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Condenações de acusados por chacina da Fazenda Vilhena chegam a mais de 600 anos de prisão

Criminosos fizeram um “limpa” com táticas de guerrilha após perder batalha jurídica para tomar fazenda
O Tribunal do Júri dos acusados teve início na manhã da segunda-feira (13) e finalizou na manhã da terça (14). A juíza Liliane Pegoraro Bilharva negou aos acusados o direito de recorrer em liberdade. Os foragidos Suesi Marcelino Rocha, vulgo “Papagaio”, de 36 anos, e Wemerson Marcos da Silva, vulgo “Preto”, de 40 anos, seguem com mandados de prisão em aberto.

O julgamento decidiu pela condenação dos acusados que somadas, ultrapassam os 600 anos de prisão. O reincidente Adelson de Oliveira recebeu a maior pena, foram mais de 108 anos de prisão em regime fechado.

Veja quantos anos de prisão de cada acusado:

  • Adelson de Oliveira, vulgo “Erê”, de 37 anos: 108 anos e 9 meses de reclusão, e 16 dias multa
  • Jefferson Pereira Ramos, vulgo “Jairão”, de 28 anos: 105 anos, 1 mês e 15 dias de reclusão, e dez dias multa
  • Marcelo Costa Vergilato, vulgo “Xiru”, de 37 anos: 105 anos, 1 mês e 15 dias de reclusão, e dez dias multa
  • Wemerson Marcos da Silva, vulgo “Preto”, de 40 anos: 105 anos, 1 mês e 15 dias de reclusão, e dez dias multa
  • Eleandro Rodrigues da Silva – 95 anos, 1 mês e 15 dias de reclusão, e dez dias multa
  • Suesi Marcelino Rocha, vulgo “Papagaio”, de 36 anos: 95 anos, 1 mês e 15 dias de reclusão, e dez dias multa
Wemerson Marcos da Silva, vulgo “Preto”, de 40 anos, e Suesi Marcelino Rocha, vulgo “Papagaio”, de 36 anos

Segundo a denúncia do Ministério Público, a vítima Heladio, conhecido como “Nego Zen” era proprietário da “Fazenda Vilhena”, área que já há algum tempo era alvo de conflitos agrários e de diversas invasões. O crime, que aconteceu na noite do dia 13 de novembro de 2021, teria sido motivado por vingança, devido a outros de conflitos já protagonizados, e para proporcionar novas invasões da área.

Investigações

As investigações da Polícia Civil concluíram que dentro da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) há um grupo de criminosos infiltrados que têm suporte jurídico e são treinados em táticas de guerrilha e sobrevivência na mata.

O grupo criminoso tentou por vias jurídicas tirar a terra das mãos de Heladio Cândido Senn, o “Nego Zen”, cujas terras se estendem desde Vilhena até Pimenta Bueno. Ao ser derrotado pela via jurídica, o grupo decidiu fazer um “limpa”.

Fazenda onde cinco pessoas foram mortas em Vilhena, RO — Foto: Maelly Nunes/Rede Amazônica

Para ter acesso à Fazenda Vilhena há dois caminhos e havia um vigia. No dia da chacina, os guerrilheiros ficaram de tocaia no meio da mata e ficaram camuflados pelo barulho do motor gerador.

Por volta das 19h, o Nego Zen estava em seu quarto, que é revestido de metal, em companhia de seus dois netos, de 7 e 9 anos. Eles assistiam ao episódio final de uma série.

Nego Zen escutou barulho e abriu a porta do quarto, sendo atingido por uma espingarda calibre 12 entre o umbigo e o tórax, na frente dos netos. O estrago feito pela arma fez acreditar, num primeiro instante, que o coração dele tinha sido arrancado. O quarto ficou crivado das balas nas paredes de metal.

No refeitório, a esposa Sônia Maria Biavatti e três funcionários, entre eles um cozinheiro que havia sido contratado há poucos dias, foram executados de joelhos e com as mãos na cabeça. Os tiros foram feitos de cima para baixo.

O disparo que atingiu Sônia, foi da arma calibre 12, que entrou por atrás da cabeça e saiu pela face. Ela também foi atingida na escápula por uma pistola .380.

De forma planejada, um dos criminosos coletava cartuchos e quaisquer vestígio que pudesse incriminá-los. Em um balde cheio de água, foram jogados os celulares das vítimas, após serem quebrados.

Os quatro reféns, os netos, a cozinheira e mais um funcionário estiveram em cárcere privado das 19h até as 5h. Num primeiro instante, jornais locais ventilaram a suposição de que eles estariam envolvidos na chacina, mas as investigações mostraram que não.

Manelin

Após 36 dias, no dia 17 de novembro, a perícia da Polícia Civil foi acionada para comparecer até a Fazenda Pura Soja em Pimenta Bueno, em que apesar de não ser a região que a perícia abrange, acabaram se deslocando com apoio da Polícia Militar.

No local Emanoel Flauzina França, de 32 anos, mais conhecido como ” Manelin” foi assassinado pelo próprio sogro em uma briga. O sogro confessou o crime à polícia do Guaporé em Chupinguaia.

As armas usadas para o crime foram uma espingarda calibre 12 e uma pistola .380, as mesmas usadas na chacina da Fazenda Vilhena, o que levantou suspeitas.

Após varredura da Polícia Militar no barraco e no entorno, a PM encontrou tubos de PVC de 20cm com três espingardas calibre 32 desmontada, duas calibre 12 e uma carabina de pressão. Estas duas últimas haviam sido subtraídas da Fazenda Vilhena. Também haviam três balaclavas, binóculos e munições.

Os policiais seguiram indagando e os moradores apontaram outro buraco contendo revolver, colete, coturno e mochila que foram reconhecidos pelo filho do Nego Zen.

A balística confirmou que a arma calibre 12 e a pistola de “Manelin” foram usados na chacina da Fazenda Vilhena.

Organização criminosa

As investigações concluíram que pela violência e execução não houve apenas homicídio, mas o planejamento da execução do Nego Zen, que a organização chama de “Limpeza da área” que já havia sido planejada há 30 dias por integrantes infiltrados dentro da Liga dos Camponeses Pobres – LCP. Inclusive as terras já haviam sido divididas.

Eles aniquilam e executam todas as pessoas que ofereçam resistência, invadem e distribuem os lotes, para passar em nome de laranjas, vender e lucrar. O Nego Zen ofereceu resistência judicial, a justiça tinha dado ganho de causa a seu favor, por isso foi assassinado. O furto da caminhonete e dos outros objetos não faziam parte do plano.

Desta forma, os criminosos seguiam para outra terras, em um ciclo sem fim.

Da redação do Rondônia em Pauta





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