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Justiça nega habeas corpus a atirador acusado de matar jovem por causa de ‘cavalo de pau’ em Ji-Paraná

Camila Barros Dias, de 20 anos, morreu ao ser baleada em Ji-Paraná — Foto: Facebook/Reprodução

Ministério Público ofereceu denúncia contra o empresário por homicídio triplamente qualificado. Defesa pediu soltura do acusado, mas foi negada pela Justiça.

A Justiça negou, na segunda-feira (14), a liminar que pedia a soltura de Adalton da Silva Lopes, de 56 anos. O empresário é acusado de atirar contra um carro que fazia “cavalo de pau” e matar a jovem Camila Barros Dias em Ji-Paraná (RO).

Na decisão, o desembargador Valdeci Castellar Citon levou em consideração a gravidade do delito pelo qual o empresário é acusado e a possibilidade de fuga, que poderia prejudicar o andamento do caso.

Adalton foi preso em flagrante no dia seguinte ao crime, 27 de janeiro, após confessar ter atirado contra o veículo onde Camila estava. No mesmo dia, a Justiça converteu a prisão de flagrante para preventiva e o acusado permanece preso desde então.

De acordo com a polícia, o acusado é atirador profissional há anos e possui um clube de tiro na cidade.

O crime

O crime aconteceu dia 26 de janeiro deste ano. Camila estava com uma caminhonete acompanhada de amigos, um deles menor de idade, fazendo a manobra conhecida como “cavalo de pau” em um depósito de areia de Ji-Paraná. O local fica na mesma propriedade da residência do acusado.

Eles foram a área duas vezes, na segunda perceberam que o carro estava sendo atingido por tiros e começaram a fugir. Pelo menos sete disparos atingiram a lataria do carro, sendo que um deles atravessou e atingiu o tórax de Camila. Ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos.

Em depoimento, o empresário alegou que agiu em legítima defesa, pois achou que sua propriedade estava sendo invadida. Segundo ele, algumas pessoas suspeitas vinham frequentando seu clube de tiros e em certa ocasião ele foi “seguido”. Ele também contou que a caminhonete estava arremessando pedregulhos contra a parede de sua casa.

Inicialmente, conforme o delegado responsável pelo caso, não haviam indícios suficientes para configurar um caso de legítima defesa. Segundo a polícia, como o suspeito possui certa perícia no manuseio de armas, ao atirar contra o carro, ele assumiu o risco do que poderia acontecer.

Denúncia do MP

Na última semana, o Ministério Público de Rondônia (MP-RO) apresentou denúncia contra o empresário por homicídio doloso triplamente qualificado, após conclusão do inquérito policial.

Segundo o MP, ao atirar contra o veículo, Adalton assumiu os riscos de provocar as mortes dos ocupantes, por motivo fútil e sem dar às vítimas a possibilidade de defesa, já que os tiros foram disparados enquanto eles estavam em fuga.

O Ministério ainda aponta que o crime gerou perigo para outras pessoas, já que os disparos também foram realizados contra a rodovia estadual RO-135, um condomínio e um loteamento urbano, locais de livre circulação de pessoas ou com centenas de moradores e frequentadores.

A denúncia foi encaminhada ao Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO) e pode ser julgada pelo Tribunal do Júri da comarca de Ji-Paraná.

Ao g1, a defesa do acusado afirmou que ele não tinha a intenção de matar Camila e busca provar isso. Argumentou também que ele “preenche todos os requisitos para responder o processo em liberdade”.

Confira a nota da defesa na íntegra:

“A assessoria jurídica do Sr. Adalton da Silva Lopes deposita o crédito na justiça rondoniense, e que não irá poupar esforços para provar ao longo do processo criminal que o que fatos acontecidos não se tratam de homicídio doloso (quando existe a intenção de matar), por se tratar de culpa inconsciente. Esclarece ainda a Defesa, que ele preenche todos os requisitos do rigor da lei para responder o processo em liberdade por se tratar de fato isolado em sua vida, e aguarda o julgamento do Habeas Corpus junto ao Tribunal de Justiça de Rondônia. Por fim, ele relembra que também é pai, e lamenta muito a morte de Camila, que pede a Deus para que conforte o coração de sua família nesse momento.”

Por Jaíne Quele Cruz e Victória Ferreira, g1 RO e Rede Amazônica





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