Se você se sentir meio estranho, com sensação de não saber bem que mundo é esse não se angustie, seja bem vindo ao desconcerto da pós-modernidade.
[dropcap]O[/dropcap] mundo de antes parecia ser mais seguro, oferecia posições firmes sobre as coisas e a verdade era um bem estimado publicamente. Hoje, a verdade parece que passou a ser patrimônio de cada um e os valores dependem da opinião própria. Em meio a tantos caminhos possíveis e sociedades diferentes, perguntar qual a melhor e qual o mais correto recebe geralmente a mesma resposta, a de que a melhor sociedade e o caminho correto é aquele ao qual pertencemos.
Sendo assim que motivos temos para aprender, para ir a escola e buscar o saber? Já não nos bastaria o que sabemos? Não porque, tanto quanto a anterior, a sociedade pós-moderna e relativista continua exigindo soluções para os problemas. Bem, os problemas são teimosos como sabemos, eles insistem em não se deixar resolver enquanto não forem encontradas as respostas adequadas. Por isso a escola, o estudo e a boa preparação continuam sendo valorizadas, afinal os profissionais que lidam com problemas precisam buscar as melhores respostas e soluções. Por profissionais entendem-se aqui todos. Isso mesmo, se você estiver com problema de saúde, o médico; se for jurídico, o advogado; se for de aprendizagem, o professor, e assim por diante. Podemos concordar com a relatividade das opiniões, mas é improvável que aceitemos palpites em mesas de cirurgia, em processos litigiosos e, espero, também sobre a educação de nossos filhos.
Nessa altura você deve estar se perguntando como ser um bom profissional. Isso depende de muitos fatores, mas existem algumas respostas óbvias, entre as quais a de que tudo está nos livros. Logo, leia livros. Você não será o único a ler, mas poderá ser um daqueles mais bem preparados graças à boa leitura.
A profusão de textos disponíveis aqui e acolá, na internet e nas prateleiras pode sugerir que estamos lendo mais. Sem dúvida, mas a população aumentou muito, e a escolaridade também é maior que a de outrora. Escritos para gostos variados não faltam. O gosto, porém cada um tem o seu, e persistir nas mesmas coisas pouco acrescentará a sua formação. É forçoso reconhecer a necessidade de ir além do habitual e ver coisas de outras áreas além da própria.
Somos formados por aquilo que lemos e, se como ensina Michel Montaigne, mais vale uma cabeça bem feita do que uma excessivamente cheia também é claro que as boas cabeças nunca são vazias. A questão é com que as cabeças estão sendo cheias. Textos agradáveis são os mais desejados, mas podem ser enganadores. Se o leitor sente facilidade demais é porque pouco está conhecendo, está apenas lendo aquilo que já sabe. Claro que um texto não precisa ser hermético, dificílimo. Nem toda água que impede que vejamos o fundo do rio é profunda, ela pode apenas estar suja. Textos difíceis podem estar borrados de falsa erudição, perceptíveis no uso de expressões e palavras fora de moda ou muito rebuscadas. Que textos escolher? Aqueles que satisfaçam a necessidade de conhecer o mundo são um bom ponto de partida.
Estudar, seguir uma carreira, ler muito, concluir o ensino superior é indicativo de força de vontade aliada ao senso de oportunidade. Se você desejar ser professor então nem se fala. Aquele que se coloca para ensinar precisa antes de tudo aprender e continuar a aprender continuamente num ciclo virtuoso de conhecimentos que se desdobram ao infinito. Estudar sempre, fazer cursos sempre, colar graus, seja concluindo o ensino superior, ou o mestrado ou o doutorado.
Agora, a julgar pelo texto do professor Francisco Xavier Gomes intitulado “A Educação de Júlio Olivar”, se você pretendeu ser secretário da educação de Rondônia, não se preocupe com isso. Talvez baste estar bem articulado politicamente para mandar naqueles que estudavam durante os anos em que você esteve longe da escola. O problema é saber se será um bom profissional, preparado para resolver os problemas da educação. Mas isso já é querer demais nesse mundo desafinado e estranho do pós-moderno.