Ao parecer a intervenção cumpriu o seu objetivo. Obra artística é ação do Projeto de Extensão (re)Trilhar Espaços desenvolvido pelo curso de Arquitetura e Urbanismo do IFRO Campus Vilhena
Prefeito Flori criticou e cobrou explicações do DNIT (veja AQUI), por outro lado presidente da Fundação Cultural, Eliton Costa, defendeu a obra explicando do que se tratava.
Através do Projeto de Extensão (re)Trilhar Espaços, estudantes de arquitetura e urbanismo do Instituto Federal de Rondônia (IFRO) Campus Vilhena desenvolveram uma intervenção artística intitulada “Ninho”, na rotatória que interliga as rodovias BR 174 e BR 364. O projeto tem a coordenação dos professores Ariane Zambon Miranda (IFRO Campus Vilhena) e Rodrigo Casteleira (UNIR-Vilhena).
A intervenção tem como propósito instigar as pessoas a refletirem sobre os hábitos de consumo e o meio ambiente, de forma indireta, gerando diálogos e discussões, e, a partir disso, refletir sobre vários cenários e questões.
A coordenadora explicou que o tema foi definido partindo da preocupação geral sobre o grande volume de resíduos produzidos e o que acontece com eles, e também sobre a própria natureza urbana, que quase não existe, e que precisa utilizar resíduos para gerar habitat, como o caso dos pássaros que frequentemente são vistos utilizando sacolas e outros resíduos para construírem os seus ninhos.
“E vamos além, trazemos outro ponto para o nosso olhar: e a nossa casa, o nosso ‘ninho’? Estamos escolhendo o material para viver dentro? Estamos morando dentro de algo que é bom ou que é ruim? Assim, a ideia é tanto pensarmos nos resíduos e na falta de descarte adequado, quanto pensar no nosso papel de consumidor: “o que eu escolho para a minha vida, e coloco na minha rotina?’. É comum vermos essas discussões no campo da nutrição, onde há muitos questionamentos sobre o consumo de alimentos com agrotóxicos, por exemplo, mas na arquitetura as pessoas não costumam refletir: ‘a tinta que você usa não faz mal para você e seus filhos?’, ou ‘o material com que é construído a sua parede, é adequado para você e sua família?’, e, além disso, pensar em todo o ciclo de vida do produto, desde a degradação que a extração da matéria-prima causa ao meio ambiente, até o processo de fabricação/beneficiamento e transporte, o quanto isso de alguma forma vai interferir na qualidade de vida e no meio natural. É pensar no ciclo de vida inteiro do produto, e pensar no nosso papel escolhendo no que a gente vive”, explica a docente.
A data escolhida para a intervenção se relaciona com o Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 05 de junho, trazendo o tema para discussões. Por isso, a escultura foi construída inteiramente com materiais de refugo e, após a finalização da exposição, a equipe do projeto fará a desmontagem e entrega dos materiais à cooperativa de catadores de resíduos para que tenham uma destinação final adequada.
A visualização da peça estará disponível até o dia 11/06/2023, e todo o processo foi feito com autorização prévia do DNIT e contou com o acompanhamento da PRF para que a equipe não fizesse nada inadequado ao trânsito ou se expusesse a riscos.
“O objetivo maior é fazer as pessoas pensarem sobre assuntos, a ideia da intervenção artística não é fechar uma mensagem, como vemos em outdoors, por exemplo. A ideia é simplesmente fazer as pessoas pensarem sobre assuntos, e nem sempre vão pensar exatamente de acordo com a nossa proposta, podem surgir outras interpretações, em outros caminhos. O mais importante é gerar conversas, e a partir desses diálogos e discussões, pensar em vários cenários e várias questões. A ideia é repensar o que são as coisas, mudar o olhar, pois muitas vezes passamos muito desatentos pelos lugares e deixamos de observar ao redor, queremos que as pessoas não só passem pelos lugares, mas vivam os lugares. Nossa proposta é justamente instigar as pessoas a conversarem, criando um cenário para propor esses temas”, esclareceu Ariane.
A estudante Sarah Gabrielly Martins de Souza espera que a intervenção possa “conscientizar a população de Vilhena quanto à produção de resíduos em larga escala, e que esses mesmos resíduos não estão sendo descartados corretamente, o simples fato de separar o lixo ou até mesmo não jogá-lo no chão já é uma forma de contribuir com o meio ambiente. O próprio ‘Ninho’ quer dizer isso, nós temos visto cada vez mais os animais da nossa fauna utilizando esses resíduos para a construção de suas casas ou ninhos, e a toxidade desses materiais está diminuindo a quantidade deles ao longo do tempo. Espero que as pessoas passem a pensar em como estão contribuindo com o meio ambiente, uma vez que se continuarmos assim não teremos a abundância de vegetação e animais em nossa cidade. São pequenas coisas que fazemos que ajudam a mudar a cidade. Pode não parecer muito, mas se cada um faz a sua parte estaremos melhorando nosso espaço”.
Por Rondônia em Pauta