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O El Dorado; artigo do professor e historiador Emmanoel Gomes

Conta uma antiga lenda que bem distante, no interior da floresta, existia um reino onde seus palácios, casas e ruas eram construídas e adornadas com ouro.

[dropcap]T[/dropcap]odos os dias ao amanhecer, o rei, chamado El Dorado, que significa: “aquele que é encoberto de ouro”, tomava um banho com óleos perfumados e naturais, sobre seu corpo um grupo de guerreiras lindas, jovens e virgens, sopravam uma fina camada de ouro em pó, de forma que toda a sua pele ficava revestida do precioso metal.

Após esse preparo, o mesmo, acompanhado pelas lindas jovens caminhava por seu reino, visitando os templos e as obras públicas, que eram todas feitas de ouro e adornadas com pedras preciosas, aproveitava também para cumprimentar os seus súditos.

Ao fim da tarde se encaminhava para um belo lago de águas transparentes onde se banhava, deixando lá no fundo todo o ouro que encobria o seu corpo.

EldoradoMuitas expedições buscaram esse reino fantástico sem nunca encontrá-lo. O que moveu verdadeiramente a economia colonial amazônica foi a busca, exploração e coleta das drogas do sertão, que eram as especiarias regionais, como; Cacau, Castanha do Pará, Canela, Urucum, Guaraná, Salsa Parrilha e demais produtos que serviam à culinária, à indústria farmacêutica e perfumaria da época.

Entre os aventureiros que comandaram as primeiras expedições, podemos citar: Francisco de Orellana, intrépido navegador espanhol, credita-se a ele o descobrimento do grande rio Amazonas, por ele navegado, desde a nascente nos Andes, entre os anos de 1540 e 1541.

A expedição de Gonzalo Pizarro, nascido em Trujillo, Espanha, em 1502, que faleceu em Jaquijaguana, atual Peru, participou da conquista do Império Inca junto com seu irmão Francisco Pizarro, que o nomeou governador de Quito. Organizou uma grande expedição para explorar o mítico país das canelas. Durante a conquista, Gonzalo se destacou como um dos mais corruptos, brutais e cruéis conquistadores do Novo Mundo, sendo muito mais agressivo contra os nativos e os incas que seus outros irmãos.

Francisco de Orellana
Francisco de Orellana

Vamos reproduzir um relato, extraído do livro “Breve História do Amazonas” Pág. 24 e 25, do Historiador Marcio Souza, que conta como foi a expedição de Gonzalo Pizarro.

Em fevereiro de 1541, Gonzalo Pizarro partiu de Quito, conduzindo 220 cavaleiros armados e encouraçados, milhares de lhamas para transporte de alimentos, 2000 porcos, 2000 cães que os espanhóis atiçavam contra os índios, dando origem à expressão “atirar aos cães”, largamente utilizada ainda hoje. A tropa era também reforçada por 4.000 índios da montanha, condenados a morrer no clima úmido e calorento da selva.

Francisco Orellana, que estava em Guaiaquil, chega depois da partida da expedição, exausto quase sem dinheiro, devido aos gastos para equipar seus 23 seguidores. Assim mesmo, embora com pouca comida e ignorando as advertências das autoridades de Quito, Orellana segue em busca de seu líder, sobrevivendo aos ataques de índios e logrando alcançar a tropa quando já estava quase passando fome. Orellana e seus seguidores estavam sem nada, apenas com suas armas, mas foram recebidos com alegria por Gonzalo, que deu a Orellana o título de comandante geral das forças combinadas.

Desde as primeiras semanas, a expedição sofre pesadas baixas. Em menos de quinze dias, mais de 100 índios já tinham morrido de frio e de maus tratos. Mas, quando entraram na selva, as coisas ficaram ainda piores. Chovia muito e a água enferrujava os equipamentos e limitava a visibilidade. O terreno era pantanoso, com lama e muitos rios para atravessar. Cavalgar num terreno como esse era impossível, o que fragilizava os espanhóis.

Quando as condições realmente se tornaram difíceis, Pizarro decidiu avançar com oitenta espanhóis a pé. Caminharam durante dois meses, com algumas baixas, e encontraram árvores de canela, mas tão afastadas umas das outras que não forneciam interesse econômico. Ao encontrar índios, Pizarro perguntava onde ficavam os vales e as planícies, mas esta era uma informação que ninguém sabia dar. Invariavelmente Pizarro atiçava seus cães contra os índios ou matava um por um com requintes de crueldade.

Finalmente, depois de muitas privações, Pizarro decidiu voltar. Mas encontraram uma tribo que lhes falou de um reino poderoso, muito rico, que existia mais abaixo do rio. Esta era uma história que qualquer um teria inventado para se ver livre daqueles arrogantes visitantes, mas os índios não contavam com a brutalidade de Pizarro. O chefe da tribo foi feito prisioneiro, e os que resistiram foram trucidados a tiros de arcabuz.

Quase dez meses depois, eles ainda estavam no rio Napo, tinham perdido praticamente todos os índios trazidos de Quinto e comido quase todos os porcos. Pizarro não tinha muitas opções e a mais razoável teria sido voltar. Mas os espanhóis não estavam no Novo Mundo para praticar a cautela e o senso comum. Por isso, quando Orellana se ofereceu para embarcar no bergantim e descer o rio em busca de comida, Pizarro aceitou, mas advertindo-o que deveria regressar em menos de quinze dias.

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O bergantim foi carregado com as armas de fogo, toda a carga pesada e um pouco de comida. Orellana ia comandar sessenta homens, inclusive um cronista, frei Gaspar de Carvajal, conterrâneo de Orellana e Pizarro, que tinha vindo ao Peru para estabelecer o primeiro convento dominicano no país.

Foi o espanhol Francisco Pinzon quem batizou o atual rio Amazonas com o seu primeiro nome, Santa Maria de Mar Dulce, Santa Maria de Mar Doce, se tornando o primeiro europeu a navegar no grande rio.

Os índios chamavam o grande rio de “Pará Açu”, que significa grande lago.

Os viajantes citados não desenvolveram uma política de ocupação da Amazônia Brasileira. A ocupação e colonização do Brasil só vão acontecer a partir da expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza em 1530.

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