Por Ivanor Luiz Guarnieri
[dropcap]P[/dropcap]oderia começar dizendo que o Capitalismo excludente classifica as pessoas em diferentes grupos, de conformidade com a quantidade de dinheiro e bens que cada um possui. Nessa sociedade a aceitação depende do quantum de capital que a pessoa possui. Mesmo a beleza tão valorizada em tempos de exposição na mídia pode ser medida pela conta bancária do sujeito: ter é ser belo e às vezes até quem belo é se não tem fica um meio desajeitado.
Poderia dizer também que até mesmo educação serve para classificar as pessoas. Como não há vaga para todos, critérios de ensino e avaliação foram organizados para justificar a exclusão de alguns dos cobiçados empregos, mesmo que por décimos de nota. O diploma serve na maioria dos casos apenas como quesito indispensável para ingressar nos concursos, mas não é garantia de trabalho nem de aprovação. Foi-se o tempo do trinômio estuda-trabalha-aposenta, estudar é uma exigência permanente e aposentar-se nem sempre é sinônimo de ócio.
O papo cabeça de nossos pais informando que antigamente sim é que se estudava, pois aprenderam as operações fundamentais da matemática, a tabuada e tinham uma letra bem bonita serve como advertência a frouxidão de alguns estudos de hoje, mas não se justificam em razão da complexidade da vida atual, e que tende a tornar-se ainda mais complicada com tanto aparelhamento tecnológico. Isso tudo vai exigir formas novas de educação e ensino.
Por enquanto o que temos são escolas organizadas em séries que compreendem, por exemplo, o ensino fundamental e médio, o ensino superior e a pós-graduação. Essa última, a pós-graduação, se divide em lato sensu (sentido amplo) e stricto sensu (sentido estrito). A pós-graduação stricto sensu compreende por sua vez o mestrado e o doutorado, que nos Estados Unidos é chamado de PhD.
Ensina a boa humildade cristã que aquele que sabe mais deve se colocar a serviço dos demais. Quanto mais se estuda mais se percebe quanto se desconhece e isso já seria suficiente para destruir qualquer altar em que alguém queira ser adorado devido à simples obtenção de um título, seja ele de graduado, mestre ou doutor. Louve-se, contudo, o trabalho dos que escrevem dissertações e teses com as quais obtém o título de mestre ou doutor, o esforço deve ser recompensado.
Como se consegue escrever uma dissertação ou uma tese? Como em tudo que é estudo, com dedicação e muita, muita leitura bem orientada por professores que já fizeram essa caminhada e podem apontar e corrigir o percurso da pesquisa. Na dissertação, grosso modo, se faz necessário realizar um balanço das questões que envolvem o tema e o problema de investigação. A tese deve ser original, no sentido de ir às origens do problema que o doutorando se propõe estudar. Não é, portanto provar algo que ninguém nunca em lugar nenhum jamais tenha pensado a respeito, embora seja necessário apresentar aspectos que são novidade sobre aquilo que se escreve na tese. Ao menos é o conceito que tenho com base em alguma experiência com essas coisas e farei uma afirmação agora que parece paradoxal: espero que este meu conceito seja desmentido a partir dos estudos que começaram anos atrás.
Começaram as disciplinas do doutoramento em Literatura e estudando nelas espero ter minhas concepções de hoje ao menos modificadas pelos acréscimos que certamente terei. O Programa de Pós-graduação em Literatura da Unesp de São José do Rio Preto está entre nós. Vilhena foi agraciada com um curso dessa magnitude graças ao empenho de professores como o Dr. Osvaldo Duarte e, claro, dos professores daquela instituição paulista. Se tudo correr bem daqui a aproximadamente quatro anos Rondônia ganhará vinte doutores. Isso valerá muito se for colocado, como acredito, a serviço de Rondônia, na forma de aulas, exposições teóricas, cursos e, enfim, em favor da melhor preparação possível para nossos jovens, que ingressam na Universidade em busca de boa formação acadêmica. E aí, independente do capitalismo excludente, que os melhores sejam premiados.
Melhores são sempre aqueles que, com humildade, se colocam a serviço do outro.