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Artigo: ‘Da água e de aguados’

[dropcap]N[/dropcap]otícias amplamente divulgadas na última semana informam que regiões de grande densidade populacional, como na China, estão afundando. Além do peso causado pelo número elevado de construções, outra causa apontada para o fenômeno é a retirada de água do subsolo.

Cá em Rondônia, com o período da seca, ouvimos algumas pessoas de Vilhena se queixarem de que em determinado período do dia falta água em suas casas. Há muito tempo temos assistido campanhas em favor da preservação da água, que será, segundo alguns, relíquia no futuro.

O reaproveitamento da água é uma solução adotada em Paris. A cidade luz achou por bem reciclar água, com soluções inteligentes do seu já famoso esgoto. Digo famoso, pois as galerias subterrâneas de seu esgoto podem ser visitadas e, do subsolo, saber em que rua se está e diante de que casa, já que está tudo sinalizado.
Outra solução é a dessalinização da água dos oceanos (não tudo, é claro). Mas, parece que o processo é caro e, como tal, inviável do ponto de vista do Capitalismo.

Quando cheguei em Vilhena, nos idos de setembro de 2009, havia nela uma população de 76 mil habitantes e hoje 91 mil. É um crescimento é tanto. Para acomodar tanta gente, que vem mês a mês morar aqui, os empreendimentos imobiliários se multiplicam. Cada nova casa construída requer uma nova ligação de água. Em que medida os investimentos na área de saneamento acompanharão o crescimento de Vilhena, é uma coisa que em futuro muito próximo saberemos.

Por enquanto, o que observamos é uma pequena melhora na consciência dos usuários do sistema. Em 2009 era quase ridículo observar alguns com mangueiras fraquíssimas aspergindo água na rua, na ilusória tentativa de apagar o pó do asfalto (isso mesmo, asfalto). Alguns outros tentando empurrar folhas de árvore com um esguichinhozinho que mal conseguia sair da mangueira. Demorava muito mais do que se o serviço fosse feito com uma boa vassoura.

Outro dia, vi uma senhora limpando o meio fio da rua com o tal esguicho fraco da mangueira de limpeza. Ela jogava a água e as poucas folhas de árvore pareciam coladas no asfalto. Quando me aproximei quis puxar conversar e sugerir o uso da vassoura. Confesso que me deu medo. A dita senhora, quem sabe antevendo minha intenção, me olhou ao estilo “vai encarar ou vai correr? ” Corri, claro, pois nesses tempos de grande violência o perigo ronda e não sou bobo de comprar briga atoa. Não sou covarde, nem valente, tenho coragem sim, mas não para gastar por aí em qualquer ocasião.

Depois fiquei pensando naquelas pessoas que ficam sem água no final do dia. Achei que deveria ter falado com aquela senhora. Agora é tarde, e me desculpo, aqui, pela acomodação daquele momento.

Bem, já que não vivemos em Paris e os tempos são de seca, algumas coisas podem ser feitas. Lavar as calçadas da casa com a água que sobra da lavagem das roupas, mesmo aquela que tem sabão, não faz mal algum e tem a vantagem de manter a umidade do ar dentro do terreno. Outra água, ótima para regar as plantas, e grama é a do enxague das roupas. Exceto pelo amaciante, ela sai limpinha. De modos que são possiblidades de amenizar a secura do ar, em especial durante a noite. Além de manter a grama minimamente verde e as plantas felizes.

Em 2009, observei de imediato a pouca quantidade de árvores na cidade de Vilhena. Calçadas que se ligam umas às outras, mostrando que os donos das casas parecem não apreciar o verde. Alguém me disse que é devido ao período das chuvas, pois, com as árvores, há sobra e com a sombra há umidade que mofa. Não sei se faz muito sentido essa justificativa, principalmente quando saímos pelas ruas e o sol esturrica a cabeça ou aquece o carro. Quem sabe devêssemos nos empenhar em plantar árvores na frente de nossas casas com a mesma vontade com que procuramos a sombra de uma árvore para deixar o carro.

O que tem a ver árvores com água? Tudo, e por isso esses dois assuntos estão aqui. Todos sabem que sem árvores não há chuva. E se há chuva sem haver árvores, a água não penetra no solo como deveria, em razão da falta que as raízes fazem. Sabemos também que a terra respira, ou seja, quando chove sai ar da terra e entra água, e quando tem sol, a água sai da terra e entra o ar. Isso é sinal de vida. Se houver árvores, haverá sombra, e a água tende a se conservar mais na terra. Tudo isso pode trazer um efeito benéfico inigualável em termos de umidade relativa do ar. Do contrário, veremos pessoas com pequenas mangueiras tentando umedecer seus jardins, para em poucos minutos o sol evaporar tudo.

Ivanor-ArtigosTalvez o amado leitor discorde de tudo que eu disse. Que bom, ao menos pensou no assunto. E não é preciso que concordemos sobre essas coisas, das quais sou apenas um leigo que está a refletir, pois quando o problema aparece não há como não querer encontrar solução.

Então, fiquemos atentos ao mundo da água, ou ficaremos aguados (enjoados e chatos), pelo calor, secura do ar e falta de beleza que o verde das árvores traz. E, se Vilhena continuar crescendo e tirando água do subsolo, quem sabe também não estaremos afundando?




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