas. Se dizer não, será mal visto por algumas minorias que ditam a pauta da democracia brasileira. O discurso aceito, e contra o qual a imprensa não se coloca, é o do socialismo a moda brasileira. A violência tem algo a ver com isso, já que os ditos estados socialistas mataram mais de 100.000 em Cuba e 50.000.000 na União Soviética, mas isso os esquerdistas não querem nem ouvir falar.

Voltando ao Brasil, é curioso perceber que a iniciativa do debate acerca da liberação das drogas vem na sequência das dificuldades de o Estado Brasileiro combater o crime. Quem acredita que com a liberação os crimes diminuiriam no país pode acreditar em qualquer coisa. Inclusive na ideia de que o Estado não tem nada a ver com violência, e, portanto, a culpa é só dos traficantes.

As mortes no trânsito somam cerca de 50.000 vítimas por ano. No último levantamento feito pela ONU em 2012, o Brasil contribuiu com 50.108 mortos dos 437.000 assassinados no mundo naquele ano. A todo momento os telejornais apresentam criminosos praticando o que sabem fazer, sendo presos pela polícia e em seguida quase invariavelmente a informação de que deveriam estar presos, ou estavam presos mas ganharam liberdade condicional, ou, pior ainda, depois de atropelar e matar, o sujeito foi ‘ouvido e liberado’, porque a Lei é a Lei e ponto final. Eu contra a Lei não discuto, pois não sou louco de discutir algo tão sério num país onde o que é sério não é levado a sério. Bem, cada leitor deve recordar inúmeros outros problemas de insegurança em nosso País.

Ivanor-ArtigosEnquanto isso o que temos é debate e mais debate. Solução nenhuma à vista. As soluções são substituídas por discursos e falatórios políticos. Choram as mães dos mortos, choram as mães dos apenados colocados em presídios desumanos. Tremem de medo os cidadãos. E o Estado brasileiro inerte sangra a economia do País em impostos que pouco ajudam a proteger a vida.

Que se deve fazer? Em momentos precários como o atual, talvez o melhor é seguir o conselho das placas de trânsito: “Na dúvida, não ultrapasse”; sejam porém construídos caminhos mais seguros.




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