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O homem e a letra; artigo do professor Ivanor Luiz Guarnieri

livroEMMANOEL(1)Conta-nos Platão de uma história antiga, segundo a qual teria sido o deus Toth, cultuado pelos egípcios, quem ensinou os homens a escrever. Até então contar história era uma questão de memória, repassá-la era ainda mais dependente de cérebros capazes de rememorar ditos antigos.

Depois de inventada a escrita pelos mesopotâmios, egípcios e outras civilizações, a palavra pôde ser aprisionada em sinais gráficos, e, assim, ser conduzida para vários lugares, presa ao papel, ou a rolos de papiro.

O livro, como nós o conhecemos, é uma invenção de um santo da Igreja Católica. São Jerônimo (342-420) e seu zelo pelas letras, criador do Códice. Manuscrito ainda, endereçado aos amigos frades a quem prezava partilhar seus conhecimentos e estudos.

O homem pouco seria sem esse precioso aliado. O livro instrui e comunica. Paciente, espera na estante até que alguém o abra para então começar a falar. Instrui, emociona, diverte e, como outros amigos, às vezes, também entedia, quando a leitura é uma obrigação, e não por vivo interesse, feita por uma razão externa, como uma prova ou trabalho escolar.

Paixão é uma palavra de origem grega pathos, que significa doença. Estar apaixonado é adoecer pelo objeto de desejo. Mas é uma boa doença essa de apaixonar-se por livros. Estar cativado pelos livros é querer conhecer o mundo conhecendo-se a si mesmo através da leitura. O mundo de outras pessoas, transcrito no papel, partilhado com o leitor, alimenta os homens mutuamente.

Pensei nessas coisas ao contemplar com vivo interesse um evento edificante. Vou contar o que vi no Edifício Capra, aqui em Vilhena, numa sexta-feira de julho de 2011.

 Homens de preto, sinal da elegância que exuberava naquele recinto, se moviam animados em um espaço centralizado. Um microfone, música ao vivo e viva, translúcida em vários momentos, pois além de bem escolhidas, executadas com maestria.

Poemas, sim, poemas. Não daqueles poemas famosos, que estão nos livros escolares e cujos autores são velhos conhecidos dos acadêmicos. Mas poemas com cheiro da terra e frescor da mata. Frutos do esforço inicial do poeta, que logo se transforma em torrente de inspiração para dizer, de modo simples, e por isso agradável, o que vai à alma.

O que conduziram aquelas pessoas, e a mim também, é o bom amigo Livro. De fato, o evento atingia em alguns momentos o sentido de celebração. Discursos se sucediam. Tudo em torno da obra e da vida. A obra: “Rondônia: a terra que se fez Eldorado para todos os seus filhos”, escrita por Emmanoel Gomes, com a colaboração de Hugo Silva e ilustrações de Mikéliton. A vida dos autores que se colocam como presença e criaram a obra, e a vida de muitos que figuram no transcurso da história rondoniana sobre a qual vivemos.

O discurso de Emmanoel Gomes figurou entre emocionado e lúcido, como é próprio dos que sabem o que dizem. Humilde alertou que a obra não é só sua. Grande verdade. Livro nenhum é só de um autor, pois quem escreve bebeu em outros livros, outras fontes e documentos. Mas é de Emmanoel sim, que num lampejo de sabedoria feliz decidiu executar o projeto.

O livro é ricamente ilustrado, suavemente escrito, é destinado à família, e, principalmente às crianças. Quem tomá-lo nas mãos, e deslizar os olhos no colorido papel, perceberá um conjunto que vai do espaço, com a bela imagem do planeta Terra, até alguns detalhes da história de Rondônia. Transcorrer a obra para ler; mais que isso, “Rondônia”, de Emmanoel Gomes, é um passeio no qual é possível contemplar imagens e sons. O efeito da mistura de ilustrações e palavras dá isso, imagens e sons de um tempo que é também o nosso. “Guaporé Rubber Company”, “Madeira Mamoré”, “Abinael Machado”, “BR-364” e tantos outros nomes, expressões, lugares, pessoas, aparecem na paisagem que se desdobra em cada página que conta um pouco dessa terra, carinhosamente chamada pelo autor de “Eldorado”.

Ivanor-ArtigosA Academia Vilhenense de Letras, os amigos e convidados tiveram uma noite agradabilíssima, que girou em torno do livro e seus autores. Prova de que, desde sua invenção, a escrita pode congregar homens em função do que é belo e grandioso. Homens simples e lúcidos, conhecedores do passado e com visão de futuro que, com seu trabalho e suas obras ajudam a construir a grandeza de Nossa Terra. Terra que, como os livros, só é possível gostar se a conhecer. Eis uma das grandes contribuições de “Rondônia” de nosso amabilíssimo autor.




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