Por Ivanor Luiz Guarnieri
[dropcap]U[/dropcap]m jovem e um senhor a conversar. Como cada um viveu a infância em mundos diferentes, o jovem disse ao homem que este não o entenderia, pois quando aquele senhor era criança não havia computador, internet, celular e que, afinal de contas, os jovens são muito mais antenados e esclarecidos, pois hábeis em manusear a alta tecnologia que não havia acerca de 25 anos atrás. ‘De fato’, respondeu o homem, ‘no tempo que era jovem nós não tínhamos isso, pois simplesmente estávamos criando essas coisas’.
A internet que não tem muito mais que vinte anos, e parece ser nossa velha companheira, revolucionou gradativamente o modo de ver as coisas. Muito se tem discutido sobre ela, de seus perigos, de seus vícios. Os hackers atacam sistemas, roubam senhas e infernizam. Mas tem lá sua utilidade, embora pelo avesso do que deveria ser, pois obriga os bancos e corporações a criar sistemas de defesa cada vez mais aprimorados e obriga os usuários à devida atenção antes de abrir e-mails. A pedofilia é um mal horrendo, a internet a expos aos olhos do público e os pedófilos, que sempre existiram, acabaram se entregando e sendo presos, embora não na quantidade que todos gostariam que fossem.
Mudemos de tom, pois essas histórias de abusos embrulham o estômago, e pensemos nos benefícios que a internet trouxe. A começar por uma nova forma de ver o mundo e de raciocinar. A pessoa que salta de páginas em páginas procurando informações sobre um assunto, acabará forçosamente desenvolvendo o raciocínio associativo. A rapidez exigida pelo sistema obriga o cérebro a tentar acompanhar a velocidade do mundo virtual. Pessoas que jamais saberiam uma da outra se veem dialogando nas redes sociais ou trocando e-mails com informações. O envio de textos eletrônicos, para serem corrigidos a quilômetros de distância, por estudiosos que mal se conhecem fisicamente, mas sabem muito do que cada pessoa pensa é um ganho que a internet presenteia aos professores.
A dificuldade em encontrar livros e textos sobre assuntos difíceis está cada vez menor, graças à disponibilidade de revistas científicas on-line, que oferecem graciosamente artigos bem elaborados e atualizadíssimos. Os que escrevem também precisam se cuidar e fazer o melhor possível. As revistas impressas que antes ficavam restritas a meia dúzia de pessoas, corriam o risco de receber artigos copiados de autores, o famoso plágio. Com a rede os caras de pau, que copiam textos dos outros e dizem que são de sua autoria, tem sido cada vez mais desmascarados, embora alguns se mostrem também mais desavergonhados ao justificar o que não têm como sequer explicar.
A interação das crianças com a máquina e a utilização de alguns joguinhos disponíveis na internet têm estimulado o desenvolvimento de raciocínio e da percepção. Alguns jogos obrigam a atenção dos pequenos a respeito das relações de causa e efeito, além de incentivá-los a ler para entender as instruções, saber digitar os sites, entre outras coisas; a internet pode ser muito mais importante do que suspeitam alguns pedagogos.
É claro que, como quase tudo na vida, há coisas desagradáveis também na internet. Sites pornográficos que ensinam aberrações, discriminações e uma infinidade de bobagens sobre a vida alheia e sobre assuntos sem o menor sentido também pululam na rede. Mesmo assim é um instrumento espetacular para a democracia. Os internautas leem coisas que de outro modo sequer suspeitariam. Eleições podem ser decididas por jovens conectados com o mundo político em sites críticos que denunciam esquemas e propaganda enganosa.
Convém lembrar que as notícias do Rondônia em Pauta estão na rede. Preservemos a comunicação, cuidemos da internet. Quem sabe o Senador tenha razão e poderá se valer da internet para mostrar a suposta injustiça que fazem com ele.