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Ciência e Política; artigo do professor Ivanor Luiz Guarnieri

De como a história da Inglaterra pode nos ser útil para pensar nosso progresso hojeciencia-tecnologia[dropcap]O[/dropcap]s governos europeus no início da modernidade, isso lá pelos idos do século XVII, começaram a apoiar a criação e desenvolvimento de Academias de Ciências e Artes. Estas contavam com recursos para contratar estudiosos, organizar concursos de monografias e, claro, desenvolver o conhecimento que é sua razão de ser.

Corria o ano de 1660 quando um pequeno grupo de 12 estudiosos iniciou aquela que se tornaria uma das principais, senão a principal, entre as grandes Academias. A Royal Society, tornou-se uma máquina de produzir conhecimento. Por ela passou o extraordinário Isaac Newton, admirado e imitado em seu tempo. Newton é reconhecido hoje no alto degrau da fama em razão de suas teorias, nascidas de seu gênio, mas principalmente do esforço próprio e do apoio indispensável à pesquisa. Charles Darwin, outro grande nome da ciência, teve sua viagem de pesquisa patrocinada pela Royal Society. Sem isso não teríamos o avanço na Biologia que temos, apesar do nariz retorcido de alguns de seu tempo e de hoje, que mais o criticam do que o conhecem, ou injustamente o criticam por não conhecerem sua obra.

Controvérsias a parte, e elas são inevitáveis quando se trata do conhecimento novo que se choca com os velhos preconceitos, a Royal Society conta hoje com 1.400 integrantes, 3.000 cientistas no mundo todo apoiados por ela. Tem 7 revistas científicas de renome e seus pesquisadores já conquistaram 74 prêmios Nobel. O Brasil, esse gigante, gigante… Bom, gigante em algumas outras coisas, não conquistou prêmio algum da Academia de Estocolmo (olha outra academia aí), logo não tem nenhum Nobel.

Por que iríamos querer tais prêmios? Tais pesquisas? Isso talvez nem interesse, já que temos um país maravilhoso, rico por natureza como diz aquela canção ufanista. Há até quem diga que ficou rico sem estudar, como se ficar rico fosse o fim último da vida e, pior ainda, como se ser rico e educado fossem duas coisas apostas e impossíveis de conciliar.

Quem estuda sabe que a Inglaterra tornou-se o país mais rico do mundo graças a Revolução Industrial. Sabe também que, entre outras coisas, a Revolução Industrial só foi possível em razão das pesquisas científicas daquela nação e que tornaram os ingleses capazes de construir suas máquinas, seu desenvolvimento e progresso.

Hoje o país mais rico do mundo, os Estados Unidos, claro, é também o que mais investe em C & T – ciência e tecnologia. Os outros países desenvolvidos e com ótimo IDH – Índice de Desenvolvimento Humano estão muito além de nós em termos de pesquisa e cuidados com a educação. Ah, claro, é que eles são ricos! Sim, mas nem sempre foram ricos. O Brasil está há anos entre os 8 países mais ricos, do ponto de vista da produção de bens. Mas está entre o 70 piores em qualidade de vida para o povo.

Em tempos de eleição, cujo filme mostra candidatos de vários naipes a serem escolhidos pelo distinto público, pensar a criação de uma Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Rondônia é, não só uma necessidade, como uma aposta no futuro. Logicamente que essa fundação não deve ser usada como lugar de acomodação política, dando carguinhos para este ou aquele correligionário. Muito menos para ver seus recursos caírem no cano de esgoto das vaidades acadêmicas. Mas como ninguém pensa no filho que quer ver nascer imaginando que irá se tornar um picareta, malandro ou bandido, convém já formatar a futura Fundação como uma instituição respeitável.

Ivanor-ArtigosPara isso conviria que ela fosse ocupada por quem entendem de ciência e pesquisa. Que apoie eventos e pesquisadores que produzem voltados para o progresso do conhecimento, não para o mundo do faz de conta da vaidade. Que os pesquisadores façam pesquisa, não que tenham seu tempo tomado fazendo trabalhos alheios a sua função. Deles se espera muito, pois então sejam cobrados, mas lhes sejam oferecidas condições de trabalho.

Produzir ciência é algo caro, precisa de recursos. Não é com voluntarismos ou algo semelhante a “Amigos da Escola”, uma espécie de “Amigos da Pesquisa” que nosso estado irá avançar em ciência e, consequentemente, em desenvolvimento humano.

Alguém pode ficar rico sem trabalhar. Terá bens e dinheiro. Um estado poderá ter momentaneamente riqueza, mas sem educação e sem ciência seu povo será pobre e com baixa qualidade de vida, como ocorre com o Brasil. E Rondônia o que pensa disso?





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