Vítima era mantida em cárcere privado dentro de uma igreja. Réu e vítima tinham um matrimônio que foi arranjado pela pastora.
O Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO) negou recurso a um ex-procurador do Ministério Público Federal e uma pastora condenados por violência doméstica e cárcere privado. Segundo o TJ, os dois castigavam a esposa do réu para que ela se tornasse “uma esposa obediente”.
De acordo com informações apresentadas em juízo, o casamento do réu e da vítima aconteceu em 2014 e foi arranjado pela tia dela, que também era pastora de uma congregação cristã.
A jovem, que na época tinha 19 anos, precisou abandonar a faculdade de odontologia para se casar. Já no início do casamento as agressões começaram. Com consentimento do ex-procurador, a líder religiosa dava tapas no rosto da vítima, surras de cinto e cipó e ainda deixava ela sem comer ou ter onde dormir.
Tudo acontecia dentro de uma igreja, que era onde eles congregavam e que também era a casa onde moravam. No local, a vítima era mantida em cárcere privado. Ela foi socorrida por uma pessoa desconhecida quando conseguiu fugir e passou a noite na rua.
Conforme informações da Justiça de Rondônia, o réu perdeu o cargo na época dos fatos, em âmbito administrativo, por decisão dos membros do Conselho Nacional do Ministério Público Federal (CNMP).
Durante o julgamento recente, os desembargadores negaram o pedido de apelação em unanimidade. Nos votos, apontam que “a religião foi usada como forma de violência de gênero e de subjugação”.
O caso segue em segredo de Justiça e, por isso, o nome dos envolvidos não foi revelado.
Por g1 RO