Duas funções importantes estão vinculadas ao funcionamento dos ovários: 1) a formação de folículos, 2) a produção de hormônios sexuais femininos.
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é mais bem descrita como uma doença endócrina que produz desequilíbrio no funcionamento dos ovários. A frequência de apresentação desta doença entre as mulheres em idade reprodutiva é de 3% a 10%.
A síndrome foi descrita pela primeira vez por Stein e Leventhal em 1935, os quais observaram uma associação entre ausência de menstruação (amenorréia), hirsutismo (Hirsutismo: crescimento excessivo de pelos na mulher, com características de distribuição masculina) e obesidade na mulher. Os ovários com aspecto policístico eram aumentados de volume bilateralmente mostrando um colar com múltiplos cistos.
A síndrome de ovários policísticos foi considerada como uma desordem da esfera reprodutiva, pela presença de distúrbio menstrual e consequente infertilidade, e uma desordem estética pelo desenvolvimento de características masculinas, como aumento de pelos no peito, abdômen e face, assim como ao redor dos mamilos (chamado hirsutismo) por ação dos hormônios masculinos chamados andrógenos (testosterona).
Hoje a síndrome de ovário policístico é tida também como um importante fator de risco de doença cardiovascular pela presença de obesidade, resistência à insulina e hipertensão arterial.
A Síndrome de Ovários Policísticos é responsável por alterações do ciclo menstrual, infertilidade e prejuízos estéticos devido a acne, hirsutismo e obesidade. E comprometimento precoce do sistema vascular.
As principais características da síndrome de ovários policísticos são:
1 ) Alterações no ciclo menstrual: a síndrome de ovários policísticos é a causa mais comum de falha na menstruação, períodos menstruais irregulares que podem ser mais o menos frequentes, variando de muito leves a muito intensos por causa da anovulação (anovulação significa ausência de ovulação). Menstruar não significa necessariamente ovular.
2 ) Formações císticas múltiplas em ambos ovários, identificadas através da ultrassonografia (presença de 12 ou mais folículos medindo entre 2 mm e 9 mm de diâmetro ou aumento do volume ovariano maior de 10 cm3). Sabe-se que ciclos anovulatórios repetidos condicionam ovários com aspecto policístico, com o consequente incremento da produção de hormônios masculinos (testosterona).
3 ) Supressão da produção cíclica de estradiol pelos ovários.
4 ) Produção excessiva de hormônios androgênicos (hormônios masculinos, testosterona), que ocasionando dermatite seborreica, caída do cabelo, acne e leve hirsutismo.
5 ) Infertilidade ocasionada pela Anovulação.
Os ovários das mulheres afetadas pela Síndrome de Ovário Policístico apresentam-se em geral aumentados de tamanho, os ovários possuem volume duas vezes maior que o normal pela existência de uma anormalidade ovariana intrínseca, devido a isto ocorre o aparecimento de múltiplos cistos.
O evento endocrinológico mais destacado nas mulheres afetadas pela SÍNDROME DE OVÁRIOS POLICÍSTICOS é o acentuado aumento das concentrações sanguíneas de hormônios masculinos, que se expressam por hirsutismo, alopecia (caída do cabelo) e acne.
Os problemas das mulheres associados à síndrome de ovários policísticos vão alem dos distúrbios menstruais, incluem também distúrbios na função reprodutiva, como a infertilidade, repercussões obstétricas como a perda fetal precoce, abortos de repetição, o diabetes gestacional, a hipertensão arterial na gravidez, e as consequências metabólicas como colesterol e triglicerídeos elevados, e maior risco cardiovascular a longo prazo.
Condições associadas da Síndrome dos Ovários Policísticos
Obesidade
A obesidade está presente em aproximadamente 50% das mulheres com SOP, dados do ambulatório do Hospital das Clínicas de São Paulo evidenciam que 36% das mulheres com o diagnóstico de síndrome de ovário policístico são obesas, incidência menor que a observada na estatística americana de 45% a 70%.
As pacientes obesas com SOP possuem concentrações maiores de testosterona que pacientes com SOP não obesas.
A obesidade está associada ao risco aumentado de abortos no 1º trimestre da gravidez.
Resistencia à insulina
Sabe-se que em media 60% das mulheres afetadas por SOP apresentam resistência à insulina e níveis de Insulina em sangue aumentados. Alguns ensaios têm demonstrado que o aumento de insulina no sangue induz o aumento de andrógenos. As mulheres que apresentam, previamente à gravidez, resistência à insulina têm um risco maior de desenvolver diabetes gestacional.
A hipertensão induzida pela gravidez relaciona-se com a resistência a insulina.
Diagnóstico por ultrassonografia
A ultrassonografía pélvica ou endovaginal complementa a avaliação diagnostica de SOP e também pode afastar a presença de um tumor ovariano. A aparência policística dos ovários é característica pela presença de doze ou mais folículos entre 2 a 9 mm de diâmetro e ou volume ovariano maior do que 10 cm³.
Diagnóstico laboratorial
Devem-se avaliar os níveis dos hormônios de estrogênio, hormônio luteinizante (LH), hormônio folículo estimulante (FSH), níveis de Prolactina, hormônio masculino (Testosterona Total ou Livre), e a determinação de Insulina.
Tratamento
Se a paciente optar por tratar, as seguintes opções estão disponíveis:
Dieta e mudança do estilo de vida, perda de peso e a prática regular de exercícios físicos.
Medidas cosméticas: depilação, raspagem, eletrólise. Todas estas opções apresentam uma resposta satisfatória e não agravam o problema de base nem estimulam o crescimento de pêlo.
Medida medicamentosa para a abordagem terapêutica especifica das manifestações clinicas da anovulação, o tratamento tem como objetivo restaurar a função ovulatória, e consequentemente, a regularidade dos ciclos menstruais e a fertilidade, reduzir a testosterona livre, diminuir a resistência periférica à insulina e prevenir as complicações cardiovasculares.
[print-me]