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Policial investigado por tentar impedir ato contra Bolsonaro em RO ganha cargo na diretoria da PRF

Allyson Simensato foi nomeado como coordenador de Combate ao Crime da PRF. Ele foi filmado ordenando que manifestantes abaixassem faixas contra o então presidente, no início de 2022.

Policiais pedem para manifestantes baixarem faixas de protesto contra Bolsonaro em Porto Velho — Foto: Reprodução/Redes Sociais

O Ministério da Justiça nomeou o policial rodoviário federal Allyson Simensato da Silva para o cargo de coordenador-geral de Combate ao Crime da Diretoria de Operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Em fevereiro de 2022, durante uma ação da PRF em Porto Velho (RO), Allyson Simensato foi filmado ordenando que manifestantes abaixassem faixas (veja AQUI) com dizeres contra o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e parassem com o protesto.

Outros policiais aparecem no vídeo, que circulou nas redes sociais. O episódio levou o Ministério Público Federal em Rondônia a abrir uma investigação contra o policial rodoviário por suposto cerceamento de liberdade de expressão.

Em nota, o policial disse que não cometeu irregularidades (veja mais detalhes aqui).

O ato aconteceu nas proximidades do Centro Político Administrativo do Governo de Rondônia (CPA), em Porto Velho, onde Bolsonaro se reuniria com Pedro Castillo, então presidente do Peru.

Nas imagens, é possível ver que o grupo de manifestantes estava na esquina do CPA, fora do “cercadinho” que comumente era montado para eventos com o ex-presidente. Os participantes do protesto seguravam cartazes com frases, como “Fora Bolsonaro” e com mensagens à favor da ciência.

O vídeo mostra alguns policiais se aproximando dos manifestantes e dando ordem para que eles guardassem as faixas. Confira diálogo registrado na gravação:

  • Policial: “Nenhuma manifestação com faixa, por favor. Nenhuma faixa.”
  • Manifestante: “Dentro do cercado tudo bem, mas aqui a gente pode.”
  • Policial: “Não interessa […] toda área aqui é uma área de isolamento policial, nós estamos solicitando que não tenha manifestação com faixa. Não tô nem lendo o que está escrito na faixa. Abaixa a faixa, por favor”.

Na sequência, manifestantes tentam dialogar e o agente responde: “Se o senhor não obedecer vai ser conduzido. Estou dando uma ordem pro senhor. Se não obedecer vai ser conduzido por desobediência”.

Manifestantes que estavam no local afirmaram que viram a ação dos policiais como tom de “ameaça” e “tentativa de intimidação”.

“Eles disseram que poderíamos ser presos por isso. Foi nesse momento que recuamos porque poderíamos sofrer prisões arbitrárias”, disse Ocelio Muniz, coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragem e Frente Brasil Popular em RO.

Investigação

Simensato chegou a ser investigado pelo MPF por abuso de autoridade (veja AQUI). Essa parte da apuração, contudo, foi arquivada, mas o Ministério Público pediu para seguir com uma outra frente de investigação: cerceamento ao direito de liberdade de expressão.

Segundo o MPF-RO, esse inquérito segue em andamento, ou seja, Simensato ainda é alvo de investigação.

À época da atuação dos agentes na manifestação, a PRF disse que “em ambientes abertos, dentro do perímetro de circulação da comitiva presidencial, é proibida a utilização de quaisquer faixas e bandeiras, na medida em que elas podem ser utilizadas também com a finalidade de agressão”, afirmou o órgão em nota.

Procurado pelo g1, o policial Allyson Simensato divulgou nota que diz que, “para garantir a segurança das autoridades presentes, as equipes deveriam observar e orientar os populares presentes a não utilização de faixas/cartazes/bandeiras, independente do conteúdo e do posicionamento político, a favor ou contra” o então presidente.

O documento também afirma que não houve irregularidade na conduta do agente da PRF e que “as ações [dos policiais] devem ser pautadas na ética e no profissionalismo, nos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, independente de crenças pessoais ou políticas”.

Por Camila Bomfim, GloboNews — Brasília





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