Segundo a polícia, homem confessou ter matado a ex a tiros no meio da festa. Durante tiroteio, outras três pessoas ficaram feridas.
Rayane Ferreira Nascimento, que foi vítima de feminicídio no último domingo (24) em Alta Floresta do Oeste (RO), já havia avisado à família que sofria ameaças do ex-companheiro. Nesta terça-feira (26), o g1 teve acesso a trechos de trocas de mensagens entre a vítima e a mãe, onde Rayane conta que queria paz.
As imagens abaixo mostram o desabafo da filha para a mãe. Segundo a vítima, o ex não aceitava o fim do relacionamento e teria dito que “nunca iria deixar ela para outro”.
Nesta outra troca de mensagens, a vítima diz à mãe que há dois anos chorava implorando a Deus por uma solução.
Durante o velório de Rayane, na segunda-feira (25), a tia da vítima, Sandra Rosa Ferreira, confirmou que a jovem era ameaçada.
“Ele ameaçou ela por anos e anos sem a gente saber, até que ela foi encorajada pela mãe, por mim, pelo pai, a denunciar ele, abrir a boca e contar à polícia”.
Ela teve um relacionamento com o suspeito por 12 anos e eles estavam separados há 60 dias. A tia da vítima também contou que com o fim do relacionamento, a sobrinha estava feliz.
“Ela estava ficando independente. Ela estava conquistando as coisas dela, ela estava comprando a primeira moto dela, e por isso ela foi à festa. Não tem como explicar o tamanho da dor de se perder alguém dessa forma. A gente cria um filho, pois era isso que minha sobrinha era pra mim e isso acontece”, desabafa.
O dia do crime
De acordo com o histórico do boletim de ocorrência, a Força Tática da Polícia Militar foi acionada para atender um chamado no Circuito de Cowboy na LH 46, que fica a 8 km de Alta Floresta D’Oeste.
Ao chegar no local, a PM foi informada por testemunhas que um homem havia disparado com uma arma de fogo contra uma mulher, que os tiros também atingiram outras três pessoas e depois disso ele teria ido embora.
As testemunhas informaram as características do carro em que o suspeito estava. Com isso, a polícia localizou o homem. O motorista ignorou a ordem de parada da polícia, neste momento começou uma perseguição pela zona rural.
Ele só foi detido quando chegou na cidade. José, segundo o boletim de ocorrência, desceu do carro já falando que havia feito uma “cagada” com a vida dele.
O suspeito apresentou o Certificado de Registro Federal de Arma de Fogo e disse que a arma usada estava no banco do passageiro do carro. A arma de fogo, uma Taurus, 9mm foi apreendida. No estojo, haviam 12 munições intactas e cinco deflagradas.
Ao ser indagado, o suspeito disse que viu a ex-companheira dançando com um homem. Ele contou que pediu para dançar com ela, mas ela se recusou. Inconformado, ele pegou a arma, que estava na cintura, e disparou contra ela. Em seguida fugiu do local.
Após confessar aos policiais a autoria do crime, foi dada a voz de prisão e José foi encaminhado à delegacia.
A vítima foi identificada como Rayane Ferreira Nascimento, de 30 anos. Ela morreu no local da festa. Segundo as investigações, ela teve um relacionamento com o suspeito por 12 anos. Eles estavam separados há 60 dias.
As outras vítimas
Durante o tiroteio na festa, além da ex-companheira, o suspeito atingiu outras três pessoas:
- duas mulheres: uma com perfuração na perna esquerda e a outra com lesão no abdômen e
- um homem com perfuração no braço direito.
O delegado informou que o homem e a mulher alvejada na perna esquerda receberam alta hospitalar no início desta semana. Já a outra mulher, que teve o abdômen perfurado com a bala foi transferida para o Hospital de Cacoal.
“Temos que ouvir as vítimas da tentativa de homicídio que sobreviveram para que tenha sua versão do ocorrido. A informação que temos é que nenhuma delas corre risco de vida. Duas já foram atendidas no hospital daqui de Alta Floresta e uma foi levada ao Hospital de Cacoal por conta da gravidade do ferimento”, pontua.
Já foi instaurado inquérito policial. Conforme o delegado serão seguidas as diligências com a providência de laudos periciais, laudo tanatoscópico referente ao exame do cadáver da vítima, exame de corpo de delito das vítimas de tentativa de homicídio e ainda será preciso aguardar pelo laudo pericial feito no local do crime.
Por Jheniffer Núbia e Matheus Afonso, g1 RO e Rede Amazônica