O médico do pronto socorro frequentemente é solicitado para avaliar pacientes com dor abdominal. Sua principal preocupação é realizar uma avaliação que permita distinguir os quadros abdominais agudos que requerem cirurgia de aqueles que podem ser tratados clinicamente.
[pullquote]Dor abdominal é uma das queixas mais frequentes em serviços de emergências, constituindo em grande desafio diagnóstico e terapêutico para o médico.[/pullquote]
[dropcap]P[/dropcap]ode ser causado por doenças benignas, como diarréia aguda ou dispepsia, mas também por doenças mais graves como úlcera perfurada, gravidez ectópica rota ou trombose mesentérica.
Na maioria das vezes a dor abdominal não indica nenhuma doença séria, é devida a cólicas intestinais associadas à alimentação gordurosa ou a intoxicações alimentares.
A dor abdominal preocupante é aquela que dura várias horas, muitas vezes dias, que é de grande intensidade, que está associada a vômitos ou febre.
O interior da cavidade abdominal e recoberto por uma membrana serosa sensitiva, esta membrana se chama peritônio e recobre as vísceras e a parede abdominal.
Estímulos sensitivos intensos ao peritônio provocam a dor, que pode ser: bem localizada, intensa, aguda ou vaga.
Os quadros inflamatórios têm início com dor de fraca intensidade, pouco precisa na sua localização. Sua evolução com o passar das horas revela o diagnóstico, como no caso da apendicite aguda.
Nos casos de perfuração intestinal, a dor é intensa desde o início, com piora progressiva do estado geral.
A dor em cólica inicia subitamente e com forte intensidade, seguindo-se períodos de atenuação ou de ausência da dor.
Nos quadros hemorrágicos como ruptura de aorta, perfuração de vísceras, ruptura de cisto de ovário ou embaraço ectópico aparece hipotensão arterial súbita e o paciente vai a choque.
Início súbito de dor abdominal pode apontar para litíase renal, colecistite calculosa aguda ou uma causa cirúrgica.
Uma dor que se inicia após exercício físico pode indicar laceração ou hematoma muscular como de músculo reto abdominal.
Dor que se inicia após alimentação pode indicar colecistopatia calculosa, doença ulcerosa gástrica.
Os vômitos também podem acompanhar a dor pelo intenso estímulo do peritônio.
A falta de apetite acompanha a maioria dos quadros inflamatórios e infecciosos abdominais.
O exame físico deve ser o mais completo para que seja possível determinar a causa de dor abdominal. Febre pode sugerir infecção, embora a sua ausência não possa descartá-la.
A aparência do doente orienta ao médico ao diagnóstico por exemplo: paciente com peritonite costuma ficar parado, pois a movimentação pode piorar a dor. Já aquele com cólica renal fica inquieto e não encontra uma posição de alívio.
PRINCIPALES CAUSAS DE DOR ABDOMINAL
APENDICITE AGUDA: É a mais frequente, nos casos típicos a dor se localiza ao redor do umbigo é de baixa intensidade, migrando ao quadrante inferior direito do abdômen, acompanha-se de náuseas vômitos, falta de apetite e febre.
PANCREATITE AGUDA: A apresentação típica é a dor em “faixa” no abdômen superior. Pancreatite é a inflamação do pâncreas que normalmente ocorre em pessoas que abusam de bebidas alcoólicas. A pancreatite aguda costuma surgir de um a três dias após um quadro de grande ingestão de álcool, apresentando-se como uma intensa dor em toda a região superior do abdômen. A dor dura vários dias, costuma estar acompanhada de vômitos e piora após a alimentação.
GASTRITE E ÚLCERA PÉPTICA: Uma dor em queimação na região superior do abdômen, principalmente no epigástrio. Esse tipo de dor na barriga é chamado de dispepsia e costuma surgir quando o estomago está vazio. A intensidade da dor é muito variável e não serve para distinguir a úlcera de uma simples gastrite. A presença de sangue nas fezes ou vômitos com sangue associados a um quadro de dispepsia costuma indicar uma úlcera sangrante.
COLECISTITE: A colecistite aguda é caracterizada por dor no quadrante superior direito do abdômen, em cólica de início súbito geralmente pôs-alimentar, acompanhada de náuseas, vômitos biliosos, febre. A ultrassonografia abdominal confirma o diagnóstico.
CÁLCULO RENAL (PEDRAS NOS RINS): O cálculo renal se manifesta com dor intensa em cólica em região lombar, irradiada região genital. Acompanhada de dor para urinar e sangue na urina. A radiografia simples de abdômen e a ultrassonografia abdominal é útil no diagnóstico e identifica complicações.
DOR ABDOMINAL FUNCIONAL: É pouco frequente, mais comum no sexo feminino, eventualmente, pode-se identificar fator desencadeante relacionado a problemas pessoais, crises no trabalho, morte ou doença grave de entes queridos, ansiedade, depressão.
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