Setembro é o mês dedicado para alertar sobre possíveis sinais de que uma pessoa pense em tirar a própria vida. Este dia 10 é considerado o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio e, em busca de incentivar os cuidados com a saúde mental, o Governo de Rondônia, por meio da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), está retomando as atividades de acompanhamento dos casos de pessoas que atentaram contra a vida, e também as famílias.
Em todo o país, as campanhas do “Setembro Amarelo” têm o intuito de conscientizar a população e atrair a atenção aos programas de acolhimento, com diálogos e discussões, além da valorização à vida.
Segundo a médica epidemiologista e gerente técnica da Vigilância Epidemiológica (Agevisa), Arlete Baldez, as ações envolvem o monitoramento para averiguar reflexo causados pela pandemia. Ela explica que os dados são registrados pela equipe da Agevisa que busca identificar os casos, onde está ocorrendo, quais as circunstâncias e também o primeiro acesso e contato com as famílias da vítima. “Os trabalhos são realizados de forma integral, identificamos os dados e a questão de estruturação de atendimento familiar é realizada pela Sesau (Secretaria de Estado da Saúde), por meio da Gerência de programas estratégicos em saúde (Gpes)”.
Trabalhando as medidas de prevenção e controle, a Agevisa busca caracterizar os dados identificando sexo, faixa etária e local. A parcial de ocorrências da autodestruição é avaliada, ano após ano. Em 2014, a média de ações concretizadas contra a vida era de 80 casos. Houve um aumento para o ano de 2015, quando foram registrados mais de 120 casos. “Nós esperávamos que durante a pandemia tivesse um reflexo, devido ao isolamento social, porém observamos um ano antes da pandemia, foram registrados 140 casos de autodestruição, já no primeiro ano de pandemia tivemos o registro de 117 casos”, conta Arlete.
Os dados da Agevisa, esclarece a profissional, revelam que 76,7% de casos registrados em Rondônia envolvem pessoas do sexo masculino e 23,3% são do sexo feminino. A faixa etária coincide para ambos os sexos, com predominância entre 20 a 49 anos. Apesar de haver apontamentos em quase todos os municípios do Estado, Porto Velho, Ariquemes, Vilhena e Cacoal são os locais que mais registram casos de tentativas e autodestruição.
“A autodestruição não passa somente pelo setor de saúde, é uma ação conjunta com a educação, empregos e ação social. São trabalhos realizados em parceria e com uma boa coordenação para que as ações tenham um impacto melhor”, enfatiza Arlete Baldez, que também lamenta pelo período que as equipes deixaram de trabalhar de forma intensa devido à pandemia.
“Estamos retomando os trabalhos em todos os outros programas. Temos ciência que, devido à pandemia, poderemos ter reflexos no número de casos, por isso, já voltamos a fortalecer nossas parcerias, revendo os dados e buscando estratégias”, afirma a gerente técnica.
O diretor-geral da Agevisa, Gilvander Gregório de Lima, destaca os quatro sentimentos que frequentemente ocorrem na pessoa que está com a ideia de morte autoprovocada. Esses sentimentos são conhecidos como os 4D, que significa “Depressão, Desesperança, Desamparo e Desemprego”.
“Quando a pessoa começa a ter pensamentos e conversas relacionadas à autodestruição, é porque ela já chegou ao limite, apresentando o desprezo pela vida, então qualquer situação, por menor que seja, torna-se um gatilho”, conta.
Gilvander Gregório de Lima destaca que o apoio da família e amigos próximos é primordial e que todos devem estar atentos aos sinais e comportamentos, pois a pessoa depressiva começa a apresentar condutas e mudanças de rotina. “A família deve estar atenta aos comportamentos e buscar ajuda imediatamente, não aguardar. É necessário mostrar preocupação com a vida da pessoa e caso ela realize qualquer tentativa contra a vida, conduzi-la imediatamente ao pronto-socorro”.
A Organização Mundial da Saúde estima que, a cada 40 segundos, uma pessoa tenta autoextermínio no mundo e há indicações de que, para cada adulto que morreu por autodestruição, pode ter havido mais de outras 20 tentativas. No entanto, essas ações contra a própria vida são evitáveis e para isso é necessário ter uma rede de apoio à saúde para acolher essas pessoas.
O Núcleo de Saúde Ocupacional (NSO) da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) está desenvolvendo uma programação para chamar a atenção da sociedade civil quanto a importância a prevenção ao suicídio.
PROGRAMAÇÃO
Todas as quintas-feiras de setembro
16.09 – Live “Saúde emocional do profissional da educação nos tempos atuais” – 9h às 11h
Convidados: Daniel Amaral (psicólogo) e Val Marques (psicóloga)
23.09 – Live “Autolesão não suicida e suicida: informar para ajudar” – 9h às 11h
Convidados: Thaís Francine de Paula (psicóloga), Marcos Antonio Sueyassu (médico neuropediatra), Clícia Henriques (psicóloga).
30.09 – Workshop autocuidado em tempo de crise: psicologia das emergências e desatres; psicoeducação e promoção da vida – 8h às 12h
Convidados: Leonardo Abrahão (psicólogo), Magaly Silva de Oliveira (psicóloga), Elizete Gonçalves (psicóloga).
Fonte
Texto: Jesica Labajos
Fotos: Frank Nery
Secom – Governo de Rondônia