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Reeducandas de Porto Velho e Vilhena participam de webinário sobre benefício da leitura no sistema prisional

Karen Caroline contou seu testemunho e a experiência com a leitura dentro do sistema prisional

O Governo de Rondônia, por meio da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), em parceria com a Escola Superior de Contas (ESCon), realizou na última quarta-feira (7) o programa “Boas Contas” e abordou a temática “Escrevendo Histórias: Webinário sobre Práticas de Leitura em Prisões de Rondônia”. O webinário foi transmitido ao vivo pelo canal do YouTube da Escola da Magistratura do Estado de Rondônia (Emeron) e contou com a participação das reeducandas das unidades prisionais de Porto Velho e Vilhena. O evento também foi realizado conjuntamente com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Em Vilhena, a diretora-geral do Presídio Feminino, Cristiane Garcia da Silva, explicou que o principal objetivo do evento é apresentar às detentas experiências e relatos, casos e debates que possam ampliar e fortalecer a prática da leitura nos estabelecimentos prisionais.

“A leitura é essencial na vida de todos. E a ressocialização acontece por meio da educação. O nível de escolaridade da maioria das reeducandas é o fundamental incompleto, essas palestras servem para estimular e incentivá-las nas atividades escolares e na vida”, conta Cristiane.

A diretora é também bibliotecária e responsável pela execução de três projetos para criação de bibliotecas no sistema prisional, sendo uma no Presídio Feminino, uma no Presídio 470 e outra no Urso Branco, em Porto Velho. Todas elaboradas e montadas com recursos da Justiça Estadual.

Cristiane também destaca que as ações que envolvem leitura, como o incentivo de resenhas de livros e palestras, além de trazer mais informações para as reeducandas, podem ser levadas para vida pós cumprimento de pena, principalmente. Lembrando que as atividades educacionais também contribuem como remição de pena.

No presídio feminino de Vilhena, 28 reeducandas participaram do webnário que contou com uma extensa programação, contendo palestras, testemunhos e debates. O evento também contou com uma mesa de honra composta por autoridades representantes do CNJ, da Emeron, do Tribunal de Justiça (TJ-RO) e do Departamento Penitenciário (Depen).

BOAS CONTAS

O programa Boas Contas é desenvolvido desde 2017 e tem o objetivo de capacitar todos os participantes na prática de leituras e produção de texto. Além das atividades escolares, 16 agentes também participam do curso de Técnico de Agropecuária, ofertado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (Ifro).

Cristiane ressalta que, em razão da pandemia, a realização de aulas presenciais está vedada, porém as detentas recebem as atividades impressas, estudam o conteúdo dentro das celas e uma comissão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) realiza a correção das resenhas elaboradas na unidade de Vilhena.

Em Vilhena, 28 detentas assistiram as palestras

Adriana Alves, 40 anos, está há cinco meses cumprindo pena no presídio em Vilhena. Ela conta que criou uma paixão pela leitura. “Fiquei nove anos fora do sistema, agora cumprindo minha pena, encontrei aqui a paixão pela leitura. Às vezes até esqueço que estou presa, ocupo meu tempo lendo e amo escrever. Agora estou lendo ‘Armadilha de Dante’”. Das obras lidas, a reeducanda revela que as obras de Machado de Assis são os seus preferidos, mas destaca que o livro “A Cabana” e “Branca Carruagem”, do escritor Manoel Geraldo Schott, de Ariquemes também chamaram sua atenção.

A ex-detenta Karen Carolina teve uma participação especial durante a live, contando sua experiência dentro da unidade prisional em Porto Velho, onde ficou por dois anos e oito meses.

“Quando eu percebi que eu era capaz de ler um livro com mais de cem páginas, ali eu pude entender que eu tinha que mudar de alguma forma. Cheguei à biblioteca e encontrei um livro com a capa muito feia, julguei o livro pela capa (risos), dei uma folheada e li o sumário, pensei logo ‘esse livro deve ser bom’ e conforme cada página que eu ia passando e a cada capítulo o meu ponto de vista ia mudando. No último capítulo, aborda sobre o crime e como as pessoas se sentiam quando praticavam algum crime. Ali eu percebi que precisava mudar. Esse livro é o ‘Como entender melhor a vida do que as pessoas’, escrito pelo psiquiatra Dr. Edmundo Maia”, contou.

Karen apresentou outros livros e falou sobre a paixão pela leitura e os benefícios enquanto estava detida, além de destacar a importância de mais investimento mais nessa área.

O Juiz Corregedor da Vara de Execuções Penais de Vilhena, Adriano Lima Toldo, acompanhou todo o evento e manifestou-se destacando uma fala de Sérgio Vaz: “é um ícone e conta com uma linguagem simples e profundidade admirável, ‘O fanático é como palito de fósforo. Alienado dentro da caixa serve a qualquer causa incendiária.’”. Toldo enalteceu o projeto de remição pela leitura e disse que se deve fazer ajustes na Portaria para se adequar às regras da Resolução CNJ n. 391/2021, inclusive para incentivar ainda mais o exercício de leitura nas três unidades prisionais da Comarca de Vilhena.


Fonte
Texto: Jesica Labajos
Fotos: Jesica Labajos
Secom – Governo de Rondônia





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