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A revolução de ideias: artigo do professor Ivanor Luiz Guarnieri

Aos ricos tudo se perdoa, aos pobres quase nada se desculpa.

Ao nascer a pessoa já carrega a marca de sua origem. Tudo pode mudar se ela mudar, mas, em geral, fica na mesma.

É na família que a pessoa aprende o que sabe. Com aquilo que sabe a pessoa se posiciona a respeito dos assuntos mais diversos que a afrontam na vida.

Alguém poderia dizer: “eu penso assim, e falo o que penso! ” Bem, essa pessoa poderia desconfiar que aquilo que fala não é dela. Ao menos não é só dela. Aquilo que alguém fala é o eco da sociedade que fala por sua boca.

A convicção pessoal é só da pessoa. A convicção é criada pelas informações que a pessoa recebe desde pequena. As informações não são da própria pessoa. Seria absurdo pensar que a própria pessoa cria as informações que aprende. Contudo, o interesse pelas informações varia muito e o interesse é como o umbigo, cada um tem o seu.

A admiração pelos ricos e o desprezo pelos pobres é uma constante na sociedade. Ser bem-sucedido implica ter posses. Ser rico é ser bem visto, admirado, não sem uma pontinha de inveja, às vezes. Você que me lê pode não concordar com isso. Eu mesmo não gosto de tocar nesses assuntos mais asquerosos, ou seja, de comparação entre tipos de pessoas. Mas, às vezes, é inevitável que enfrentemos assuntos desagradáveis, pois nem só de perfumaria vivem as publicações.

Em geral gostamos de ouvir que “mais vale ser do que ter”. O pensamento de que a pessoa vale pelo que ela é (e não pelo que ela tem) traz certo conforto. Por outro lado, é doloroso pensar que quem nada tem, nada é.

A beleza de algumas frases pode esconder a feiura da realidade. É lindo pensar que Deus nos ama e que, perante Ele, somos todos iguais. Mas para quem vive esta vida em situação de penúria, esperar pela outra vida pode ser uma demora e tanto. Então, esperar pelo paraíso que só é acessado depois da morte não parece uma proposta muito tentadora. Sei o que dirão, que é preciso ter fé. Multidões vão aos ofícios religiosos em todo mundo, buscam a salvação, claro. A salvação exige a observância da própria conduta. Ora, pelo número de crimes que assombram o noticiário, a preocupação com o mundo pós-morte deve ter diminuído um bocado.

Mas que tal pensar na possibilidade de usufruir do paraíso também nessa existência? Para isso, precisaríamos de uma nova sociedade. Para construir essa nova sociedade é necessário mudar o modo como pensamos. Ora, mudar o modo de pensar depende de novas ideias. Isso é bem difícil, em razão das convicções pessoais e dos interesses de quem está bem na sociedade.

A Revolução magnífica não se faz com máquinas de guerra, se faz com ideias. Digo isso, pois o ser humano se comunica pela linguagem. A linguagem transporta conhecimentos que se difundem dentro das inteligências das pessoas. Quem controla a linguagem controla o corpo social. A prova disso é o modo como se vê propagar mensagens nas redes sociais, com frases e discursos que afirmam coisas mais próximas da loucura do que da razoabilidade. Vendo algumas postagens, chego a pensar: quem colocou isso na cabeça dessa pessoa?

A Revolução se faz pelo Educação. Nada de grandioso se fará sem conhecimento. As ideias só mudam para o bem comum se vierem acompanhadas de conhecimento, dentro de debate democrático, com argumentos lógicos. A educação tem recebido muito apoio verbal, a escola muita crítica e desamparo. Assim não é fácil revolucionar as ideias.

Se a frase “aos ricos tudo se perdoa, aos pobres quase nada se desculpa”[que eu li parecido em algum lugar] pareceu forte, tente observar o tratamento dado aos que têm posse e o desprezo que recebem os miseráveis. Bem, somos todos iguais, mas tratar igualmente ricos e pobres é raro; tão raro quanto admitir que é preciso mudar de ideias.





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