Com as absolvições as penas foram diminuídas
A sessão do Tribunal do Júri no Fórum de Vilhena, que se estendeu durante toda a sexta-feira, 29, iniciou às 8h30 e finalizou nos primeiros minutos da madrugada do sábado.
Fellype Gabriel Campos da Silva e Kaio Cabral da Silva Pinho, acusados pelo homicídio de Carlos Pedro Garcia dos Santos Júnior, conhecido como “Juninho Laçador”, e pela tentativa de homicídio de Carlos Mendes estiveram na frente dos jurados.
A bancada da acusação foi composta por dois promotores e dois assistentes de acusação, enquanto do lado da defesa estavam dois advogados.
A família de Juninho Laçador foi colocada na frente do Tribunal do Júri antes de realizar a votação.
Confira as acusações:
Kaio Cabral
1- Homicídio de Júnior Lacerda (Carlos Pedro Garcia dos Santos Júnior)
I – Emboscada
II – Motivo torpe
2- Tentativa de homicídio de Carlos Marino Ramos
3- Ocultação da arma (ABSOLVIDO pelo júri)
Fellype Gabriel
1- Homicídio de Júnior Lacerda (Carlos Pedro Garcia dos Santos Júnior)
I – Emboscada
II – Motivo torpe
2- Tentativa de homicídio de Carlos Marino Ramos (ABSOLVIDO pelo júri)
3- Ocultação da arma
Os jurados decidiram absolver Kaio Cabral da acusação de Ocultação de Arma de fogo, que é um crime de receptação, previsto no artigo 180 do Código Penal, que tem como pena reclusão de 1 a 4 anos e multa.
Fellype Gabriel foi absolvido do crime de Tentativa de Homicídio de Carlos Marino Ramos. A pena para Tentativa de Homicídio no Brasil varia entre 6 e 20 anos de reclusão.
Devido à absolvição as penas foram diminuídas e somadas chegaram a 48 anos de prisão.
Kaio Cabral, que executou o crime, foi condenado a 25 anos de prisão. Fellype Gabriel Campos da Silva pegou a pena de 23 anos de prisão.
O Tribunal do Júri de Ana Clara Messias Marquezini, outra acusada no caso, foi adiado. O advogado dela apresentou atestado médico e não pôde estar presente. Em justificativa, ele disse que estava impossibilitado de exercer suas atividades durante 15 dias, a contar do dia 28/11/2024, justamente na véspera do julgamento.
Ana Marquezini é acusada dos seguintes crimes:
1- Homicídio de Júnior Lacerda (Carlos Pedro Garcia dos Santos Júnior)
I – Emboscada
II – Motivo torpe
2- Tentativa de homicídio de Carlos Marino Ramos
3- Furto qualificado de arma
A nova data para o júri de Ana Marquezini ainda será definida. Tendo em vista que a pauta dos júris de 2024 findou, a justiça deve aguardar a reabertura da pauta de sessões de julgamento perante o Tribunal do Júri em 3 de fevereiro de 2025.
O crime
Segundo a Polícia Civil as investigações concluíram que Ana Clara Messias Marquezini, que na época tinha 18 anos, planejou e instigou o homicídio de Carlos Pedro Garcia dos Santos Júnior, conhecido como “Juninho Laçador”, que resultou também na tentativa de homicídio de Carlos Mendes.
Ana e Juninho teriam terminado o longo namoro e após quatro meses, Juninho iniciou um novo relacionamento com uma jovem de Chupinguaia e era visto feliz, segundo relatos de testemunhas. Ana estava namorando Fellype Gabriel Campos da Silva, que na época tinha 20 anos.
Porém, em meados de novembro de 2022, Ana tentou reatar o namoro com Juninho, ao ser rejeitada ela não aceitou o ‘não’ e foi motivada por um sentimento de repulsa, produto da rejeição. Foi quando começaram a aparecer os indícios de que o crime poderia acontecer.
Aos poucos ela foi instigando e desafiando Fellype e Kaio Cabral da Silva Pinho, que na época tinha 18 anos, para cometer o crime. Ela conseguiu o feito no dia do crime, 29 de dezembro de 2022.
Nesse dia, mais cedo, os três chegaram a entrar no haras e Kaio recebeu uma camiseta manga longa que Ana buscou na casa do avô para encobrir as tatuagens.
Fellype ajudou Ana porque ele não queria que ela manchasse as mão de sangue e Kaio teve a coragem dele colocada em cheque por Ana e puxou o gatilho por amizade com Fellype.
Kaio ficou amoitado em uma mata no meio das duas possíveis saídas, que foram fechadas para forçar a parada deles. Após matar Juninho, ele correu e se encontrou com Fellype. Ambos correram muito até chegar no local onde Ana os esperava na caminhonete. Após saber do homicídio, ela percebeu que o que tinha feito não era um conto de fadas.
A arma do crime foi jogada numa lagoa próximo ao pesqueiro do Roque. O Corpo de Bombeiros e a perícia mergulharam no lamaçal e fizeram uso de detector de metais, mas não encontraram a arma que havia sido furtada no dia 18 de novembro desse ano.
A perícia trabalhou toda a noite e no dia seguinte sem descansar, coletaram pegadas dos pneus da caminhonete e dos tênis que ajudaram a desvendar o crime. Havia muitas pegadas no mato, mas uma era da caminhonete usada e outra era dos tênis usados por Fellype, e que foi encontrado dentro do seu quarto.
Carlos Marino foi atingido com vários tiros e precisou passar por cirurgia de alto risco. Os tiros afetaram o pulmão, o intestino e a bexiga de Carlos. Um deles também atingiu uma artéria na sua perna, causando muito sangramento.
“No lugar errado, na hora errada”
Carlos estava trabalhando no haras há apenas quatro dias, juntamente com Juninho, quando o crime aconteceu. Ele amava cuidar dos cavalos e participar de provas de laço.
Carlos e Juninho eram amigos, companheiros. Ambos laçavam juntos, faziam treinos juntos e faziam provas juntos.
As duas vítimas estavam dentro do carro, em frente ao haras, quando foram atacadas a tiros. Onze disparos atingiram Juninho, que morreu no local. Carlos foi baleado pelo menos quatro vezes.
Por Rondônia em Pauta