O principal evento que marca a colonização recente do território federal de Rondônia e a transformação do mesmo em Estado, foi a abertura da BR 029, posterior 364.
A “estrada das onças” como ficaria conhecida mais tarde, tem sua origem ligada ao então Governador do Território Federal do Guaporé Aluizio Pinheiro Ferreira que em 1943 inicia sua abertura tendo como ponto inicial Porto Velho. Inicialmente, a rodovia foi chamada de 029.
Essa iniciativa avançou algumas dezenas de quilômetros rumo à localidade de Ariquemes.
No que pese a iniciativa do então primeiro Governador do Território Federal do Guaporé recém criado, foi somente 17 anos mais tarde que a estrada realmente saiu do plano teórico para o plano prático.
A iniciativa foi do então Governador Paulo Nunes Leal, como é relatado em seu livro “O Outro Braço da Cruz”, quando o mesmo assedia o então Presidente JK para construir a estrada.
Juscelino Kubistchek aceitou o desafio e iniciou a obra que foi feita em muito pouco tempo, após um ano de trabalho o Presidente visitou a localidade de Vilhena para derrubar, simbolicamente a última árvore na divisa entre o Mato Grosso e as terras do então Território Federal de Rondônia.
Com a abertura da rodovia, o caminho estava livre para a gigantesca migração que não demorou a acontecer.
Milhares de famílias, em sua maioria, sulistas buscavam sua terra prometida e com eles, garimpeiros, grileiros e madeireiros, todos os “eiros” da vida pareciam querer aportar nestas bandas, para de alguma maneira construir seus sonhos e devaneios.
As pessoas que buscavam um pedaço de terra para garantirem sua sobrevivência foram motivadas a se instalarem na Amazônia Rondoniense sem a estrutura básica necessária. Os últimos quarenta anos são exemplos claros de como não se deve promover uma política de Reforma Agrária.
A BR-364, foi erguida nos caminhos de Rondon, para o traçado foram utilizados os estudos do grande General da Paz.
Nosso ilustre Rondon, provavelmente não sabia que seus estudos, trabalhos, levantamentos e apontamentos geográficos, geológicos, estudos sobre flora e fauna serviriam para auxiliar a abertura da principal “artéria” do nosso Estado.
A BR-364 foi o mais importante passo para o desenvolvimento regional das terras de Rondon.
Com os seringais, nos tempos anteriores, surgiram praticamente dois municípios: Guajará Mirim e Porto Velho. Com a abertura da BR 364 foram surgindo povoamentos em todas as localidades, principalmente nas margens da nova estrada. Hoje, contamos com mais 50 municípios totalizando com Porto Velho e Guajará Mirim 52 municípios, todos em fraco desenvolvimento.
EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO DE RONDÔNIA DE 1950 A 2000.
ANO ÁREA URBANA ÁREA RURAL TOTAL
1950 13.816 23.119 36.935
1960 30.186 39.606 69. 792
1970 59.564 51.500 111.064
1980 227.856 263.213 491. 069
1991 658.172 472.702 1.130.874
1996 762.755 466.551 1.229. 306
2000 884.523 495.264 1.379.787
INFORMAÇÕES ATUAIS:
População atual do Estado de Rondônia segundo os últimos:
População:1.560.501 (2010)
População em idade escolar: 447.847 (2000)
PIB (R$ 1.000,00): R$ 17.888.005,00 (2008)
Renda Média (R$): R$ 553,00 (2009)
Fonte: IBGE
Taxa de analfabetismo:
10 a 14 anos: 1,8 %
15 ou mais: 9,8 %
Fonte: PNAD/IBGE – 2009
O INCRA foi o principal instrumento governamental encarregado dos projetos de colonização, onde se destacaram o PIC, Projeto Integrado de Colonização com lotes de 50 a 100 hectares, criado em julho de 1970, com área total de 250 mil hectares, tivemos o Pic denominado Sidney Girão, em Guajará-Mirim, com área de 200 mil hectares; PIC Gy-Paraná, criado em 1972 na BR-364, com área de 400 mil hectares; PIC Paulo de Assis Ribeiro, criado em Colorado do Oeste no ano de 1973.
Outro modelo de colonização foi o PAD, Projeto de Assentamentos Dirigidos, um pouco maior que o Pic com lotes de 100 a 250 hectares criado em 1971; o PAD Burareiro, em Ariquemes no ano de 1974 para incentivar a plantação de Cacau; PAD Mal. Dutra, criado em 1975 para exploração agropecuária; e, ainda em 1975, o PIC Ouro Preto e o PAD Adolpho Roll.
De 1970 a 1984 foram realizados assentamentos em área superior a 3,6 milhões de hectares, beneficiando milhares de agricultores. Criou-se, ainda, o Projeto Fundiário Alto Madeira em Porto Velho, o Projeto Fundiário Ouro Preto, o Projeto Fundiário Corumbiara em Pimenta Bueno e o Projeto Fundiário Guajará-Mirim, que contribuíram para o desenvolvimento da região.
Deve-se acrescentar que o INCRA realmente atuava com presteza e agilidade, seus técnicos não mediram esforços para o êxito dos Projetos, sendo que entre 1980 e 1988 desenvolveram condições para a criação dos municípios de Machadinho do Oeste, Cujubim, Seringueiras, São Felipe, Castanheiras e Buritis.
Foi graças à regularização das terras que surgiram grandes cidades ainda na década de setenta, obrigando o Governo a promover nova divisão geográfica com a criação dos municípios de Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal, Pimenta Bueno e Vilhena. E finalmente criar, pela Lei complementar nº 41, o Estado de Rondônia que hoje possui 238.512,80 quilômetros quadrados, correspondendo a 2,86% da superfície do Brasil e 6,79% da região norte.
Quando da posse como primeiro Governador do Estado de Rondônia, Teixeirão assim se manifestou: “Venham brasileiros de todo o Brasil, venham gentes de todos os povos. Rondônia oferece trabalho, solidariedade e respeito. Tragam seus sonhos, anseios e ilusões, compartilhem tudo isso com este povo admirável, assumam com ele os problemas e as dificuldades naturais na trajetória em busca do grande destino do Brasil.”
Em 1970, a população era de 100 mil habitantes. De 1979 a 1982 a população de Rondônia cresceu mais de 57%, passando de 423 mil para 608 mil. Atualmente está estimada em mais de um milhão e meio de habitantes.
O ordenamento agrário no Estado de Rondônia ocorreu no decorrer de trinta anos com ações discriminatórias de terras, separando as públicas das particulares. Quando o INCRA entrou no Território em 1970, 75% da superfície de sua área foi discriminada, arrecadada e matriculada em nome do Governo Federal. O restante corresponde a áreas institucionais, indígenas, reservas biológicas, florestas nacionais, estações ecológicas, reservas extrativistas, áreas de refúgio faunístico.
O setor agropecuário do Estado de Rondônia concentra a principal fonte de renda da sua economia. Entretanto, os sucessivos planos ambientais e/ou de proteção indígena, ou ainda, as reservas de matas obrigatórias, tornaram indisponíveis para exploração cerca de 56% (cinquenta e seis por cento) de sua área territorial.
Na atualidade foram desencadeados projetos gigantescos que ameaçam o equilíbrio ecológico, esses projetos são compostos por novas estradas, ampliação das redes urbanas em praticamente todos os municípios, a expansão da agricultura, principalmente o soja, e expansão da pecuária. Some a tudo isso os mega projetos que envolvem hidroelétricas como as do Madeira e as pontes do rio Madeira.
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