O escritor e professor brasileiro Osvaldo Copertino Duarte, recentemente premiado em Portugal, lança seu mais novo livro de poesia, “À Sombra do Escondido”, pela Âncora Editora de Lisboa. O evento de lançamento ocorrerá no próximo dia 5 de julho, às 19h, na Livraria Dom Quixote, localizada na Capitão Castro 4589.
Em 17 de maio de 2023, o Município de São João da Madeira atribuiu o Prémio Literário João da Silva Correia a Duarte, reconhecendo sua “coragem verbal e imagética” na poesia que desenvolve na Amazônia. A premiação homenageia o autor sanjoanense do romance “Unhas Negras” e é concedida aos escritores lusófonos. Naquela edição, 79 escritores de Portugal, França e Brasil concorreram pelo direito de ter sua obra publicada pela Âncora Editora, com um investimento de até 3.000 euros suportado pela autarquia de Aveiro.
O júri, composto pelo ex-ministro da Cultura Luís Castro Mendes, o poeta José Fanha e o editor António Baptista Lopes, selecionou “À Sombra do Escondido” pela sua “coragem verbal e imagética, e pela rica densidade do seu mundo poético”. Castro Mendes destaca que o livro é “um exercício de contemplação do abismo”, mas que termina com uma mensagem de esperança.
Natural de Lutécia, Osvaldo Copertino Duarte nasceu em 1960 e possui vasta formação acadêmica: é licenciado em Letras, mestre em Teoria da Literatura e Literatura Comparada, e doutorado em Teoria da Literatura. Atualmente, ele leciona na Universidade Federal de Rondônia e dedica-se ao estudo das migrações, especialmente na região amazônica.
Duarte expressou em entrevista à Lusa que vencer o prêmio foi um resultado de “sorte” e destacou a felicidade pelo reconhecimento público de seu trabalho de anos. Ele vê a escrita como um “exercício prazeroso e solitário”, que agora ganha visibilidade e debate público.
A obra de Duarte é fortemente influenciada pela Amazônia, contrastando com suas experiências em São Paulo. Ele descreve a vida na Amazônia como um ato de resistência, buscando ser um “construtor” e “irmão dos indígenas, das árvores e dos bichos”. Essa visão se reflete em sua preocupação com a preservação da maior floresta tropical do mundo e a sobrevivência de seus habitantes humanos e não humanos.
Para Duarte, a poesia é central na vida de todas as pessoas, trabalhando de forma subliminar, silenciosa e vívida. Ele acredita que todos necessitam de ficção e fantasia, conforme escreveu o crítico literário António Cândido, e que a poesia está presente em todas as fases e esferas da vida pública e cultural.
No livro “À Sombra do Escondido”, Duarte optou por separar sílabas no final dos versos e riscar palavras como se as corrigisse, ilustrando sua visão da língua como algo dinâmico e em constante transformação. Ele afirma ser avesso a certos tipos de controle e crê que o texto dita suas próprias regras.
O lançamento do livro promete ser um evento marcante, celebrando a força da poesia e a rica trajetória de Osvaldo Copertino Duarte.
Por RO em Pauta