- - Telefone: WhatsApp: (69) 9 8160-2636













Artigo: A riqueza em Vilhena

Por Ivanor Luiz Guarnieri

image Quem espera ver aqui receita de como enriquecer, ou de como melhorar a distribuição de bens e recursos para os vilhenenses, pare de ler aqui mesmo. Inexiste tal resposta mágica. Se imaginar que eu vá acusar quem quer que seja sobre a pobreza alheia, desista. Não busco culpados, busco as causas da pobreza, e sobre isso talvez se possa pensar algumas ideias.
Logicamente não me atrevo a dizer que as ideias são apenas minhas. Pelo contrário, entendo que sobre assuntos de tal monta precisamos nos apoiar em estudos feitos ao longo dos séculos.
Para saber a causa da pobreza se faz necessário começar por uma pergunta: qual a origem da riqueza entre os homens? Tal pergunta já foi formulada pelo filósofo e economista Adam Smith (1723-1790) em sua obra “Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações”. Em linhas gerais a resposta dada por esse filósofo escocês é “o trabalho”. Ou seja, não é a terra que faz a riqueza da nação, como afirmavam os economistas fisiocratas, mas o trabalho.

A ideia de que a riqueza tem como fonte o trabalho foi retomada por outro filósofo e economista político: Karl Marx (1818-1883). Em “O Capital” tomo I, Marx lança outra pergunta importante: o que determina o valor da mercadoria? Poderia se dizer que o valor da mercadoria é determinado por sua utilidade? Pela matéria prima? Talvez, mas Marx estava convencido de que o valor da mercadoria é determinado pelas horas de trabalho socialmente gastas para produzi-la. Nesse sentido o preço médio de um sapato é menor que o preço médio de um automóvel, pois no sapato a quantidade de trabalho para produzi-lo é menor. Um carro tem nele o trabalho de quem prospectou o petróleo, fez as borrachas, as tintas, de quem retirou o minério, transformou em chapas de aço, criou o boi, transformou o couro em bancos, e uma infinidade de outros trabalhos, até a montagem completa do veículo, seu transporte para colocar na vitrine da concessionária e a venda. Tudo isso somado dá uma quantidade de trabalho social que determina que o valor do automóvel seja maior que o valor do sapato.

A esta altura o leitor está se perguntando: o que tem isso a ver com a riqueza em Vilhena? O exemplo dos países mais ricos pode responder essa pergunta. São mais ricos os países que conseguem produzir mais em menos tempo. Ou, em outras palavras, com mais tecnologia. As pesquisas e estudos em ciência têm como objetivo descobrir como a natureza funciona. Uma vez descoberto isso é preciso saber como aplicar esse conhecimento na geração de produtos que satisfaçam as necessidades humanas. Não é sem razão que os Estados Unidos tendo as principais universidades do mundo sejam o país mais rico do mundo também, embora não seja o melhor país do mundo para se morar, por razões que direi mais adiante.

A esta altura a resposta sobre a riqueza de Vilhena já está dada: a riqueza de Vilhena é a riqueza de seu trabalho. Ela será mais ou menos rica à medida que se voltar para a produção com utilização de alta tecnologia. Isso implica preparo humano e por conta disso é que e diz que a educação não é despesa, mas investimento. Ou seja, investimento humano para que seja gerada riqueza em abundância. Os investimentos precários e vergonhosos em educação em nosso País e em nosso município, mostram as dificuldades a serem enfrentadas no setor.

Os governos que se sucedem parecem seguir o que afirma Adam Smith, de que “todo governo civil é na realidade instituído para defender o rico contra o pobre” (“A riqueza das nações”) e de que “leis e governo não parecem propor-se outros objetivos senão o de proteger o indivíduo que aumentou seus bens e o de dar-lhe segurança, a fim de que possa usufrui-los em paz (“Lectures on Justice”). Como os governos no sistema dito capitalista procedem assim, é necessário buscar as causas desse fenômeno, discutir ideias e não pessoas. As pessoas que hoje estão no governo serão sucedidas por outras pessoas, mas permanece o sistema político-econômico gerador de desigualdades e pobreza. É com relação ao modo como funciona o sistema político-econômico, discutindo ideias, que se poderá melhorar a economia em benefício de todos e, para tanto, novamente é indispensável pensar na formação humana oferecida às pessoas.

Um país pode ser rico, mas não ser tão bom quanto à riqueza que possuí. Prova disso o próprio Brasil, que é a 6ª economia do mundo, mas um dos piores em qualidade de vida. Os Estados Unidos são o mais rico do mundo, mas com muitos pobres, assistência à saúde precária para os menos favorecidos e com uma das maiores populações carcerárias do planeta. Crimes acontecem lá também, sem contar as mortes causadas por supostos maníacos que saem atirando de tempos em tempos em escolas e outros locais públicos.

Ivanor-ArtigosPor isso, não basta ser rico, é preciso ter um ótimo IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, como o tem a Noruega e Austrália, por exemplo. Ricos, mas não poderosos e com ótima qualidade de vida. Em que pese os Estados Unidos serem superpotência são o 3º em IDH e o Brasil apenas o 85º.

Se o trabalho é fonte de riqueza, a educação capacita para o trabalho, para a ciência, para a cultura a mais elevada.

Formação humana, preparo humano são caminhos para a formação de riqueza com distribuição mais justa.





Mais notícias





Veja também

Pular para a barra de ferramentas