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Artigo: Osman e o Brasil de nossos dias

Dúvidas não existem. Ao menos para aqueles que assistem os telejornais, acessam as redes sociais e estão devidamente informados da situação reinante. Senão, vejamos.

Já está bastante esclarecido que na democracia vale a vontade dos que pagam o espetáculo das campanhas. Não é totalmente respeitada a vontade deles, mas quase. Sobra um tiquinho para atender a maioria dos votantes, os eleitores, que cobrarão por resultados daquilo que foi prometido.

Um alemão, tido como inteligente, disse em 1918, em Mônaco, que o político representa a constelação política da qual faz parte. Esse alemão, chamado Max Weber, em palavras mais simples, em palavras abrasileiradas digamos assim, se referia ao fato de os partidos políticos terem chefes políticos que os dirigem. Nos Estados Unidos esse chefe político, o “Boss”, é líder daquela constelação política na qual se agrupam os poderosos do partido.

O líder político, ou chefe político, tem a singular propriedade de atrair ao seu redor doadores de campanha. Eis a questão. Organiza e coordena a dinheirama necessária para que os seus candidatos possam fazer a melhor campanha e se elejam.

Uma vez eleito, o político apoiado pelo “Boss” e pelos demais de seu partido (ou constelação política), deverá cumprir um mandato em nome do povo, mas não necessariamente em favor do povo, embora isso seja aparentemente a razão de ser de sua vida política. O eleito deverá cuidar cuidadosamente (desculpe a redundância, mas quero dar ênfase a isso), em não trair os seus companheiros da dita constelação política.

Entre os amigos nenhum é mais importante do que aquele que abre a carteira e dá dinheiro, quase graciosamente, para ajudar em momentos tão difíceis como ocorre nas campanhas eleitorais. Quase graciosamente, pois, uma vez eleito, é de bom tom que os que ajudaram a empurrar a campanha sejam devidamente reconhecido e compensados. Não estou sugerindo aqui que empresários respeitáveis e invejados de nosso país tirem algum proveito da situação. Mas, ninguém duvida do interesse de capitalistas sérios e benfeitores. Eles desejam continuar contribuindo com o país e, para tanto, nada melhor do que ajudar diretamente alguns governantes. Para isso, convém que suas empresas/empreiteiras façam contratos com o governo, com empresas do governo e com tudo mais que for do governo e possa ajudar o país.

O espírito de bondade dessa gente não tem limites. Ajudar é sua vocação e eles aceitam o encargo de assim fazer mesmo correndo o risco da calúnia e da inveja.

Evidentemente que, entre empresários ricos, muito ricos, estão também os donos de empresas de comunicação. São eles que, de algum modo, controlam por meio da pauta do dia o que devemos ou não devemos saber. Repare, amado leitor, como as notícias dos telejornais, jornais e assemelhados, em rede nacional, são quase sempre as mesmas. Alguns casos, assistir a mais de um telejornal da noite dá a impressão de estar ouvindo pela segunda vez as mesmas palavras sobre as mesmas notícias. Dá a impressão de que frase se reptem em canais diferentes.

Num momento como o atual, de “joga pedra na Geni! Ela é feita pra apanhar! Ela é boa de cuspir!” como diz a letra de Chico Buarque, não vamos defender Dilma. É quase certo que ela tem culpa no cartório, para usar uma expressão bem popular. Ante a ira geral canalizada contra essa senhora, qualquer um que ouse dizer meia palavra em seu favor receberá os escarros das opiniões sábias de internautas cultos e atentos ao que informa a mídia.

O “Fora Dilma!” é um grito legítimo em tempos de democracia. Tanto quanto o “Fora FHC!” gritado por petistas em tempos esquecidos por estes. Mas só ela. Que tal buscar os fundamentos que levam a essa situação de terror político? Onde estão esses fundamentos?

Agora veio FHC dizer que Lula tem mais responsabilidade sobre o escândalo da Petrobrás do que Dilma (http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/fhc. Acesso em 22/03/2015) Ora, FHC tem ainda mais responsabilidade ainda, pois em 1997, em seu mandato

portanto, ele criou a lei que permitiu o roubo. Seria ele o “pai da criança”? Todos são culpados quando o roubo é coletivo e deveriam ser punidos em conformidade com sua participação no crime ou delito. O senhor FHC parece criança de escola. Quando fazem arte a professora chama os alunos para saber quem é responsável pela bagunça e cada aluno aponta o dedo para o outro. Afinal, os três últimos presidentes estão ou não estão envolvidos nos saques da Petrobrás. Se beneficiaram ou foram apenas lenientes?

Ivanor-ArtigosComo não conseguimos saber de fato a fundo as coisas, pois as informações são filtradas de algum modo pelos mesmos interesses que financiam campanhas políticas, ou seja, pelos interesses de lucro, não vou opinar nada. Vou seguir o que diz a personagem Abel de “Avalovara”, escrita por Osman Lins: “Há tempo em que aspiramos a ser um aferidor das coisas. […] Não quero mais julgar e pouco me importa ter todos os dados na mão. Sou um ninguém, um renegado, e basta” (p. 318. Editora Record). Ainda mais se esses dados que são doados pelos canais de informação apenas depois de passar pelo crivo do interesse que não é necessariamente o interesse da maioria.




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