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Caso Juninho Laçador: defesa de Ana Clara Marquezini tenta mudar Tribunal do Júri para outra cidade, mas Justiça nega

Em novembro de 2024, na véspera do Tribunal do Júri, a defesa apresentou um atestado médico e conseguiu que ela não participasse.

Ana Clara Messias Marquezini

A defesa de Ana Clara Messias Marquezini entrou com um pedido de desaforamento com suspensão liminar da sessão de julgamento, alegando que a ré enfrenta intensa animosidade e hostilidade pública na Comarca de Vilhena. Segundo o advogado, a pequena população da cidade contribui para a rápida disseminação de informações e rumores, ampliando o risco de pré-julgamento. A defesa argumenta que a repercussão do caso gerou uma mentalidade de culpabilidade antecipada, comprometendo a imparcialidade do Tribunal do Júri e violando a presunção de inocência da ré.

Segundo a justificativa da defesa de Ana Marquezini, desde o início das investigações, o caso ganhou ampla repercussão midiática, com debates que expuseram a ré de forma preconceituosa e contribuíram para sua condenação antecipada perante a opinião pública. Adicionalmente, mensagens ameaçadoras e a disseminação de fake news nas redes sociais, por meio de vídeos e postagens em plataformas como TikTok, incitaram ainda mais a rejeição pública contra a ré. A defesa anexou à petição documentos que demonstram essa influência na opinião pública local.

Outro ponto levantado foi a configuração física do plenário do tribunal, que determina a separação dos réus de suas defesas, sob justificativa de segurança e espaço. Segundo a defesa, essa disposição pode reforçar simbolicamente uma imagem de culpabilidade perante os jurados, agravada pela possibilidade do uso de algemas, o que prejudicaria a imagem da ré diante do Conselho de Sentença do Tribunal do Júri.

Juninho Laçador foi morto na saída do Haras Marquezini

Pedido negado

Diante desse cenário, a defesa argumentou que o desaforamento para outra comarca da mesma região é essencial para garantir um julgamento imparcial. No entanto, a Procuradoria de Justiça manifestou-se contra o pedido, e a 2ª Câmara Criminal, em sessão ordinária realizada eletronicamente entre os dias 3 e 7 de fevereiro de 2025, decidiu, por unanimidade, julgar improcedente o pedido de desaforamento.

A defesa de Ana Clara Marquezini já havia adotado diversas medidas para evitar o julgamento em Vilhena. Em novembro de 2024, foram impetrados vários habeas corpus, todos negados. A defesa também ingressou com correição parcial e, na véspera do Tribunal do Júri, apresentou um atestado médico alegando impossibilidade de comparecimento da ré. Com isso, apenas os outros dois réus compareceram ao julgamento. A nova data para o Tribunal do Júri ainda será definida pela Justiça.

No julgamento realizado em 29 de novembro de 2024, os réus Fellype Gabriel Campos da Silva e Kaio Cabral da Silva Pinho foram condenados pelo homicídio de Carlos Pedro Garcia dos Santos Júnior, conhecido como “Juninho Laçador”, e pela tentativa de homicídio de Carlos Mendes. As penas somadas chegam a 48 anos de prisão. Kaio, que executou o crime, foi condenado a 25 anos de prisão, sendo absolvido da acusação de ocultar a arma do crime. Já Fellype, considerado um dos mentores do homicídio, recebeu pena de 23 anos de prisão, sendo absolvido da tentativa de homicídio contra Carlos Marino.

O crime e as investigações

De acordo com a Polícia Civil, Ana Clara, então com 18 anos, teria planejado e incentivado o crime, que ocorreu em 29 de dezembro de 2022. Após terminar um longo relacionamento com Juninho e ver o ex-namorado iniciar um novo relacionamento, Ana teria ficado inconformada e, movida por rejeição, instigado Fellype, com quem namorava à época, e Kaio a executarem o plano.

Kaio Cabral da Silva Pinho confessou o crime

No dia do crime, Kaio emboscou as vítimas em uma mata próxima ao haras onde Juninho trabalhava. Foram realizadas barreiras para forçar a parada do carro das vítimas. Kaio disparou onze vezes contra Juninho, que morreu no local, e baleou Carlos Mendes, que sofreu graves ferimentos e passou por uma cirurgia de alto risco.

Fellype Gabriel Campos da Silva

Detalhes do planejamento

No dia do homicídio, Ana Clara teria buscado uma camiseta para Kaio cobrir as tatuagens e transportado os cúmplices em sua caminhonete, aguardando a execução do plano. Após o crime, a arma utilizada foi descartada em uma lagoa próxima, mas não foi encontrada pela perícia.

A investigação coletou evidências cruciais, como pegadas no local e o tênis usado por Fellype, encontrado em seu quarto, que ligaram os réus à cena do crime.

Vítima secundária: “No lugar errado, na hora errada”

Carlos Marino ficou ferido na emboscada

Carlos Mendes, amigo de Juninho e também funcionário do haras, foi atingido por tiros que comprometeram o pulmão, intestino, bexiga e uma artéria da perna. Ele estava no local há apenas quatro dias, realizando seu sonho de trabalhar com cavalos e participar de competições de laço.

O caso continua a chamar atenção por sua brutalidade e os complexos sentimentos de rejeição e vingança que o motivaram.

Por Rondônia em Pauta





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